É possível tratar o tabagismo e cuidar da saúde e do planeta

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Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) realiza abordagens intensivas com pessoas que desejam parar de fumar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano. Dessas mortes, mais de sete milhões resultam do uso direto do produto, enquanto cerca de 1,2 milhão são provocadas pela exposição de não-fumantes ao fumo passivo. São diversos os produtos derivados do tabaco, entre eles cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, cigarrilha, bidi, tabaco para narguilé, rapé, e dispositivos eletrônicos.

O impacto da indústria do tabaco no meio ambiente é vasto e crescente. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), anualmente 600 milhões de árvores são cortadas, 84 milhões de toneladas de CO2 são liberadas na atmosfera e 22 bilhões de litros de água são gastos na produção de cigarros e outros derivados. Por isso, a campanha de 2022 da OPAS nesta terça-feira (31) - Dia Mundial Sem Tabaco - destaca o longo ciclo do produto e o impacto do cultivo, da fabricação, da distribuição, do consumo e dos resíduos pós-consumo do fumo e seus derivados no planeta e na saúde humana.

Veja aqui a campanha.

O Brasil se tornou, em julho de 2019, o segundo país a implementar integralmente as medidas do plano da OMS para reverter a epidemia do tabagismo. Uma dessas medidas é oferecer ajuda a quem deseja parar de fumar. No Hospital de Clínicas da Unicamp, o Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) realiza, desde 2002, abordagens  intensivas nesse sentido. O ASPA é uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. Por semana, o ASPA-Tabagismo atende 20 pacientes. O atendimento é no modelo “porta aberta”, e a entrada é por meio do grupo de motivação, que se reúne às quartas-feiras, às 7h30 da manhã.

Leia aqui o material informativo do ASPA.

“É possível tratar o tabagismo. A combinação de medidas comportamentais, trabalhadas principalmente em grupo, com o auxílio farmacológico, como a terapia de reposição de nicotina, tem se mostrado eficaz para quem deseja deixar o cigarro”, explica a psiquiatra e responsável pelo ASPA, Renata Soares de Azevedo.

De acordo com a médica, o cigarro de combustão tem mais de quatro mil substâncias tóxicas ao organismo. As doenças mais prevalentes são as cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral (AVC), além de diversos tipos de câncer e doenças respiratórias. Para piorar, a nicotina tem elevado potencial de causar dependência.

“O tabagismo está na base das doenças crônicas não-transmissíveis e seu impacto no Sistema Único de Saúde (SUS) é muito elevado. Quando você o reduz, você aumenta a expectativa de vida da população. Portanto, é uma medida muitíssimo custo-efetiva para o paciente e para nosso sistema de saúde”, reforça Renata.

Percepção social e cigarro eletrônico

Nos últimos 30 anos, a percepção social com relação ao tabagismo mudou. Menos jovens têm iniciado o tabagismo, e as pessoas de mais idade têm buscado apoio para cessá-lo. “O Brasil é considerado um caso de sucesso. A faixa etária de iniciação ao tabagismo permanece a jovem, mas nossas taxas, que antes chegavam a 40% de fumantes, hoje estão em torno de 10%. O tabagismo está concentrado predominantemente entre adultos e pessoas mais idosas”, diz.

Embora tenha havido uma redução na iniciação ao tabagismo entre os jovens, o uso de cigarro eletrônico tem crescido nessa faixa etária no mundo todo, alerta Renata. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a comercialização, a importação e a propaganda de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar.

Os cigarros eletrônicos foram lançados como uma estratégia de redução de danos para quem não conseguia parar de fumar usando outros métodos, mas se mostrou ineficaz. Hoje, muitos fazem uso do cigarro eletrônico e do convencional ao mesmo tempo. Além disso, há relatos nos Estados Unidos de uma doença respiratória chamada de Injúria Pulmonar Relacionada ao Uso de Cigarro Eletrônico (Evali).

“O propilenoglicol e glicerol, usados nos cigarros eletrônicos, quando aquecidos, são danosos à saúde. Os jovens que usam cigarro eletrônico não são ex-tabagistas que estão tentando deixar de fumar, eles estão iniciando o tabagismo pelo uso do cigarro eletrônico. Está na hora de nos concentrarmos na discussão e na prevenção do uso dos cigarros eletrônicos”, aconselha.

Matéria original publicada no site do Hospital de Clínicas da Unicamp.

 

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Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) realiza abordagens intensivas com pessoas que desejam parar de fumar

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