A pesquisa Avaliação auditiva comportamental, eletroacústica e eletrofisiológica de crianças e adolescentes com fibrose cística, de Paula Maria Faria Martins, a aluna do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, ganhou o Prêmio de Execelência em Audiologia.
A apresentação da pesquisa e a entrega do prêmio foram durante o 35º Encontro Internacional de Audiologia, realizado entre os dias 23 e 25 de novembro de 2020, em São Paulo. A orientação foi da professora Maria Francisca Colella dos Santos, do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação e do professor Gabriel Hessel, do Departamento de Pediatria, ambos da FCM. O estudo contou ainda com a participação de Antônio Fernando Ribeiro, Fernando Augusto de Lima Marson, pesquisadores do Laboratório de Fibrose Cística do Centro de Investigação em Pediatria (Cepid) da FCM.
De acordo com o estudo, a fibrose cística é uma doença autossômica recessiva que afeta as glândulas exócrinas. Essas glândulas, ao produzirem secreções viscosas, ocasionam manifestações, principalmente respiratórias e digestivas. Um dos efeitos estudados relacionado ao tratamento da doença é o uso de antibióticos aminoglicosídeos e sua ação nas células do órgão da audição, a cóclea.
“Sabe-se que os aminoglicosídeos causam risco para desenvolvimento de perda auditiva neurossensorial. A presença de estimulação sonora adequada é essencial para que haja a maturação das habilidades auditivas”, comenta Paula Martins.
Para isso, é fundamental que o sistema auditivo periférico esteja íntegro, principalmente na infância. Se existe uma redução na estimulação sonora ambiental, pode haver a modificação nos padrões de organização das habilidades auditivas e na aprendizagem, contribuindo para dificuldades de linguagem e alterações no Processamento Auditivo Central.
Os objetivos do trabalho conduzido dentro do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da FCM foram analisar a audição periférica e central de crianças e adolescentes com fibrose cística e comparar os resultados da avaliação periférica da audição obtidos nas crianças e adolescentes que foram expostos a antibióticos aminoglicosídeos por via intravenosa com as que não foram expostas à esses medicamentos por essa via de administração.
Para isso, foram avaliados 117 pacientes de 7 a 21 anos, sendo 57 com fibrose cística e 60 do grupo controle, por meio de audiometria tonal liminar, audiometria de altas frequências, emissões otoacústicas transientes e por produto de distorção, avaliação comportamental do processamento auditivo central, potencial evocado auditivo de tronco encefálico e potencial evocado auditivo de longa latência.
De acordo com a pesquisa, as crianças e adolescentes com fibrose cística apresentaram limiares auditivos mais elevados em relação ao grupo controle nas frequências de 250, 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000, 8.000, 9.000, 10.000, 11.200, 12.500, 14.000 e 16.000Hz, além de amplitudes reduzidas de emissões otoacústicas transientes e produto de distorção.
Matéria completa e original publicada no site da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).