Na última terça-feira (14), a Unicamp recebeu a visita de Roza Doubnik, engenheira do Fermilab, laboratório especializado em Física de Partículas de alta energia do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Doubnik apresentou os resultados já obtidos e as perspectivas para o projeto DUNE - Deep Underground Neutrino Experiment -, realizado em cooperação científica com o Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW). Ela foi recebida pelo reitor Antonio Meirelles, por Mônica Cotta, diretora do IFGW, Pascoal Pagliuso, professor do IFGW, e André Augusto, engenheiro físico da Equatorial Sistemas, empresa parceira do projeto.
A parceria entre a Unicamp e o Fermilab foi iniciada em 2018 com um convênio para pesquisas experimentais e intercâmbio de alunos. Em 2020, foi ampliada com um acordo entre as instituições, firmado durante a 5ª Reunião da Comissão Mista Brasil-EUA de Cooperação Científica e Tecnológica (Comista). Ele prevê atividades de Pesquisa e Desenvolvimento durante a primeira fase do projeto e, na segunda etapa, a execução do projeto de engenharia da infraestrutura de equipamentos necessários. Também integram a equipe do IFGW envolvida no projeto os professores Thiago Alegre, Cris Adriano, Ettore Segreto e Ana Machado. Outros pesquisadores colaboraram com o projeto, entre eles Nei Oliveira, docente da USP.
O DUNE consistirá na instalação de detectores de neutrinos em diferentes pontos dos Estados Unidos, a começar por Batava, no Estado de Illinois, sede do Fermilab. Desse local, será gerado um feixe de neutrinos que atravessará cerca de 1300 quilômetros da crosta terrestre até Leads, na Dakota do Sul, onde um segundo reator, feito com 40 mil toneladas de argônio líquido, será instalado a 1400 metros de profundidade. As pesquisas envolvidas no desenvolvimento dessas tecnologias tornarão possíveis investigações de novos fenômenos subatômicos e a ampliação do conhecimento sobre os neutrinos e seu papel na formação do universo.
Os pesquisadores do IFGW atuam no desenvolvimento de novos métodos para a detecção de neutrinos - caso do projeto Arapuca, coordenado por Ettore Segreto e Ana Machado - e agora devem trabalhar na construção de componentes para os detectores do DUNE. “Trabalhar com pessoas de todo o mundo é muito empolgante. Os pesquisadores do Fermilab estão ansiosos para atuar com os colegas do Brasil na fase 2 do projeto”, comenta Roza Doubnik.
O custo estimado da segunda etapa é de 30 milhões de dólares. O projeto depende do apoio de agências de fomento e de outras instituições financiadoras. “Somos parceiros preferenciais para realizar tudo aqui no Brasil. É importante participar dessa iniciativa. Liderar esse projeto será uma experiência excepcional para a Unicamp”, avalia Pascoal Pagliuso.
O reitor da Unicamp elogiou o empenho dos pesquisadores e o potencial do projeto para agregar diferentes parceiros. “Temos que nos aproximar dessas pessoas e renovar nossa relação com elas. Daremos todo o suporte possível para que o projeto se torne realidade”, afirmou Meirelles.
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