Unicamp, USP e Unesp iniciaram, na última quarta-feira (15), um movimento que poderá resultar em uma integração inédita na história das instituições. Grupos de trabalho formados por pró-reitores, professores, pesquisadores e servidores das três universidades começaram a estudar a unificação de processos e o compartilhamento de dados, programas e conteúdos.
Uma das propostas diz respeito ao vestibular indígena. Atualmente, Unicamp e Ufscar realizam um exame unificado. Em 2022, houve 2.805 inscritos, em diferentes cursos das duas universidades. A ideia é ampliar a seleção para as outras duas estaduais, segundo o pró-reitor de Graduação da Unicamp, Ivan Toro.
Em nível de graduação, discutiu-se a redução da burocracia na validação de créditos em disciplinas para facilitar o intercâmbio entre as universidades. Outra proposta é a adoção de medidas conjuntas para o enfrentamento da pandemia, como prevenção e protocolos de segurança. Um grupo de trabalho será criado para avaliar os impactos do ensino remoto no aprendizado.
Novo modelo de pós-graduação
Discutiu-se também um novo modelo de pós-graduação, com menor tempo de duração. Atualmente, para concluir o mestrado e o doutorado, são necessários nove anos. Para o pró-reitor de Pós-Graduação da USP, Márcio de Castro Filho, isso é muito tempo.
A média de idade para o ingresso na pós-graduação é de 33 anos, com estudantes que iniciam o curso aos 37 anos. Para o pró-reitor, esse grupo chega muito tarde ao mercado de trabalho. A proposta é reduzir o tempo de formação, com foco no doutorado. A expectativa é concluir o projeto este ano. Propôs-se, ainda, que também a Pós-Graduação adote regras de inclusão, e que seja implementada uma plataforma de integração das três universidades.
A Pró-reitoria de Pesquisa anunciou a criação do Congresso Unificado de Iniciação Científica, a ser realizado a partir de 2023. Segundo o pró-reitor de pesquisa da Unicamp, João Romano, o objetivo é estimular os estudantes a apresentarem trabalhos de pesquisa como forma de recepção aos calouros. Outra proposta é a participação conjunta em editais e a implantação de regras que facilitem a importação de equipamentos de pesquisa.
O Grupo de Cultura e Extensão programou uma série de atividades culturais para este ano e o próximo, com apresentações das orquestras sinfônicas das três universidades em São Paulo e uma exposição itinerante nos campi das três universidades.
Também houve propostas de integração nas áreas de Comunicação, Relações Internacionais, Inovação e das novas áreas de Direitos Humanos, Inclusão e Pertencimento. “O que tivemos aqui pode gerar uma explosão de conhecimento. A variedade de temas discutidos mostra a capilaridade que podemos alcançar”, disse o reitor da Unicamp, Antonio Meirelles. “Temos capacidade para resistir e também para construir um futuro melhor”, acrescentou.
“As universidades se agigantaram ao longo de sua história, mas, unidas podem fazer mais”, disse o reitor da Unesp, Pasqual Barretti. “Podemos ser uma luz para a sociedade”.
“Somos mais fortes unidos. Temos problemas comuns, mas sabemos que não estaremos sozinhos”, afirmou o reitor da USP, Carlos Carlotti. “Agora é trabalhar, pois temos muito a implementar”, finalizou.
“Estamos em um momento de construção. O que fazemos agora poderá ser um marco para o futuro das universidades”, disse a coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti. Para ela, as universidades públicas paulistas “são o maior patrimônio do Estado de São Paulo”.
Também participaram do encontro a vice-reitora da USP, Maria Arminda Arruda, e a da Unesp, Maysa Furlan.
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