Foi lançado nesta quinta-feira (9), em cerimônia realizada em frente à entrada principal do Hospital de Clínicas (HC), o Memorial Covid-19 da Unicamp. O projeto tem o objetivo de homenagear membros da comunidade universitária que sofreram os efeitos da pandemia de Covid-19 e sensibilizar para a importância do trabalho empreendido pela Universidade no controle da doença, e da ciência como base para a solução de problemas da sociedade. Durante o evento, foram divulgadas ações do projeto a serem desenvolvidas ao longo de 2022, como a criação de bosques e memoriais físicos nos três campi da Universidade, e um vídeo especial com registros reunidos pela plataforma #MemóriasCovid19. Toda a programação de atividades e o vídeo projetado durante a cerimônia serão disponibilizados no site do projeto: memorialcovid19.unicamp.br.
Iniciado em maio de 2020, o #MemóriasCovid19 é um espaço virtual onde são divulgados relatos escritos, fotos, desenhos, áudios e vídeos em que pessoas comuns compartilham suas experiências durante a pandemia. Ele conta com a curadoria de membros de nove instituições de ensino brasileiras e duas do exterior, além do apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e da Fapesp. "Os relatos que integram nossa plataforma formam um quadro diversificado de experiências que se reúnem em torno de um mote, a pandemia. Utilizamos vários formatos no vídeo, uma espécie de caleidoscópio de olhares que nos ajudam a contar a história da pandemia para além dos números", explicou Ana Carolina Maciel, coordenadora da Coordenadoria dos Centros e Núcleos (Cocen) da Unicamp e líder do projeto.
Elaborado a partir da reunião de materiais que compõem a plataforma, um vídeo de aproximadamente oito minutos foi projetado em um dos prédios do entorno do HC. Ele foi exibido durante uma hora, para que todos que passassem pelo local pudessem assistir. A edição ficou a cargo de João Felipe Rufatto, estudante de Midialogia e bolsista do projeto. "Contamos um pouco da história da pandemia através da percepção das pessoas. Tentamos criar uma narrativa que expusesse desde as dificuldades enfrentadas na pandemia, as vidas perdidas, até a superação vinda com as vacinas e o trabalho dos profissionais da saúde", comenta.
"A sensação é de que cumprimos nosso dever"
Mais de 600 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência da Covid-19. Além dos efeitos causados pela doença, a pandemia também provocou adversidades econômicas e sociais no país. Considerando tudo isso, o projeto Memorial Covid-19 surgiu com a proposta de estimular reflexões na comunidade sobre as consequências da pandemia e a importância de se combater o negacionismo científico. Nesse contexto, pensou-se também na construção de bosques nos campi dedicados a essa memória. "A ideia é abrir espaços na universidade que possam servir para que as pessoas reflitam sobre o que aconteceu, e sobre o impacto causado pelo negacionismo científico. O memorial tem o objetivo de lembrar a importância da ciência como solução para os problemas da humanidade", detalhou Fernando Coelho, pró-reitor de Extensão e Cultura. Ele anunciou, ainda, um edital a ser lançado para seleção de artistas plásticos que irão confeccionar esculturas para compor os memoriais.
Coordenadora de Assistência Social e Superintendente em exercício do HC, Elaine Cristina Ataíde, relatou as angústias vividas pelos profissionais da saúde que estiveram na linha de frente do combate à Covid-19. Para ela, o momento atual ainda demanda cuidados, mas, graças à ciência, já é possível ter esperanças do retorno à normalidade. "Desde o início, a Unicamp identificou o potencial devastador da doença e tomou as medidas necessárias para evitar a propagação entre os que circulavam no campus. O Hospital de Clínicas se preparou para a guerra que sabíamos que teríamos que enfrentar e encaramos, a cada momento, as mudanças do panorama da doença", relata.
O reitor e a coordenadora-geral da Unicamp expressaram seus agradecimentos a todos os que contribuíram para que a Universidade desempenhasse um trabalho que foi fundamental, não apenas no controle da Covid-19 mas também no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que auxiliarão no controle sanitário no futuro. "Cada membro da comunidade universitária deu o seu melhor. A Universidade mostrou ser o local onde se produz ciência, e que ela pode ser divulgada para combater a anticiência", afirmou Maria Luiza Moretti, coordenadora-geral da Universidade.
O reitor Antonio José de Almeida Meirelles destacou o potencial da Unicamp em atender às demandas da sociedade. Segundo ele, a pandemia tornou evidente que tal potencial não distingue apenas as áreas ligadas à saúde. "A sensação é de que cumprimos nosso dever, de que somos capazes de enfrentar uma situação difícil, e de que conseguimos responder a ela mesmo com todas as barreiras advindas da própria pandemia e da situação do país. É importante levarmos para o futuro a capacidade de agirmos coletivamente, de atendermos às necessidades da sociedade. Isso já é natural na área da saúde, mas se tornou muito mais importante no contexto de hoje, e se expandiu para toda a Universidade".