Movidos pelo desejo de integrar pessoas que tiveram suas histórias marcadas pelas contribuições que a Universidade pode proporcionar, ex-alunos da Unicamp criaram em 2020 a Associação Fundo Patrimonial Patronos, instituição independente sem fins lucrativos. O objetivo deles é promover iniciativas e apoiar projetos que auxiliem na formação de estudantes e no desenvolvimento da comunidade universitária, incluindo docentes, pesquisadores e funcionários. Até o momento, a associação trabalha com a oferta de mentorias sobre direcionamento de carreiras e com a promoção de eventos, como o Hackaton Patronos, voltado à criação de soluções para os efeitos da pandemia da covid-19. Em breve, serão lançados editais para o apoio de projetos extracurriculares e de iniciativas empreendedoras e de inovação.
Para desenvolver os projetos, a Associação Patronos atua por meio da gestão de um fundo patrimonial. Por meio de doações financeiras, é constituído um patrimônio que é investido e os rendimentos obtidos são utilizados para o apoio às iniciativas. Com isso, o patrimônio original permanece inalterado, podendo crescer e se perpetuar ao longo do tempo. Conhecidos também como endowments, os fundos patrimoniais são comuns em grandes universidades dos Estados Unidos e do mundo. No Brasil, a lei 13.800/2019 possibilitou que instituições públicas firmassem parcerias com gestores de fundos do tipo para o apoio a projetos de educação, ciência e tecnologia.
Até o momento, o Fundo Patrimonial Patronos conta com 145 doadores e acumula um patrimônio de R$ 1,2 milhão. A entidade é composta por 27 voluntários responsáveis pela gestão do fundo e operação dos projetos. Para isso, eles se organizam em um comitê de investimentos, que faz a alocação dos recursos do fundo, e um um comitê fiscal, responsável pela auditoria de contas. A captação de doações e desenvolvimento de projetos são realizados por uma diretoria executiva, que se apoia nas decisões de um conselho de administração e de uma assembleia geral. "Nossa ideia foi desenvolver um projeto em que fosse possível ceder um pouco do nosso tempo, mobilizar ex-alunos da Unicamp e que, por meio dele, apoiar o desenvolvimento dos alunos e da comunidade acadêmica como um todo, oferecendo um canal para que as pessoas contribuíssem para isso", comenta Tulio Prado, diretor-presidente da Associação.
Trilha de carreiras, hackaton e outras ideias
Inicialmente, a Associação Patronos tem como foco o desenvolvimento de projetos específicos que envolvam o financiamento de iniciativas extracurriculares e também benefícios como orientações e mentorias sobre carreiras com profissionais do mercado. São trabalhos que, mesmo exigindo investimentos financeiros menores, fazem a diferença na formação dos alunos. "À medida em que tivermos mais recursos, vamos conseguir apoiar projetos maiores, como grandes projetos de pesquisas que precisem da compra de equipamentos ou instalação de um laboratório, por exemplo", explica Tulio.
O primeiro edital lançado pela associação foi o de trilhas de carreiras, com mentorias voltadas a alunos nos dois últimos anos de graduação. No total, 40 estudantes de 20 cursos diferentes foram selecionados, entre eles 30% de pretos e pardos e 50% de mulheres. Os contemplados vão receber orientações individuais com profissionais do mercado, por meio de treinamentos mensais em uma plataforma especializada em mentorias. A abertura do programa está prevista para o dia 12 de junho.
Entre os dias 28 e 30 de maio, ocorre o Hackaton Patronos, uma maratona de programação em que equipes deverão elaborar soluções tecnológicas para os problemas socioeconômicos gerados por conta da pandemia da covid-19. Os projetos serão avaliados por uma comissão julgadora e a equipe vencedora receberá o prêmio de R$ 5 mil. Já em 20 de junho será lançado o edital do Programa de Extracurriculares. Com ele, estudantes poderão inscrever propostas que serão avaliadas de acordo com o impacto social que podem causar e também pela aderência aos critérios definidos pela associação e pela comunidade de benfeitores. Cada projeto poderá receber o apoio de até R$ 5 mil.
Em 2022, a associação já prevê a realização de um programa semelhante ao de apoio às extracurriculares, mas voltado a iniciativas livres e que ainda precisem de orientações para direcionar seu desenvolvimento. "Queremos identificar grandes temas, que sejam de interesse de boa parte dos alunos, e ajudar essas pessoas a desenvolver esses projetos. O que esses projetos vão se tornar? Não sabemos ainda, eles podem se tornar uma iniciativa extracurricular, uma associação, até uma empresa", detalha.
Investimentos para o futuro
Além da possibilidade de destinar recursos para o desenvolvimento de projetos, o trabalho da Associação Patronos pretende fomentar uma cultura ainda incipiente no país: unir gerações de pessoas que se formaram em universidades públicas e que podem destinar parte de seus recursos, ou ainda seu tempo ou conhecimento, para enriquecer a formação de novos profissionais. "O potencial de impacto desse trabalho é difícil de medir, mas pode ser gigantesco. Eu, por exemplo, não tive a oportunidade de, no fim da minha graduação, conversar com alguém que já estivesse à frente na carreira e discutir sobre meu caminho. Tenho certeza que as pessoas que passaram por esse processo terão algo a mais que não tive", pontua Tulio Prado.
Para isso, a associação também conta com a participação de estudantes, para que possam se envolver com a comunidade de ex-alunos e com essa cultura ainda durante a graduação. "É muito motivador ver que um aluno, que está no segundo ano de graduação, pode ver valor nessa ideia, da mesma forma que um ex-aluno, formado há 30 anos, também vê valor nela. Os dois podem então contribuir de formas diferentes", avalia.
Informações sobre como contribuir com o Fundo Patrimonial Patronos e os editais dos projetos em desenvolvimento estão disponíveis no site da associação.