Com uma área de 11,3 milhões de metros quadrados, o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS) abrange, além do campus da Unicamp em Barão Geraldo, o campus 1 da PUC-Campinas, o campus da Facamp e toda a área do Polo 2 de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec 2), onde já estão instaladas diversas empresas e centros de pesquisa. O HIDS está comprometido com a valorização do seu patrimônio ambiental e cultural, de modo a integrá-lo na criação de um distrito sustentável, que promova desenvolvimento social e econômico sem prejudicá-lo. Por isso, os estudos voltados para um master plan para o seu território incluem um diagnóstico do patrimônio ambiental e cultural, contemplando o componente arqueológico.
O diagnóstico arqueológico da área do HIDS foi iniciado na última semana pela ANX Engenharia e Arqueologia Ltda. Contratada pela Funcamp, a ANX atua em projetos potencialmente impactantes ao patrimônio arqueológico e cultural. De acordo com o professor do Instituto de Biologia e coordenador da componente do Patrimônio do HIDS, Wesley Silva, a empresa fará o levantamento de áreas com potencial cênico, paisagístico ou natural, considerando patrimônio cultural, sítios arqueológicos e monumentos históricos da área do HIDS. Incluem-se aí áreas adjacentes (ADA) como a Cidade Universitária e o Parque das Universidades, e uma Zona de Amortecimento, onde estão os bairros Parque Rural Fazenda Santa Cândida, Jardim Miriam, Santa Genebra, Novo Barão Geraldo, Jardim Afife e Real Parque.
A identificação do patrimônio arqueológico cumpre a legislação vigente determinada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que estabelece quais empreendimentos e obras, especialmente de grande porte, podem gerar impactos no patrimônio. Diagnósticos como este são necessários para verificar a existência de bens ou sítios arqueológicos nos locais onde elas são realizadas. Um sítio histórico é um conjunto de bens materiais com importância histórica para a formação cultural da sociedade.
Ao longo da semana, diversas intervenções foram feitas na área de Fazenda Argentina. Perfurações de 30 cm de diâmetro por 40 cm de profundidade foram realizadas com uma cavadeira articulada (ou trado). “Sabemos que nesta área houve ocupações nos ciclos da cana e do café. Nas escavações, buscamos vestígios arqueológicos dessas épocas, ou seja, entre fins do século XVIII e século XIX”, explicou a arqueóloga da ANX, Rosângela Alves. Fragmentos de louça e de cerâmica são exemplos de materiais que podem ser encontrados. Após a coleta de informações sobre cada intervenção, os buracos são fechados para evitar acidentes com trabalhadores e animais.
Não foram ainda encontrados vestígios em subsuperfície na Fazenda Argentina. “De acordo com os estudos históricos que fizemos, e a partir das intervenções, acredito esta área serviu apenas para o plantio de cana, não tendo sido ocupada por residências ou outras edificações”, diz Rosângela.
Se encontrados, os materiais passarão por curadoria (etiquetagem, limpeza, enumeração). “Se identificado, é preciso registrar o sítio histórico junto ao IPHAN. Se alguma obra for feita em sua área, ele terá que ser salvo”, disse Rosângela. A guarda do material arqueológico será realizada pelo Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte (LAP), coordenado pela professora Aline de Carvalho, da equipe da componente do Patrimônio.