O Museu de Artes Visuais (MAV) Unicamp completa nesta semana seu décimo ano de existência. Para comemorar a data, haverá um ciclo de webinários e uma exposição. Além disso, todo o acervo será disponibilizado em formato virtual, possibilitando a pesquisa e a visualização das obras no site do MAV. Atualmente, o Museu conta com 1.391 peças de artistas brasileiros e integra a Rede Brasileira do Sistema de Museus e Coleções.
O MAV começou a ser idealizado na década de 1980 por artistas e docentes do Departamento de Artes Plásticas vinculados à criação da Galeria do Instituto de Artes (GAIA) e foi criado em 2012. Em sua trajetória, estabeleceu relações com museus locais e regionais, com os quais realiza parcerias para exposições e outras atividades. Também organiza intervenções artísticas em datas especiais, como na Calourada da Unicamp.
A diretora do MAV e professora do Instituto de Artes (IA), Sylvia Furegatti, aponta as características do Museu. “Um museu universitário é uma tipologia específica. Ele tem uma fundamentação de difusão, pesquisa e disposição de seu acervo, como todo museu, mas tem a especificidade de construir relações com a comunidade universitária”, explica.
Desde a criação do MAV, diz a docente, foram realizadas ações para sua institucionalização, e contatos externos e internos para ampliar sua difusão. Por meio de relações com órgãos da universidade, de cultura e com outros museus, exposições e eventos em conjunto são desenvolvidos periodicamente.
Uma das necessidades, desde sua criação, é um local adequado para o seu funcionamento, desafio que deverá ser superado em breve. Está previsto para o fim do semestre de 2022 o início das obras da nova casa do MAV. O projeto arquitetônico foi elaborado pelos professores Evandro Ziggiatti Monteiro (FEC), Claudio Lima (IA/FEC) e Gabriela Celani (FEC).
Programação de aniversário
Tendo em vista o momento da pandemia, a programação do MAV ocorre inicialmente de forma virtual. Estão sendo publicados postais virtuais para a comemoração, com criaçãográfica da artista Flávia Carneiro Leão. As artes contém registros de pessoas, obras e outros índices visuais que rememoram atividades e projetos desenvolvidos pelo Museu.
Entre março e abril, será realizado um ciclo de webinários tendo como tema a presença feminina na arte moderna brasileira. Para maio, prevê-se uma exposição no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) reunindo peças do acervo e trabalhos de artistas contemporâneos. A curadoria definiu a paisagem como seu mote principal.
No primeiro semestre do ano também será lançado o projeto MAV Virtual, que irá publicizar dados do acervo por meio do site oficial. O projeto é realizado por meio da plataforma de repositórios Tainacan, com o apoio do Centro de Arte da América Latina (CAL), vinculado à Universidade de Brasília (UnB).
O MAV integrará também as atividades da Unicamp que irão rememorar a Semana de Arte Moderna (1922) e a Independência (1822).
Exposições no corredor do Instituto de Artes são retomadas
Também coordenados pela professora Sylvia, dois projetos de exposição do IA foram retomados: o Estante de Livros e Cadernos de Artista e o Painel Expositivo do Departamento de Artes Plásticas (DAP). Ambos podem ser visitados no corredor principal de acesso ao Instituto. No primeiro, são expostos cadernos com anotações e esboços de artistas, além de obras de pequenas dimensões. No segundo, imagens impressas por meio da técnica de sublimação sobre tecido, que representam projetos de docentes do DAP.
O projeto Estante de Livros e Cadernos de Artista foi criado em 2014. “Esse projeto não ficou inativo em nenhum momento antes da pandemia. Até março de 2020, foram 22 exposições de artistas visuais que tinham essa conexão com a ideia de processos, de cadernos ou livros de anotações. A última exposição, interrompida com a pandemia, foi novamente organizada agora em janeiro, tendo em vista a prova de habilidades que ocorreu para os candidatos ao curso de Artes Visuais”.
Já o painel expositivo surgiu em 2018, a partir da adequação de um espaço anteriormente utilizado para comunicação interna. No local, são apresentados à comunidade projetos de professores artistas do Departamento de Artes Visuais. “É um lugar para que os professores possam apresentar, a partir de uma imagem, sua pesquisa mais recente”, aponta Sylvia.
Marcando a retomada das exposições, a primeira mostra deste ano apresenta o projeto "Mapa de Nuvens", do professor Edson Pfutzenreuter. “[A obra] tem um trabalho de cores interessante. São retículas com cores bastante saturadas, vivas. Mas a imagem só é percebida a partir de uma certa distância, quando os pontos grandes são vistos como nuances de cor, de luz e sombra. As cores são saturadas e vivas, mas o resultado final são cores menos saturadas, puxando para marrons avermelhados”, explica o docente.
O interesse pelo tema surgiu após a leitura do livro de Hubert Damisch sobre a nuvem na história da arte, simbolicamente o local dos anjos, o patamar intermediário entre os homens e Deus. Daí a motivação para fotografar de cima das nuvens.
O projeto Painel Expositivo já rendeu uma exposição coletiva, realizada no MACC em 2021, reunindo obras de 13 docentes do IA. Materiais educativos também foram criados, visando proposições de arte-educação. Mais informações sobre as obras e os artistas podem ser acessadas via QR Code (saiba mais aqui).
O caderno do artista Edson Pfutzenreuter também está à mostra na Estante, que em breve receberá exposição da artista Iza Figueiredo. Estarão à mostra, além do caderno, aquarelas da artista.