FCM inicia nova reforma curricular do curso de Medicina da Unicamp

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A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp promoveu o Seminário Internacional de Aprimoramento Curricular do Curso de Medicina com o objetivo de discutir as conquistas e os avanços da formação médica e sobre como aproveitar as experiências nacionais e internacionais no aprimoramento do currículo do curso de Medicina da Unicamp. O evento, organizado pela Diretoria da FCM, em parceria com a Coordenadoria de Ensino Graduação do Curso de Medicina (CEG), Núcleo de Avaliação, Pesquisa e Educação em Saúde (Napes) e Núcleo Docente Estruturante (NDE), contou com o apoio do Centro Acadêmico Adolfo Lutz (CAAL) e do projeto Educadores do Amanhã.  

De acordo com a coordenadora do curso de Medicina, Joana Fróes Bragança Bastos, além de permitir a discussão de temas importantes e atuais referentes à formação médica no Brasil e no exterior, o evento ocorrido entre os dias 10 e 13 de agosto, estimulou grande debate sobre ensino na comunidade FCM.

“A demanda educacional para a formação médica mudou nos últimos 20 anos, quando foi realizada a nossa reforma curricular. Existem novas necessidades na própria prática médica atual como uso de telemedicina, segurança do paciente e formação da identidade e grandes avanços em tecnologias para o ensino em saúde. Além disso, as mudanças impostas pela pandemia agravaram algumas deficiências existentes e desencadearam novas demandas à formação médica, que têm sido alvo de discussões das comunidades acadêmicas em todo o mundo”, afirmou.

A coordenadora do curso disse, ainda, que as mudanças necessárias para o aprimoramento curricular devem ter como foco o que se entende no mundo por qualidade de formação médica, ensino baseado em competências e centrado no estudante, o papel da simulação na formação, a incorporação de novas estratégias educacionais e de avaliação e, ainda, as necessidades na formação num mundo modificado pelo Covid-19.

“Foram discussões muito frutíferas. Identificamos aspectos com necessidades de mudança e oportunidades para aprimoramento do nosso ensino. As propostas da comunidade FCM participante serão a base para que possamos, a partir de agora, iniciar grupos de trabalho visando o processo de reforma curricular. Poder contar com uma comunidade engajada nas atividades de ensino, disposta a sonhar e trabalhar para implementar mudanças que levarão ao aprimoramento do ensino que realizamos, é muito importante e característico de nossa comunidade FCM”, comentou Joana.

Ao todo, mais de 500 pessoas participaram do evento. A programação, dividida em atividades abertas ao público externo e atividades destinadas com exclusividade ao público da FCM, possibilitou discutir com renomados professores do Brasil e do exterior, os avanços e os desafios das mudanças curriculares implantadas nas diversas instituições de ensino, bem como o ensino e o perfil do egresso da Unicamp.

Além de contar com a participação de professores, estudantes e colaboradores de diversas universidades brasileiras nas atividades abertas, a programação também teve forte engajamento da comunidade interna da FCM, estudantes, professores e colaboradores vinculados às atividades de ensino.

Coorganizadora e anfitriã da mesa internacional do evento – que contou com a participação do presidente emérito da Foundation for Advancement of International Medical Education and Research (Faimer), John Norcini, da professora da Universidade do Minho, Brownie Anderson, e do professor da Universidade de Toronto, Stanley J. Hamstra – a coordenadora do Napes da FCM, Eliana Martorano Amaral, elogiou o esforço da Diretoria da FCM em pautar a reforma curricular do curso de Medicina ainda em 2021, considerando a complexidade da discussão.

“A tomada de decisão política, de que essa discussão precisava ser feita agora, é fundamental. O apoio institucional da direção da FCM é essencial para que todos possam caminhar no mesmo sentido, ainda que possa haver opiniões diferentes iniciais sobre como enfrentar as fragilidades”, destacou.

Eliana Amaral também comentou sobre o protagonismo nacional da FCM visando o aprimoramento da formação médica, destacou os avanços curriculares conquistados a partir da reforma proposta e implantada pela FCM a partir de 2000, e falou sobre as possibilidades futuras.

“O nosso currículo anterior foi muito avançado para a época, a ponto de anteceder às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2001. Muitos de seus elementos continuam muito avançados, mas existem outros que precisam ser incorporados como, por exemplo, o delineamento de currículos mais híbridos que aproveitem as oportunidades do ensino digital que não eram objeto de discussão até então, disse.

Para além desses exemplos, Eliana Amaral também destacou a necessidade de aprofundar discussões acerca dos objetivos das disciplinas ou módulos curriculares que compõem a grade do curso. “Temos grande necessidade de maior articulação, desde o primeiro ano, com a semiologia, a propedêutica e a fisiopatologia, que são a base de formação do raciocínio clínico dos nossos futuros profissionais médicos. A inserção precoce no mundo clínico, que já era uma questão abordada em nosso currículo anterior, hoje, é inquestionável”.

O avanço das tecnologias terapêuticas foi outro ponto destacado por Eliana Amaral, como elemento a ser considerado no processo de reforma curricular. “A evolução terapêutica exige que nossos alunos tragam elementos da formação básica para o final do curso, ou seja, deve haver um caminho de integração e articulação de mão dupla: do básico para o clínico e do clínico para o básico”, explicou.

Ainda de acordo com a coordenadora do Napes, outras demandas de atualização curricular foram debatidas durante o Seminário Internacional e que também estarão no centro das atenções da reforma curricular do curso de Medicina da Unicamp. As DCN de 2014 reforçam a necessidade de atualizações nas estratégias educacionais, para que sejam centradas nos estudantes, de modo a possibilitar maior autonomia e responsabilidade contribuindo com a formação de seu perfil profissional.

“Ainda, as DCN 2014 estimulam maior inserção dos estudantes nos Programa de Saúde da Família, e participação destes em atividades de Urgência e Emergência e em atividades extensionistas, pensadas e realizadas em conjunto com as comunidades, de modo a atender as necessidades locais”, comentou Eliana.

Próximos passos

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Nos próximos seis meses, a FCM, através da CEG, Napes e NDE, realizará uma série de discussões como desdobramento dos resultados obtidos a partir do Seminário Internacional de Aprimoramento Curricular do Curso de Medicina. “Será um período intenso de leitura e atualização sobre o ensino nas profissões da saúde e de estudo de revisão do currículo. Mais do que mudar a estrutura, é preciso que entendamos o nosso papel enquanto facilitadores de aprendizagem, curadores de informação e modelos de postura e prática profissionais”, finalizou a coordenadora do Napes.

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Discussões tiveram início, em agosto, durante o Seminário Internacional de Aprimoramento Curricular do Curso de Medicina. Evento contou com cerca de 500 participantes  

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004