O livro “Educação e inclusão - entendimento, proposições e práticas”, organizado pela professora da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp Maria Teresa Egler Mantoan e pela doutora em Educação pela Unicamp, Rosângela Machado, foi lançado no dia 28 de janeiro. A edição faz parte da coleção “Saberes em Prática”, da Editora da Universidade Regional de Blumenau (Edifurb) e foi doada inteiramente para as Associações de Síndrome de Down. No livro, dividido em 10 capítulos, são encontrados textos de profissionais de diversas áreas do conhecimento que compartilham reflexões, propostas e práticas em torno da educação inclusiva. O lançamento, realizado em formato virtual, contou com a participação dos autores e com o presidente da Federação das Associações de Síndrome de Down, Antônio Carlos Sestaro.
Na obra, são discutidos temas como o sentido da diferença; capacitismo; neuropsicologia; direitos das pessoas com deficiência e tecnologia assistiva. “Reunimos na obra o posicionamento, as práticas e o entendimento que foram sendo construídos nessa trajetória inclusiva em diferentes espaços e de diferentes maneiras. São pessoas que todos esses anos têm lutado para que as escolas sejam de todos, em favor de uma escola que não exclua sob qualquer pretexto”, observa Maria Teresa Egler Mantoan, que coordena o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped) da FE.
Para a professora, a prática de uma educação inclusiva avançou significativamente após a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, a qual ela ajudou a construir. “Hoje há 90% dos alunos com deficiência na escola regular, e isso é uma vitória. E o fato deles serem tantos desnorteou as escolas, mas isso é bom porque sem desnortear elas seguiriam fazendo o mesmo”.
Ainda há desafios relativos ao ambiente escolar, diz Maria Teresa, que precisa alargar o horizonte inclusivo e romper um histórico de segregação. “A escola brasileira segrega tanto quanto a sociedade brasileira. Segrega quem está fora de um padrão instituído, segrega por gênero, por cor, por desempenho escolar, por cultura, por todo e qualquer motivo que exige da escola a menor transformação”, avalia.
Medidas como o Decreto 10.502, de 2020, momentaneamente suspenso por decisão judicial, também apontam que há um horizonte de enfrentamento para frear retrocessos e avançar na implementação da educação inclusiva. O Decreto, entre outros pontos, incentiva a separação de salas nos ambientes escolares para crianças com deficiência e desobriga as que as escolas matriculem de estudantes com deficiência, indo contra a própria Constituição Federal, conforme explica Maria Teresa, que institui o princípio a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
O livro, diz a professora, é um importante instrumento na luta para um melhor entendimento e por proposições cada vez mais avançadas para a escola brasileira, além de práticas que deem conta dessas mudanças. “Precisamos produzir muito para tornar claro o sentido da inclusão, que é uma mudança da escola e não uma mudança do aluno para fazer parte da escola”.
Adquira o seu
O livro pode ser adquirido em diversas cidades e sites de associações vinculadas à Federação das Associações de Síndrome de Down. As entidades, em diversas regiões, também estão planejando o envio da obra para secretarias de educação. Confira a lista com endereços aqui.
Em breve será lançado também em formato acessível.