Fim da pandemia depende de vacina, vigilância e pesquisa

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Vacinação em massa, vigilância epidêmica e apoio à pesquisa. São essas algumas das principais ações que conduzirão o mundo ao controle da pandemia de Covid-19. O prognóstico foi feito por pesquisadores da Unicamp e de outras instituições durante o evento "O que falta para a pandemia acabar? A Força-Tarefa da Unicamp responde", realizado em 15 de outubro e transmitido pelo canal dos Blogs de Ciência da Unicamp no YouTube. A mediação foi feita pela professora Ana de Medeiros Arnt, docente do Instituto de Biologia e coordenadora dos Blogs de Ciência da Unicamp

Ao longo do dia, os participantes revisitaram ações da Unicamp com foco no controle da pandemia de Covid-19, destacando a interação entre cientistas de diversas áreas e os ganhos obtidos com a abordagem interdisciplinar e a resposta rápida dada pela Universidade. Uma discussão sobre o que falta para a pandemia acabar, temática principal do evento, fechou a programação e ofereceu ao público uma perspectiva sobre a importância do apoio à ciência para evitar que problemas do tipo atinjam escala global. 

"Estamos em um caminho aparentemente bom. Felizmente, nossa população tem uma conscientização grande para as vacinas", avaliou o professor Alessandro Farias, coordenador da frente de diagnósticos da Força-Tarefa. O docente chamou a atenção para a importância de ações coordenadas entre as ciências médicas e biológicas e as áreas que abordam as mazelas derivadas da doença, como os problemas econômicos e sociais. "Tomando essas lições, podemos nos sair muito melhor, não só em uma próxima pandemia, que é possível, mas também em problemas anuais que atingem o país, como a dengue ou a chikungunya", comentou. 

imagem mostra cena da transmissão do evento com membros da força tarefa durante um debate
Integrantes da Força-Tarefa Unicamp e Blogs de Ciência fizeram um balanço de suas ações e discutiram as perspectivas para o futuro da pandemia (imagem: reprodução)

Em relação à vigilância frente ao coronavírus, o professor José Luiz Módena, coordenador do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE) afirmou que o avanço na vacinação não dispensa a pesquisa a respeito do SARS-CoV-2, já que ele pode ainda sofrer mutações que escapem à proteção vacinal e provocar efeitos no organismo ainda desconhecidos. "Também precisamos, cada vez mais, compreender a diversidade dos vírus do planeta. Quais têm potencial de causar doenças em humanos e quais os impactos disso, de modo que seja possível diminuir, de maneira antecipada, o impacto de novos vírus que atingem a população. Porque em algum momento isso vai acontecer", reforçou. 

Os integrantes da Força-Tarefa também ressaltaram a necessidade de olhar para a situação da doença em outras partes do mundo e de garantir a disponibilidade de vacinas em países periféricos. "Não há como terminar uma pandemia em uma cidade ou país e esquecer que a doença ainda se distribui mundialmente. É importante considerarmos que os países que não tiveram uma proporção significativa da população vacinada ainda geram riscos de que a doença se mantenha por muito tempo. Ou pior: aumenta a chance de o vírus adquirir algum tipo de mutação, o que pode afetar nossa capacidade de adquirir imunidade", destacou o professor Marcelo Mori, coordenador do grupo. 

Contribuição na ciência e na divulgação científica

A Força-Tarefa Unicamp contra a Covid-19 foi criada em 2020 como uma resposta da Universidade às demandas sanitárias e sociais que surgiram com o início da pandemia no país. Na abertura do evento, os coordenadores das diferentes frentes de trabalho destacaram os principais feitos do grupo na mitigação dos efeitos da doença, como a padronização dos testes RT-PCR e a realização de mais de 200 mil exames; a participação na descrição do SARS-CoV-2, na análise de casos de reinfecção e do uso de plasma convalescente para tratamento; o desenvolvimento de insumos para testes diagnósticos, de novos produtos e tecnologias em EPIs; além das ações sociais realizadas junto a comunidades vulneráveis na região de Campinas. 

Outra ação de destaque da Força-Tarefa, na qual os Blogs de Ciência atuaram intensamente, foi o trabalho de divulgação científica e combate à desinformação. Os participantes relembraram a crescente intervenção de docentes e pesquisadores da Universidade no debate público, por meio da produção de conteúdos e entrevistas em veículos de comunicação. Também foram assinaladas as iniciativas de colaboradores dos Blogs de Ciência da Unicamp, como a criação de uma página especial para publicação de artigos sobre a Covid-19, e a campanha "Todos Pelas Vacinas", conduzida por divulgadores científicos de todo o país. Parte dos conteúdos produzidos foram reunidos no e-book "Linha de Fundo: um giro de divulgação científica sobre a Covid-19", disponível para download.  

imagem mostra participantes do evento discutindo divulgação científica
Flávia Ferrari e Mellanie Fontes-Dutra participaram da organização da campanha Todos Pelas Vacinas (imagem: reprodução)

"Há muitas falhas na comunicação entre cientistas e a sociedade, não podemos deixar de assumir parte dessa responsabilidade. Produzimos ciência de altíssimo nível em nossas instituições, publicamos nos melhores periódicos. Porém a sociedade não está se informando por meio da ciência, mas sim pelo que recebe pelo WhatsApp. Precisamos nos reinventar e repensar o diálogo com a sociedade", comentou Luiz Carlos Dias, docente do Instituto de Química (IQ). 

Esse novo olhar para a atividade científica defendido pelo professor já é identificado em relatos de jovens pesquisadores da Unicamp que participam da Força-Tarefa. Maurílio Bonora Júnior é doutorando em Genética e Biologia Molecular e confirma que o trabalho na pandemia, desenvolvido em parceria com outros pesquisadores, estimulou uma visão mais ampla do potencial de suas atividades. "Estou na Unicamp há seis anos. Entrei na universidade com uma visão muito estreita, ligada à pesquisa, principalmente à pesquisa básica. Mas durante a pandemia, vi que a Universidade é muito mais do que isso. Descobri que a ideia de pesquisa básica e aplicada depende de um ponto de vista", relata Maurílio. 

Rogério Bataglioli também considera que as oportunidades de atuação durante a pandemia foram gratificantes para os jovens pesquisadores. Doutor em Engenharia Química pela Unicamp, ele trabalha em pesquisas ligadas à frente tecnológica: "Eu sentia falta dessa troca com meus colegas, da discussão de ideias, algo que faz parte do cotidiano. Aquela foi a primeira ocasião em que nós, enquanto grupo, discutimos de forma clara como poderíamos levar nosso conhecimento para resolver um problema latente da sociedade, que demandava soluções de forma urgente". 

Os vídeos do evento "O que falta para a pandemia acabar? A Força-Tarefa da Unicamp responde" podem ser conferidos no canal dos Blogs de Ciência da Unicamp no YouTube.

Força-Tarefa Unicamp e Blogs de Ciência fazem balanço da luta contra Covid-19 em evento on-line

Imagem de capa
foto mostra equipe da força tarefa com as logos dos blogs de ciência e da força tarefa

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004