Celebrado em 2019, o acordo de cooperação entre Unicamp e Receita Federal do Brasil (RFB) vem ganhando ainda mais força e rendendo benefícios para as instituições e para a sociedade. Em uma última destinação de mercadorias da RFB para a Unicamp, foram entregues equipamentos, entre eles um veículo e um drone, e insumos hospitalares. As destinações ajudam tanto no ensino como na pesquisa e no atendimento a pacientes. Em contrapartida, a Unicamp vem auxiliando de forma constante na identificação técnica de mercadorias e oferecendo capacitações a servidores da Receita.
O último lote de doações realizado à Unicamp ocorreu no dia 18 de fevereiro. Mas a parceria vai além, e a Unicamp, desde o acordo, realiza formações em cursos de extensão e oferece seu conhecimento técnico na identificação de mercadorias. Além disso, realizou uma ação de testagem de Covid-19 em funcionários do Aeroporto de Viracopos no ano de 2020. Na Alfândega da RFB do aeroporto, atualmente, o curso de Midialogia da Unicamp, através da extensão, também vem contribuindo no fortalecimento da comunicação do órgão.
Para o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, essa é uma parceria que tende a ser afinada cada vez mais, e através da qual todas as partes ganham. “É fundamental para a universidade e para outras instituições que a gente se fortaleça mutuamente e que trabalhemos juntos naquilo que cada um pode oferecer. A Unicamp ofereceu ajuda em diversas áreas, como em cursos de extensão, e eles têm a possibilidade de destinar à universidade pública objetos apreendidos, o que para nós tem sido absolutamente essencial”, avalia.
O delegado da Alfândega da Receita Federal no Aeroporto de Viracopos, Fabiano Coelho, da mesma forma, frisa que essa é uma cooperação bastante satisfatória. “Temos um nível de satisfação muito bom com esse acordo em função da legitimação social que a parceria com a Unicamp representa. É muito importante para a gente, além de exercer nosso trabalho de controle aduaneiro e do exercício da arrecadação, contribuir de alguma forma também para o fortalecimento da comunidade”.
Bens destinados auxiliam no ensino e no atendimento hospitalar
No exercício do controle aduaneiro, são apreendidas mercadorias pela Receita Federal que não cumprem normas adequadas. Esses itens, após o prazo para que o interessado recorra, tornam-se propriedade da União, e podem ser destruídos ou passar por um processo de legalização a fim de que sejam leiloados ou encaminhados a instituições. Organizações da sociedade civil e órgãos públicos podem receber essas mercadorias, sendo a Unicamp uma das diversas instituições que as recebem.
Na última destinação encaminhada pela RFB, a Universidade recebeu: equipamentos robóticos, destinados ao Cotuca; um drone, destinado ao Instituto de Artes; um veículo, destinado à Faculdade de Engenharia Mecânica; uma usina de fermentação; destinada à Faculdade de Engenharia de Alimentos; uma fonte de isótopos radioativos, destinada ao Instituto de Física Gleb Wataghin e materiais e insumos hospitalares, destinados aos hospitais da Unicamp.
O coordenador de assistência hospitalar do Hospital de Clínicas, professor Plinio Trabasso, explica que, para o HC, foram recebidos dois grupos de materiais: insumos e equipamentos. Neste último grupo, os materiais incluem próteses auditivas e endoscópios. Esses itens são patrimoniados e acabam sendo incorporados ao arsenal de equipamentos, ou substituindo materiais com muito tempo de uso. Ajudam, assim, a melhorar o atendimento aos pacientes.
Em relação aos insumos, o professor observa que vêm em boa hora, pois durante a pandemia de Covid-19 há um grande uso de equipamentos de proteção individual e dificuldades na compra. “Ajuda bastante no atendimento pois é um montante que nós acabaríamos tendo que adquirir para atender os pacientes. Todo mundo sai ganhando nesse acordo de cooperação, inclusive a sociedade, porque de alguma forma, após a legalização desses ilícitos, se otimiza recursos financeiros”, pontua.
Na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), o veículo deverá auxiliar na aprendizagem de alunos. “A proposta é de que o veículo seja adaptado para caracterizar uma ‘bancada de testes’ para veículos com propulsão híbrida, instalando tração elétrica nas rodas traseiras. Seriam então avaliadas estratégias de gerenciamento de energia, dividindo a potência de diversas formas entre o motor de combustão interna original do veículo com os novos motores elétricos que seriam adicionados ao veículo”, explica o diretor da FEM, Luiz Alberto Serpa.
Já no Instituto de Artes (IA), o drone será destinado ao curso de Midialogia. O coordenador da graduação em Midialogia, Paulo César Teles, conta que será o primeiro equipamento desse tipo que o curso terá. “É um equipamento que vai ser muito importante para nós na área de fotografia em movimento, sobretudo na produção de planos aéreos”.
Parceria de êxito
O acordo de cooperação entre Unicamp e RFB teve início em 2019. Na época, o auditor-fiscal Antonio Andrade Leal era o delegado da Alfândega da Receita Federal no Aeroporto de Viracopos. Ele recorda que a parceria, sugerida pela iniciativa da reitoria, foi recebida com entusiasmo, já que há dificuldades em termos de treinamentos e busca por novos conhecimentos na Receita.
Além disso, ressalta que ter a Unicamp como parceira na identificação de mercadorias acrescenta segurança ao trabalho e, assim, o acordo é benéfico a todos. “Nós fazemos muitas doações e ao mesmo tempo temos necessidade de identificação, muitas vezes de itens bem específicos. É uma cooperação onde os dois lados saem ganhando. A qualidade do trabalho da Unicamp dá uma segurança para a gente”.
Pelo êxito que tem a parceria, o chefe de gabinete da reitoria da Unicamp, professor José Antonio Rocha Gontijo, pontua a cooperação vem crescendo. “A parceria tem sido muito profícua. A Unicamp passou a ajudar mais a Receita em vários aspectos, como em análise de solos, pedras, fertilizantes e herbicidas. E nesse período tivemos doações de grande porte”.
Além dos itens que são utilizados imediatamente pelas unidades e hospitais, mercadorias que teriam de ser descartadas, como cigarros e bebidas ilegais, também acabam virando material de pesquisa. Com as bebidas, por exemplo, a Unicamp pode transformá-las em álcool combustível. Na cooperação técnica, o professor cita o exemplo de uma das últimas demandas da RFB, a respeito da análise de pedras turmalina. A Unicamp ajudou a identificar tipos da pedra, evitando que variantes mais raras e preciosas, como a turmalina paraíba, fossem misturadas com outras de menor valor.
Midialogia ajuda a fortalecer comunicação da Receita
Outra ação realizada pela Unicamp junto à RFB está sendo desenvolvida pelo IA, através do curso de Midialogia. Será ofertado um curso de extensão, no primeiro semestre letivo de 2021, para capacitar servidores da Receita no campo da comunicação. “É um projeto de formação audiovisual destinado ao pessoal da Receita Federal de Viracopos”, explica o coordenador do projeto, o professor Paulo César Teles. A ideia é formar tecnicamente os funcionários da Alfândega de Viracopos, onde se pretende elaborar um canal informativo, voltado a passageiros, sobre como proceder com mercadorias em embarques e desembarques.
Sob orientação de professores do curso, dez alunos da Midialogia oferecerão a formação. Paulo comenta que, assim, o projeto atende tanto à uma demanda da Receita como ajuda no processo de aprendizagem dos alunos. “Esse acordo é muito positivo para o curso de Midialogia, pois dá uma oportunidade dos alunos multiplicarem aquilo que estão aprendendo ao longo do curso e também porque presta um serviço a uma instituição pública que vai montar um circuito interno público de TV com o objetivo de informar melhor os passageiros”, avalia.