A consultoria britânica Times Higher Education (THE) divulgou recentemente a classificação mundial das melhores universidades em quatro áreas do conhecimento. A Unicamp obteve o segundo lugar no Brasil nas áreas de Economia e Ciências Sociais. Na Educação, a Universidade alcançou a terceira colocação do país. Além do ranking por áreas, também foi divulgada a classificação para universidades de países de economia emergente, na qual a Unicamp está na 48ª posição entre as 698 instituições analisadas.
“É um reconhecimento da importância e do impacto de nosso trabalho, o que é fundamental para dar mais visibilidade ao que fazemos”, avalia a diretora do Instituto de Ciências Humanas (IFCH), Andréia Galvão. A diretora pondera, por outro lado, que, como todo ranking, a avaliação diz respeito somente a alguns aspectos do que é feito na área. “Como todo indicador de desempenho, o Times Higher Education mede apenas uma parte daquilo que fazemos, e não traduz todo o nosso potencial, nem as contribuições de nossa atividade de ensino e pesquisa, quando analisadas sob critérios qualitativos”.
O diretor do Instituto de Economia (IE), André Biancarelli, observa que os rankings não dão conta das especificidades das universidades ou dos cursos. No entanto, obter um bom resultado no THE é motivo de satisfação para o Instituto.“Isso mostra que temos conseguido, sem abrir mão de nossa identidade e história, desempenhar nossa missão acadêmica em alto nível dentro da realidade brasileira. E, em particular, também ajuda a reduzir as pesadas e repetidas críticas que o IE-Unicamp recebe àquilo que elas de fato são: ataques de quem ignora a realidade de nossa instituição, ou mera disputa política e ideológica”, afirma.
Renê Silveira, diretor da Faculdade de Educação (FE), aponta a importância da classificação, já que ela evidencia a qualidade da Unicamp, mas também considera que há limitações no ranking. O docente questiona, por exemplo, o fato de não serem considerados os impactos sociais e a inclusão. “É importante celebrar a posição da Unicamp, porque ela de fato atesta a excelência de nossa universidade sob vários aspectos. E isso é um mérito a ser reconhecido e valorizado. Mas é preciso também problematizar o ranking para não deixarmos de perceber em que áreas, igualmente importantes, ainda devemos avançar, e também aquelas em que poderíamos, quem sabe, já ter ultrapassado instituições mais bem ranqueadas, caso certos critérios fossem considerados”, diz.
O ranking da THE considera 13 critérios, referentes a ensino, pesquisa, citações, presença internacional e inovação. As áreas do conhecimento divulgadas no dia 13 de outubro foram Direito, Ciências Sociais, Educação e Economia. A Unicamp não foi avaliada na área do Direito, já que não possui curso na área.
O desafio de manter a excelência em um contexto ataques à ciência
Os diretores do IFCH, do IE e da FE pontuaram que as restrições orçamentárias à ciência, tecnologia e educação trazem desafios para a manutenção da excelência das universidades. Os ataques ao pensamento crítico, avaliam, também impõem dificuldades.
“Além das restrições orçamentárias, das ameaças ao sistema de avaliação da pós-graduação e dos reiterados cortes no financiamento público de pesquisas, a desvalorização de servidoras e servidores públicos é um desincentivo ao trabalho na área, o que compromete o ensino, a produção de conhecimento e a divulgação científica. No caso das Ciências Humanas, os desafios são ainda maiores, devido aos ataques que sofrem na atual conjuntura política do país”, aponta a diretora do IFCH. A docente afirma que, diante dos cortes de investimentos na ciência e na educação, a excelência das universidades tem sido preservada pela dedicação da comunidade acadêmica.
Para o diretor do IE, apesar das humanidades não requererem um orçamento tão volumoso quanto o das áreas que dependem de materiais e equipamentos caros, o colapso do financiamento de Ciência e Tecnologia no país é igualmente comprometedor. “O progressivo estrangulamento dos programas de pós-graduação (que se reflete inclusive em um expressivo encolhimento da demanda por parte de alunos) é apenas o exemplo mais eloquente. Além disso, o ambiente político, mas também intelectual, de aversão ao pensamento crítico, orientado para o desenvolvimento nacional, aumenta o tamanho do desafio”, avalia.
O diretor da FE destaca que a conquista e a manutenção da excelência requerem condições orçamentárias, que vêm sendo comprometidas. “Garantir um orçamento adequado às necessidades da universidade é uma prioridade absoluta. Como sabemos, no contexto atual isso exige muita luta política, em diferentes frentes. Além disso, as universidades também precisam ter autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, conforme prevê a Constituição. Só assim poderão organizar adequadamente seu funcionamento, de modo a cumprir com elevada qualidade a missão que a sociedade lhes confia”.
Unicamp está entre as 50 melhores universidades de países de economia emergente
No dia 19 de outubro, a THE também divulgou o ranking para universidades localizadas em países de economia emergente. A Unicamp obteve a 48º posição geral, a mesma classificação do ano passado. No Brasil, é a segunda universidade mais bem avaliada, sendo a USP a primeira. Ao todo, 698 universidades de 54 países entraram na classificação.