As universidades estaduais paulistas estão realizando um empréstimo de cilindros de oxigênio ao estado de São Paulo. A medida visa contribuir para amenizar problemas na distribuição do insumo, que ocorrem em virtude do alto número de internações de pacientes com Covid-19. A Unicamp já forneceu 16 cilindros cheios, enviados no sábado para a Região de Registro (SP), onde o oxigênio estava na iminência de acabar. Serão ainda coletados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) 119 cascos (levantamento atualizado no final da tarde de 29 de março), cujo abastecimento e distribuição ficará a cargo do estado.
“O estado está passando por uma crise de distribuição de oxigênio por conta do aumento da demanda. Vários municípios passaram a entrar em fase crítica de pessoas internadas. Através do CRUESP [Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas], a Secretaria de Desenvolvimento do estado solicitou às universidades que providenciassem o empréstimo dos cilindros. As três universidades paulistas estão ajudando com esse esforço”, observa o pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, Munir Salomão Skaf.
Segundo o pró-reitor, o levantamento, que ainda está sendo realizado, já apontou 119 cilindros na Unicamp, os quais devem ser coletados na terça-feira (30). A coleta, a distribuição e o abastecimento são realizados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que está pedindo doações e empréstimo de cilindros também a empresas e laboratórios. Os cascos serão cedidos temporariamente.
Outros 16 cilindros cheios foram destinados no sábado à região de Registro (SP) onde os estoques de oxigênio estavam acabando. “Precisava urgentemente levar para lá. Por sorte, felizmente, o professor Cláudio Tormena, diretor associado do Instituto de Química, tinha 16 cilindros cheios, de pureza 99,5%, teor liberado pela Anvisa”.
O professor destaca que essa não é uma situação ideal, mas as universidades estão fazendo uma espécie de mutirão para contribuir nesse momento de crise. “Estamos cedendo temporariamente para atender a uma situação emergencial. Está faltando oxigênio e não queremos que aconteça o que aconteceu em Manaus. A restituição às universidades será feita tão logo esse momento crítico seja vencido”.
Crise de oxigênio
A demanda por oxigênio hospitalar, devido ao agravamento da epidemia de Covid-19 no país, teve um aumento de 56% nas duas primeiras semanas de março, em comparação com o mesmo período em dezembro de 2020, de acordo com a maior produtora no país, White Martins. Em janeiro, a falta de oxigênio levou à morte de pelo menos 30 pessoas nos hospitais da região de Manaus, no Amazonas. Diante do aumento de internações por Covid-19 no país Brasil, a iminência da falta de oxigênio já é apontada por 76 municípios, segundo documento da Frente Nacional da Prefeitos. No estado de São Paulo, 115 municípios apontam que só têm estoque para menos de uma semana, segundo levantamento do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems/SP) divulgado no dia 24 de março.