Cinco quadros de Diego Ducart, docente do Departamento de Geologia e Recursos Naturais do Instituto de Geociências, foram selecionados para a exposição coletiva virtual “Colour” (Cor), que ocorrerá entre os dias 15 de julho e 14 de agosto na galeria virtual TEBBS Contemporary Art Gallery de Londres (Inglaterra). Argentino, Diego é o único representante do Brasil na mostra junto com outros artistas do Reino Unido, Egito, Singapura, Turquia, Estados Unidos, Alemanha, Suíça e França.
Mas como um docente de geologia foi selecionado para uma exposição de arte? Diego explica que a pandemia trouxe muita ansiedade e estresse. “O trabalho remoto e a necessidade de aprender muitas coisas novas acabou trazendo muito mais estresse. Não tinha diferença entre dias de semana e finais de semana: muitas horas à frente do computador. Aí, comecei a organizar meus tempos para deixar os finais de semana para mim e minha família. Pintar nos finais de semana, sempre acompanhado de boa música, está sendo uma experiência única para mim. Uma terapia”, conta o professor.
Diego, que é um artista autodidata, fez um curso de fotografia em Córdoba, na Argentina, finalizado em 1994, antes mesmo de começar a estudar Geologia. “Eu cheguei a fazer algumas exposições de fotos artísticas em Córdoba, Rio Cuarto e General Levalle (minha cidade natal) na Argentina. As primeiras exposições eram com fotos em branco e preto, reveladas e ampliadas por mim. Minha inspiração eram Sebastião Salgado e diferentes fotógrafos da revista National Geographic”, revela. O docente lembra que teve a oportunidade de conhecer um geólogo que trabalhava com fotos aéreas e foi assim que se interessou por estudar geologia e a continuar na área de sensoriamento remoto.
A chegada da fotografia digital, no entanto, com tecnologia e processamento de imagens cada vez mais avançado o fez desanimar daquela arte. “Eu continuei tirando fotos artísticas para mim, achando que algum dia eu ia a utilizá-las. Nas minhas viagens para Europa para os congressos geológicos, tive oportunidade de visitar vários museus, onde fiquei maravilhado principalmente com a pintura. Acho que isso foi o disparador para começar a pintar”, lembra.
Ducart chegou a iniciar aulas de pintura ao óleo com uma professora em um atelier em Barão Geraldo em 2019, mas com a pandemia teve que abandonar. “Já na pandemia, eu comecei a pintar em papel, experimentando e copiando outras pinturas. Eu sou autodidata, mas sempre olhando quadros e assistindo vídeos de outros pintores reconhecidos. Em janeiro de 2021, comecei a pintar em tela somente pinturas originais inspiradas em minhas fotos”, diz.
Diferentes pintores do impressionismo têm sido seus referenciais. Monet é um dos que mais gosta. Não à toa, vem sendo carinhosamente chamado de Monet do IG. Outros artistas que o inspira são Camille Pisarro, Pierre-Auguste Renoir também do Impressionismo, e Vincent van Gogh do Pós-impressionismo. “Acho que meu gosto pelo Impressionismo jaze na necessidade de ‘desconstruir’ a fotografia, de sair da estrutura ou caixinha, de ser mais livre”, diz. O docente usa tinta acrílica, pincel e/ou espátula para pintar diferentes coisas, locais, paisagens, natureza, sempre com bons jogos de luzes, sombras e cores.
Apesar de suas obras terem algo de impressionista, Diego ainda está procurando sua identidade artística. “O impressionismo tinha como características a falta de contornos nítidos, os contrastes de luz e sombra obtidos de acordo com a lei das cores complementares, e as cores e tonalidades não obtidas pela mistura das tintas na paleta, mas por pequenas pinceladas de cores puras e dissociadas. Isto último é algo que acho extraordinário e tento reproduzir em alguns dos meus quadros. Quando vejo minha obra, vejo pinturas muito influenciadas ou estruturadas pela fotografia no começo, e muito mais livre e com pinceladas mais soltas nas últimas pinturas”, analisa.
Suas obras vêm chamando atenção também da comunidade do IG. Há possibilidade de uma exposição no saguão do Instituto através do Projeto Tem Cultura no IG com o retorno das atividades presenciais. A ideia é trazer luz, vida e cor para aqueles que regressarem.
Acompanhe a exposição:
Tebbs-Contemporary-Art-Gallery
Para conhecer as obras de Diego, acesse: