A Unicamp e a Embrapa estabeleceram uma parceria há pelo menos 30 anos, quando a Universidade concedeu a área para a instalação da Embrapa Agricultura Digital. Desde então, desenvolveram vários projetos de pesquisa em conjunto, com resultados benéficos para o setor agrícola do país. Em reunião realizada na última quinta-feira (19), as instituições discutiram o aprofundamento dessa parceria.
Participaram do encontro o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, o pró-reitor de Pesquisa, João Romano, o chefe-geral e o chefe-adjunto de administração da Embrapa Agricultura Digital, Stanley Oliveira e Eduardo Caputi, e a pesquisadora do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, Priscila Coltri.
A renovação da Unidade Mista de Pesquisa em Genômica Aplicada a Mudanças Climáticas (UMIP-GenClima), um centro conjunto de pesquisa das duas instituições, criado em 2012, foi uma das pautas da reunião. O UMIP atua no desenvolvimento de plantas mais resistentes à crise climática, e já descobriu, por exemplo, uma proteína envolvida na resposta do milho à seca, ao aumento de temperatura e aos fungos.
Também foi discutida a renovação da concessão do prédio onde se encontra a Embrapa Digital. No espaço, também se localiza o Cepagri, uma das unidades que têm intensa parceria com a Embrapa.
Para o reitor da Unicamp, a aproximação com a Embrapa tem permitido avanços importantes na agricultura e na produção de alimentos. Unir os esforços, frisa, propicia o aumento da produtividade agrícola, a redução do impacto ambiental da produção e o fortalecimento da participação de produtos renováveis na indústria e na geração de energia.
“Temos colaborações entre diferentes unidades da Unicamp e a Embrapa da região e de outras localidades do país. A Unicamp tem força na área agrícola e de alimentos, que dialoga com as atribuições da Embrapa, e também na questão da tecnologia da informação, na área digital, muito importante hoje para o desenvolvimento agrícola”, aponta.
Priscila Coltri destaca as trocas científicas nas áreas agrícola, de clima e informática. Uma delas gerou uma política pública adotada nacionalmente, o zoneamento de riscos do clima. “Foi um projeto enorme. O programa surgiu porque tínhamos muitas perdas agrícolas, ocasionadas por chuvas e secas extremas. Quando juntamos forças, conseguimos associar as fases fisiológicas da planta ao clima. Isso se tornou um instrumento de gestão pública e uma política pública federal. Hoje em dia, o seguro e crédito rural estão diretamente ligados ao zoneamento”, diz.
Stanley Oliveira, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, ressalta que a instituição possui 43 centros de pesquisa no domínio agrícola, sendo um deles em Tecnologia da Informação (Embrapa Agricultura Digital). Em Campinas, boa parte das 70 pessoas da equipe foi formada pela Unicamp. A Universidade, avalia, é fundamental para a área. “Queremos construir soluções juntando duas instituições de grande relevância para o país. Hoje, 27% do PIB vem da agricultura, e o Brasil alimenta cerca de 900 milhões de pessoas no mundo. Nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, queremos que o mundo olhe para o Brasil quando se tratar de responder à pergunta de como alimentaremos mais de 9 bilhões de pessoas em 2050. Estamos trabalhando com tecnologia, inteligência artificial, internet das coisas, para responder a isso”.
