A Unicamp assinou 86 novos convênios de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com o setor empresarial em 2021, o que representa mais de R$ 72 milhões de recursos voltados à pesquisa. As parcerias estimulam a inovação em processos, produtos e serviços nas mais variadas áreas e aceleram a transferência de tecnologias e conhecimentos desenvolvidos na Universidade para o mercado.
Trata-se do recorde de projetos em colaboração com empresas assinados por ano pela Unicamp desde que o indicador passou a ser acompanhado pela Agência de Inovação Inova Unicamp em 2016. Os dados estão no Relatório Anual da Inova Unicamp, órgão da Universidade responsável pela interação universidade-empresa com foco em inovação.
A professora Ana Frattini, diretora-executiva da Inova Unicamp, analisa que o resultado demonstra a retomada de investimento do setor empresarial em pesquisas colaborativas com a Universidade, mesmo com o valor total ainda inferior ao atingido em anos anteriores à pandemia.
“Depois de uma queda em 2020, o valor total dos convênios celebrados demonstrou clara recuperação. Ainda não voltamos aos patamares de 2018 e 2019, quando a Universidade assinou anualmente mais de R$ 130 milhões em pesquisa com o setor empresarial, mas os mais de R$ 72 milhões assinados em 2021 representaram um aumento de 65% com relação ao que foi fechado em 2020”, comemora Frattini sobre os resultados de parcerias em P&D com o setor empresarial.
O Relatório Anual detalha que 75% do investimento em pesquisa vindos das parcerias com o setor empresarial são de recursos provenientes de incentivos e benefícios fiscais, além de cláusulas obrigatórias, especialmente nos setores Elétrico e de Óleo e Gás brasileiros.
Para Renato Lopes, diretor-executivo associado na Inova Unicamp, projetos em grandes temas estratégicos colaboram para aumentar o número de P&Ds. “As facilidades trazidas pelo Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, sob gestão da Inova, com espaços dedicados à pesquisa em colaboração e acesso aos talentos altamente qualificados e laboratórios de ponta da Universidade, também são um elemento de atração de empresas para o desenvolvimento de pesquisa em parceria com a Unicamp”, avalia Lopes.
Exemplos de projetos estratégicos são aqueles financiados pelo Programa Rota 2030 do governo federal. Este programa apoia o desenvolvimento tecnológico do setor automotivo brasileiro para ampliar a participação nacional no mercado global. Para isso, o Programa reduz a alíquota de importação de autopeças e as empresas depositam 2% do valor importado em projetos de P&D voltados para novas tecnologias, em parceria com Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação (ICTs), como a Unicamp.
Desde 2020, já foram assinados na Unicamp 11 convênios de P&D no escopo do Programa Rota 2030 nas linhas de bioenergia, propulsão alternativa a combustão, melhora de eficiência e segurança de veículos. Eles envolveram as Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) e Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, além de 13 empresas e outras 10 ICTs. O valor total dos convênios assinados é de R$ 44 milhões, sendo R$ 16 milhões de investimento para a Unicamp.
Tecnologia da Informação é o setor com maior número de convênios
Segundo a diretoria-executiva da Inova Unicamp, o aumento de convênios colaborativos firmados representa o interesse pela negociação e estreitamento de relacionamento universidade-empresa, tanto pela comunidade Unicamp quanto pelas empresas, em prol da inovação aberta em diferentes áreas.
Dos convênios assinados, a maioria são da área de Tecnologia da Informação, com 20 projetos, seguido pelo setor de Petróleo e Gás (12 convênios), mas com presença de outros diferentes setores.
Entre as parcerias firmadas no setor de Tecnologia de Informação, está o convênio com a empresa-filha da Unicamp Griaule, graduada em 2005 pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp). A empresa é líder do mercado de biometria e hoje atende clientes em 70 países, entre eles o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Os brasileiros também conhecem a tecnologia da empresa-filha da Unicamp, que ajudou a consolidar a maior base biométrica do país junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aumentando a segurança contra fraudes nas eleições.
Para o projeto de pesquisa recém-assinado, com coordenação do professor do Instituto de Computação (IC) da Unicamp, Alexandre Xavier Falcão, a Griaule pretende desenvolver técnicas de aquisição, processamento e análise de imagem para o reconhecimento de pessoas através do aprendizado de máquina e o reconhecimento de padrões em diferentes modalidades biométricas, seguindo nove linhas temáticas. Uma delas pretende avançar no desenvolvimento da tecnologia de identificação por fragmentos de impressão digital e outra na aquisição de sinais biométricos por meio de dispositivos com e sem contato, por exemplo.
O relacionamento entre a Griaule e a Unicamp já tem 20 anos, desde o início da empresa nos programas da Incamp. Hoje, a empresa mantém escritórios nos EUA, Europa e México, mas a sede continua sendo no distrito de Barão Geraldo em Campinas, próxima a uma das entradas da Universidade.
“A Unicamp constitui o principal ecossistema de inovação e tecnologia da América Latina, além de ser uma das principais universidades na área de ciências da computação. Essa proximidade com uma instituição de excelência nos permite a contratação de mão de obra de altíssimo nível e a colaboração em projetos tecnológicos”, justifica João Weber, CEO da Griaule, sobre a longa parceria com a Universidade.
Esses e outros dados de inovação e empreendedorismo estão disponíveis no Relatório Anual de Atividades da Inova Unicamp de 2021. Na mesma publicação, também é possível conferir resumos das transferências de tecnologias da Unicamp para o setor empresarial e para outras instituições, que totalizaram 30 licenciamentos, além de outros resultados.
Matéria original publicada no site da Agência de Inovação Inova Unicamp.