O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, disse na terça-feira (10), na abertura do V Congresso de Óleos e Gorduras, que o maior desafio da academia hoje é encontrar uma forma eficiente de se relacionar com o mundo exterior.
Segundo ele, as universidades e institutos de pesquisa são capazes de gerar novas perspectivas de desenvolvimento para o país, mas, para isso, precisam se abrir para o diálogo com a sociedade.
"O grande desafio da universidade e instituições de pesquisa, ciência e tecnologia é abrir-se para o mundo que está fora dos seus muros", disse o reitor na palestra de abertura do congresso, promovido pela Sociedade Brasileira de Óleos e Gorduras (SBOG), entidade que há quase três décadas atua no desenvolvimento de pesquisas no campo de óleos, gorduras, derivados e matérias-primas destinados ao setor de alimentos.
O evento, que reuniu profissionais que atuam na indústria, professores, pesquisadores e estudantes, contou com o apoio de instituições como a Embrapa, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Unicamp.
Na palestra de abertura - intitulada "Ciência e Tecnologia no Brasil: desafios e perspectivas" -, Meirelles lembrou que não há registro na história de um país que tenha se desenvolvido sem ciência e tecnologia. "Sem isso, seremos para sempre um país em desenvolvimento", afirmou.
Sua avaliação sobre o impacto da ciência e tecnologia na sociedade baseia-se na experiência na Unicamp. Ele expôs os problemas que as universidades públicas enfrentaram nos últimos anos e defendeu sua autonomia acadêmica e orçamentária.
Alertou ainda para a necessidade de o mundo acadêmico ser pró-ativo na aproximação com a sociedade. "Um tema que devemos abraçar com ênfase são os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Temos de ser capazes de reunir a sociedade em torno a uma política que seja correta economicamente e inclusiva socialmente, que enfrente a questão da injustiça social e trate a questão ambiental com a devida importância", avalia.
"Nessas coisas há conflitos, mas temos de achar os pontos de sobreposição. O desafio é descobrir onde os conjuntos se encontram e definir políticas que possam resolver os problemas da sociedade. Cabe à Universidade enfrentar esse desafio".
Por isso, o reitor acredita que a universidade precisa se abrir. "O país precisa se desenvolver e ciência, tecnologia e ensino superior são decisivos nesse processo. Mas esse desenvolvimento tem de ser ambientalmente correto, socialmente justo e viável do ponto de econômico", argumentou.
"A empresa precisa ter lucro, mas não pode ter lucro prejudicando o meio ambiente, ou excluindo as pessoas do desenvolvimento. Essa é a agenda que devemos levar para o mundo da política", afirma.
Meirelles lembrou que a Unicamp elaborou uma carta pela ciência e educação e pretende entregar o documento a todos os candidatos à presidência do Brasil que se dispuserem a visitar a Universidade. A carta está disponível para consulta.