O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp concedeu, nesta quarta-feira (23/3), o diploma de Professor Emérito a Carlos Alfredo Joly, professor titular aposentado do Instituto de Biologia (IB). Joly foi pioneiro nos estudos em ecofisiologia vegetal moderna no país e um dos criadores do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade. O Programa Biota-Fapesp trouxe contribuições importantes para o avanço científico e a elaboração de políticas em prol da biodiversidade.
A cerimônia contou com a participação do Reitor Antonio José de Almeida Meirelles, da Coordenadora-Geral Maria Luiza Moretti, do diretor do IB, professor André Freitas, e da professora Sandra Guerreiro, madrinha de Joly. Docentes do IB, familiares e amigos do novo Professor Emérito também acompanharam o evento na sala do Consu.
"É uma honra receber esse título de uma instituição que está em meu coração desde quando decidi nela ingressar", comentou Joly ao revisitar sua experiência na Unicamp. Formado em Biologia pela Universidade de São Paulo (USP) em 1976, ele é mestre pela Unicamp (1979) e doutor em ecofisiologia vegetal pela Universidade de St. Andrews, na Escócia (1982). Desde 1997, é professor titular do IB na área de ecologia vegetal.
Ao longo de sua carreira, publicou mais de 120 trabalhos científicos e 13 livros. Como orientador, formou 28 mestres e 26 doutores. No IB, foi coordenador dos programas de pós-graduação em Ecologia e Biologia Vegetal e chefe do Departamento de Biologia Vegetal nos períodos de 1987-1989 e 2006-2010. Atuou na implantação do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e foi seu coordenador. Foi também pró-reitor de Pós-Graduação entre 1996 e 1998. Também participou ativamente do Núcleo de Ecologia Humana da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam).
Carlos Joly desenvolveu um intenso trabalho de formulação de políticas públicas para a biodiversidade. Entre 1978 e 1979, participou do movimento pela regulamentação da profissão de biólogo. Em 1988, contribuiu na redação do capítulo sobre o meio ambiente da Constituição Federal. Foi membro da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, além de participar da criação da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, mantida pelas Nações Unidas. Hoje, é membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp) e coordenador da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. Por seu percurso como pesquisador , recebeu vários prêmios, entre eles a Medalha de Mérito Científico do Governo Federal.
"Hoje a inspiração de meu trabalho são meus netos. Espero que deixemos para eles um mundo mais sustentável do que este em que vivemos", refletiu Joly ao receber o diploma.
Biota-Fapesp e contribuição para políticas ambientais
Uma das principais contribuições de Joly foi a criação do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (Biota-Fapesp). Idealizado em 1999, o programa teve papel fundamental no mapeamento da biodiversidade do Estado de São Paulo e na formação de pesquisadores, além de influenciar a elaboração de políticas públicas para o setor. "O programa contribuiu para a criação de leis estaduais que hoje são urgentes. A ciência serviu de base para a formulação de políticas públicas de modo efetivo e prático, não apenas teórico.O legado do Programa Biota é, talvez, um dos mais importantes para o Estado de São Paulo, e mesmo para o país", ressaltou André Freitas.
A Coordenadora-Geral e o Reitor da Unicamp destacaram a importância de Joly em áreas de intersecção do mundo acadêmico com a sociedade. "Ao extrapolar os muros da Universidade, você leva a Unicamp junto. Assim, ela é reconhecida por seu universo científico no Brasil e no exterior", destacou Maria Luiza Moretti. "Sua carreira é inspiradora. Gostaria que os alunos dos mestres e doutores que você formou, alguns deles docentes da Unicamp, sigam seus passos".
"Na história da Unicamp temos desbravadores. Pessoas que plantaram sementes na ciência do país, permitiram que ocorressem revoluções, promoveram uma descontinuidade com o passado para transformar o futuro de uma forma mais veloz. Se queremos um mundo melhor, precisamos ter a generosidade de levar essa mensagem para fora", comentou Antonio Meirelles.