Logo de manhã, os pintores no alto da estrutura metálica. Na base, o soldador em meio à fumaça e a projeção de partículas luminosas. Outros circulam entre placas deslocadas, conectam mangueiras, cordas e o passo a passo na terra vermelha ainda revolvida do gramado.
O carrinho de mão e a areia fina do concreto. O som estridente e as faíscas das serras elétricas ao tocar o metal. Na arquibancada, um par de luvas surradas da lida na montagem da grande estrutura. E o suor de garoa ainda no ferro forjado.
Já despertos com o sol, o frio e a névoa dissipada entre as folhas e as pétalas de outono no céu azulado de junho, os trabalhadores da construção dão o movimento ao canteiro e às obras da cobertura do Teatro de Arena, na praça do Ciclo Básico da Unicamp.
Sob o conjunto de treliças, interligadas a um domus central que sustenta um vão livre de 40 metros, emergem do polígono o imaginário e o lúdico que transcendem e ocupam o espaço da arte pública, urbana e contemporânea do grafite.
Se destacam da cena a pintura mural. Os formatos, os traços em transgressões visuais. Os signos nos grafismos e nas cores para interação do olhar passageiro na paisagem aberta do passeio público.
O ensaio contempla o registro das atuais pinturas nos muros do teatro por artistas da comunidade e do coletivo New Family Crew, formado em Campinas. E a intervenção fez parte de ações para recepção e boas-vindas aos calouros ingressantes na universidade em 2018.
A arte mural é também essência das ruas e coletiva. Tem as influências da música, da dança e da cultura hip hop. Tece suas marcas, ideias, reflexões e questionamentos. Sobrepõe-se pela própria ação do tempo. Interage em novos projetos e dá lugar a um outro tempo e a outras narrativas visuais.
