Foram anunciadas nesta terça-feira (4) as propostas aprovadas para a criação de Centros de Pesquisas Aplicadas em Inteligência Artificial no país. A seleção foi realizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Fapesp e o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Seis projetos foram contemplados, entre eles o de criação do Brazilian Institute of Data Sicence (BIOS), proposta da Unicamp liderada pelo professor João Marcos Romano, docente da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) e atual Pró-Reitor de Pesquisa.
Cada centro receberá o investimento de R$ 10 milhões no período de cinco anos, sendo R$ 5 milhões por repasses públicos e outros R$ 5 milhões por parcerias com a iniciativa privada. Há ainda a possibilidade de renovação dos contratos por mais cinco anos, totalizando o investimento de R$ 20 milhões por proposta aprovada.
De acordo com a chamada, as pesquisas desenvolvidas pelos centros devem ser voltadas às áreas de saúde, agronegócio, indústria e/ou cidades inteligentes. O BIOS da Unicamp propõe a integração de áreas já consolidadas nos estudos em inteligência artificial, buscando uma abordagem interdisciplinar. "Nós optamos por focar em duas trilhas de pesquisa: tanto a trilha da saúde, e por isso há uma parceria forte com a Faculdade de Ciências Médicas, quanto a trilha do agronegócio, envolvendo os colegas da Feagri e do Cepagri. Isso além de uma terceira trilha, que serve de base para as outras, dedicada à metodologia, ao estudo dos algoritmos, das técnicas e das bases teóricas da aprendizagem de máquina e da inteligência artificial", explica João Marcos Romano.
Além da Unicamp, foram contemplados os projetos apresentados pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos, pelo Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pelo Senai/Cimatec (Bahia), pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) em São Paulo e pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
"Oportunidade única de unir pessoas e catalisar esforços"
No evento de anúncio das propostas aprovadas, foram destacadas a importância dos investimentos em ciência e tecnologia no país e de que as oportunidades de desenvolver a área da inteligência artificial no país não podem ser desperdiçadas. "O que faz o mundo se mover é a ciência, a pesquisa e a inovação, não é a economia, como alguns acreditam desavisadamente. A área na qual estamos aprovando esses investimentos terá um papel crescente na economia e na vida das nossas cidades", ressaltou Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, que lembrou a contribuição da Fundação e das pesquisas realizadas pelas instituições paulistas para o estabelecimento da internet no Brasil.
O ministro Marcos Pontes afirmou que acredita no potencial dos pesquisadores brasileiros e das instituições que produzem ciência no país. "O Brasil não pode perder esse momento da história, nos temos todas as competências para sermos protagonistas no planeta em inteligência artificial", comentou o ministro.
Para João Marcos Romano, a presença dos novos centros de pesquisa em diferentes regiões do país favorece o aproveitamento de diversas experiências e especialidades que podem ser úteis para a realidade brasileira. Na Unicamp, ele considera que o BIOS contribuirá para a integração de diversos pesquisadores que já trabalham na área e podem aperfeiçoar sua atuação.
"Isso põe a Unicamp na ponta das iniciativas em inteligência artificial no país. Nós já temos pesquisadores importantes nas áreas da Engenharia Elétrica, no Instituto de Computação, na Matemática, na Física, já temos pessoas atuando com qualidade e brilhantismo. Agora temos a oportunidade única de unir essas pessoas e catalisar esforços", analisa o pró-reitor.
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