O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, recebeu na tarde de terça-feira (24) a deputada estadual Erica Malunguinho (Psol). Em documento, a parlamentar pede a adoção de políticas afirmativas de acesso e permanência na Universidade nos cursos de graduação e pós-graduação para pessoas trans, travestis, não binárias, transmasculines e transfeminines.
A educadora Erica Malunguinho nasceu em Pernambuco. Aos 17 anos, iniciou pesquisa em artes performáticas sobre a construção de "identidades transvestigeneres". "As políticas afirmativas de cotas para pessoas trans são fundamentais para que possamos ressignificar, ocupar e produzir conhecimento no âmbito da universidade a partir de corpos que são sistematicamente marginalizados na sociedade", diz o documento entregue ao reitor.
Segundo Malunguinho, trata-se de uma parcela da população sem acesso à saúde, à educação e ao mercado de trabalho. O pedido ao reitor é motivado pelos movimentos da própria Unicamp que, em 2017, implantou cotas raciais e realizou vestibular indígena.
A deputada lembrou que instituições como a UFBA (Universidade Federal da Bahia), UFBC (Universidade Federal do ABC) e UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia) já adotaram o sistema de cotas para pessoas trans, assim como os programas de pós-graduação dos Institutos de Artes, Economia, Filosofia e Ciência Humanas e da Faculdade de Educação da Unicamp.
O reitor agradeceu os recursos enviados à Unicamp por meio de emendas da parlamentar, utilizados para complementar o orçamento da saúde da Universidade. Meirelles afirmou ainda que a Universidade está disposta a discutir a questão das formas de acesso e da permanência estudantil.
Para o professor Sávio Cavalcante, assessor da Pró-Reitoria de Graduação, é preciso que a universidade acompanhe os movimentos sociais e conheça os modelos seguidos pelas universidades que adotaram essa modalidade de ação afirmativa. Segundo ele, a proposta merece ser bem analisada, para que haja o efetivo aprimoramento da inclusão e permanência na universidade.
Aluna de graduação em Pedagogia, Paris Universe Almeida de Souza ressaltou a necessidade de políticas públicas de ações afirmativas para pessoas trans. Segundo ela, dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) de 2020 mostram que 75% da comunidade trans não concluiu o Ensino Médio, e apenas 0,02% se encontram no Ensino Superior.
A deputada participou depois de evento no Teatro de Arena da Unicamp, organizado pelo Núcleo de Consciência Trans da Universidade e pelo Ateliê Transmoras, em que falou para estudantes, apoiadores e simpatizantes.