Há pouco mais de vinte anos - em 31 de outubro de 2000 -, o Conselho de Segurança das Nações Unidas e seus Estados membros iniciaram uma ação coordenada global para garantir a proteção a mulheres e meninas em situações de guerra. Foi o resultado de décadas de lutas pelo reconhecimento de uma forma particular de violência nem sempre visível. Sabemos, porém, que violência contra mulheres e meninas tem sido há séculos um componente especialmente nocivo das guerras. Cabe ao nosso tempo o reconhecimento dessa violência e a disposição para não a aceitar, sob qualquer hipótese.
É abominável que a vulnerabilidade de mulheres em situação de guerra seja vista como natural, e, pior do que isso, como uma oportunidade para a obtenção de vantagens sexuais. Que tal visão tenha sido manifestada por um parlamentar paulista nos envergonha ainda mais.
Às vésperas de mais um 8 de março, esse acontecimento reforça a importância da luta contínua contra todas as formas de violência e discriminação dirigidas às mulheres.
A Unicamp se junta às inúmeras vozes que pedem à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) uma investigação imediata do acontecimento, assim como ações de responsabilização contra o referido deputado, garantindo ao povo paulista que avanços civilizatórios tão duramente conquistados não serão anulados pela ação de alguns poucos.
Comissão Assessora de Gênero e Sexualidade
Diretoria Executiva de Direitos Humanos
Reitoria da Unicamp