A Comissão Assessora de Diversidade Étnico-Racial (CADER) está com edital aberto para a constituição da Comissão de Averiguação (CAVU). As inscrições para novos membros terminam no dia 30 de setembro. A CAVU é responsável pelo procedimento de heteroidentificação, complementar à autodeclaração dos candidatos negros (pretos e pardos), e visa garantir o efetivo cumprimento da política de cotas étnico-raciais. Seus membros atuam no Vestibular Unicamp, nos exames de seleção dos Colégios Técnicos, nos processos seletivos dos Programas de Pós-Graduação e nos concursos públicos da carreira Profissional de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (PAEPE).
O processo de heteroidentificação é realizado por aferição virtual, isto é, por uma banca de verificação das características fenotípicas do candidato. O objetivo é garantir o correto cumprimento das vagas reservadas pelo sistema de cotas étnico-raciais. “Esse processo requer pessoas habilitadas e com um olhar sensível à questão étnico-racial, para que consigamos trazer para a Universidade um maior número de candidatos autodeclarados pretos e pardos”, explica a professora Luciana Gonzaga de Oliveira, presidente da CADER.
Podem se inscrever no edital membros da comunidade acadêmica da Unicamp (docentes, servidores técnico-administrativos, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação) e representantes da sociedade civil organizada com comprovada atuação no Movimento Negro. O postulante deve aceitar os Termos de Confidencialidade e de Compromisso disponíveis na Ficha de Inscrição e nos Anexos do Edital.
As inscrições podem ser feitas no formulário disponível no site da Diretoria Executiva de Direitos Humanos, no período de 16 a 30 de setembro de 2021. O cronograma completo do processo está disponível no Edital.
“Cabe frisar que os membros estarão habilitados a participar da averiguação em todos os processos seletivos: vestibular, vestibulinhos, concursos e pós-graduação”, destaca o servidor técnico-administrativo Caio Nakavaki de Oliveira, membro da CAVU. Ele também pontua que as bancas são montadas levando em consideração a diversidade de gênero e étnico-racial.
Curso preparatório
Para compor as Bancas de Averiguação, os interessados deverão realizar um Curso Preparatório, com aproveitamento mínimo de 75% de frequência e cumprimento das atividades. O curso tem 30 horas e será realizado entre 7 de outubro e 11 de novembro, com atividades síncronas e assíncronas. Aqueles que já participaram das bancas em outros momentos deverão realizar uma reciclagem do curso, com carga horária de 6 horas.
O professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Claudio Werneck, envolvido na CAVU desde a sua constituição, aponta os aprendizados que o curso e a participação na Comissão possibilitam. “O curso permite discutir e aprimorar nossa visão sobre a questão. Sempre tive a certeza da existência do racismo, mas não conseguia ver toda sua complexidade. Nunca participei do Movimento Negro, e hoje estou envolvido com a CAVU e com a CADER na Universidade”, compartilha.
Envolvendo a comunidade na consolidação das cotas
As cotas étnico-raciais para ingresso nos cursos de graduação da Unicamp foram instituídas em 2017 pelo Conselho Universitário (Consu) com o objetivo de ampliar a diversidade étnico-racial entre os estudantes da Universidade e proporcionar reparação histórica à exclusão da população negra do Ensino Superior. Nos Colégios Técnicos, a aprovação das cotas ocorreu em 2020;nos concursos da carreira PAEPE, em 2021. Já na pós-graduação, há autonomia para que os programas adotem ou não a política. A partir de 2020 os processos seletivos por cotas étnico-raciais contam com o apoio de uma Comissão de Averiguação, a CAVU.
Vitor Gonçalves da Silva, estudante de Engenharia Agrícola e membro da Comissão desde o primeiro ano, destaca que o objetivo da averiguação é assegurar o cumprimento da ação afirmativa. “O papel das comissões de averiguação é garantir que as ações afirmativas sejam de fato endereçadas às pessoas negras. Esse é um dos poucos momentos em que elas são submetidas a processos institucionais que assegurem seus direitos”, observa. Garantir que as políticas de cotas sejam cumpridas, diz Vitor, é fundamental para uma universidade mais diversa, “até porque é na diversidade que garantimos direitos, acesso e pluralidade de conhecimentos e avanços para a nossa sociedade, o que é o papel das universidades públicas”.
A participação ativa em uma ação antirracista é enfatizada pela pós-graduanda em Linguística Julia Bahia Adams, integrante da CAVU desde 2020. “Participar da comissão é uma forma de você contribuir ativamente, fortalecendo a CADER e envolvendo a comunidade acadêmica na causa. Não há função ou categoria mais importante dentro da comissão. Precisamos dos docentes, dos funcionários, dos estudantes de graduação e de pós, e dos membros da sociedade civil. As bancas não se movimentam sem o envolvimento de todas essas pessoas”, diz.
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Comissão de averiguação visa assegurar o correto cumprimento da política de cotas