Com a participação de 440 professores de várias regiões do Brasil, a Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) encerrou, no sábado, 28 de maio, o principal evento anual para discutir a prova de Redação aplicada no Vestibular Unicamp. Pela primeira vez, a oficina “A Redação no Vestibular Unicamp” foi realizada em dois formatos: presencial e online. O evento presencial ocorreu no Centro de Convenções da Unicamp, no dia 21 de maio. Entre os inscritos, estavam professores das redes particular e pública, especialmente do Ensino Médio e de cursinhos, bem como alunos do último ano de graduação e de pós-graduação, todos ligados às áreas da linguagem. Neste ano, a oficina teve um debate com os professores Manoel Luiz Gonçalves Corrêa, da Universidade de São Paulo (USP), e Neil Franco, da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Experiente na elaboração das provas de Redação na UEM, Franco apresentou ao público as mudanças pelas quais a prova passou desde 2007. Ele explicou que os ajustes ocorreram porque a instituição entende ser necessário o aprimoramento constante do processo.
“Boa parte disso veio do diálogo com a comunidade escolar. Podemos até admitir que é o vestibular que direciona o ensino, mas, se olharmos de outra maneira, veremos que instituições como a UEM e a Unicamp procuram mostrar como é possível estabelecer o ensino de língua portuguesa e as práticas de produção escrita respeitando os documentos referenciais e as pesquisas com a comunidade escolar, para entender o que é necessário ajustar. Portanto, o que trouxe aqui não é resultado somente de um trabalho interno, mas também do diálogo com a comunidade escolar”, salientou.
A Oficina é uma oportunidade para os professores entenderem o formato da prova de Redação da Unicamp e preparar seus alunos para o vestibular. A coordenadora acadêmica da Comvest, professora Márcia Mendonça, destacou que o evento é realizado há 18 anos e enfatizou a importância dos professores da rede básica para a educação. Para ela, a Oficina é uma importante forma de diálogo sobre o vestibular.
Reencontros
Bruna Delgado é de Maringá e faz doutorado na Unicamp. Ela participou da Oficina na modalidade presencial e reencontrou Neil Franco, seu professor no mestrado. Em sua exposição, Franco usou como exemplo a prova de Redação do ano em que do ano em que Bruna ingressou no curso de Letras. “Optei pela modalidade presencial porque parte do meu doutorado foi feita remotamente. Quando vi a possibilidade de um evento presencial, não tive dúvida, pois acho que nos faz sentirmos pertencentes”, explicou Bruna.
Abrir as portas e ouvir
A coordenadora da Oficina, Luciana Quitzau, destacou o papel da iniciativa da Comvest em aproximar os professores e o Vestibular Unicamp e lembrou que poucos são os exames em larga escala que abrem as suas portas para acolher os educadores e buscar esclarecer suas dúvidas.
“Há quase 20 anos, a Oficina de Redação proporciona o contato direto com quem trabalha no processo de correção das provas. Ela promove um ambiente de interação, em que o professor se sente à vontade para expor suas dúvidas e buscar respostas que nem sempre estão claras nos materiais disponíveis. Além disso, os comentários, as dificuldades e os elogios são encaminhados aos elaboradores em um processo de parceria, com vistas ao aprimoramento constante da prova. A Comvest se orgulha de manter esse caminho aberto e espera atender a um número significativo de professores para, com isso, chegar a um número ainda maior de alunos”, afirmou Luciana.
Abrangência nacional
O local de origem dos professores e estudantes presentes tanto na modalidade presencial como na opção online evidenciou o interesse e a abrangência da Oficina de Redação. Havia participantes de vários Estados, como Rondônia, Santa Catarina, Paraná, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Maria Rosilene Marques veio do Rio de Janeiro especialmente para o evento. Ela contou que foi interessante conhecer mais sobre a prova e a maneira como a banca avalia os candidatos como pessoas, e não como números, considerando a sua capacidade de leitura e escrita. “Isso é importante para quem está se formando professor e irei levar essa ideia para a sala de aula”, disse Rosilene, que é cega e teve acesso ao conteúdo adaptado da apostila da Oficina.