Cartilha para promoção da equidade de gênero é lançada na Unicamp

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Formada por um grupo de 90 participantes de 27 unidades, a Rede de Mulheres Acadêmicas da Unicamp lançou na quarta-feira (22) uma cartilha de boas práticas para a promoção da equidade de gênero na Universidade. Dividido em três grandes eixos, o guia traz medidas a serem adotadas tanto em caráter institucional como nas relações interpessoais no trabalho. Além disso, alerta sobre o enfrentamento a situações de assédio sexual e moral. 

Apresentada pelas professoras do Instituto de Biologia (IB) Clarice Palma e Sandra Guerreiro, a cartilha lembra que a busca pela equidade de gênero deve ser uma das metas da cultura organizacional da Universidade. O guia contou com o apoio da Comissão Assessora de Gênero e Sexualidade da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) e trata da igualdade de direitos, responsabilidades e oportunidades entre os gêneros.

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Dividido em três grandes eixos, o guia lançado traz medidas a serem adotadas tanto em caráter institucional como nas relações interpessoais no trabalho

Desigualdades no ambiente de trabalho

O documento sugere que a Universidade promova debates sobre as causas e consequências das desigualdades no ambiente de trabalho, além de promover ações de combate por meio de palestras, seminários, rodas de conversa, treinamentos e workshops. Pede, também, que seja estimulada a conscientização a respeito de datas significativas para a promoção da igualdade e a realização de pesquisas periódicas para diagnosticar situações de desigualdade. Além disso, propõe que a instituição crie metas para reparar os problemas identificados, proporcionar oportunidades de melhoria e monitorar a eficácia das medidas implementadas.

Indica, ainda , a necessidade de paridade entre homens e mulheres em bancas de seleção e contratação de docentes, de concursos e de defesas e no credenciamento nos programas de pós-graduação. Também sugere ações de boas práticas nas atividades acadêmico-científicas. “A desproporção de gênero com relação aos convites para participação em eventos científicos é uma realidade, o que diminui a representatividade feminina e a possibilidade de inspirar outras mulheres a seguir a carreira acadêmica”, diz o texto da cartilha.

Compromisso Institucional

Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu e coordenadora da Comissão Assessora de Gênero e Sexualidade da Diretoria Executiva de Direitos Humanos, a antropóloga Regina Facchini disse que a publicação da cartilha é um momento importante na luta da  Universidade pela equidade, “sobretudo porque lutamos com questões estruturais e muito arraigadas em nossa sociedade, que vêm mudando muito lentamente”.  

A pesquisadora lembrou que estudos feministas e de gênero, e a preocupação com os direitos da mulher, não são novos na Universidade. “O Pagu existe como grupo de pesquisa desde os anos 1970, de modo muito articulado ao movimento feminista. Temos dezenas de grupos importantes em várias áreas de conhecimento; centenas de pesquisadores e pesquisadoras e dezenas de coletivos universitários trabalhando com esse tema. Temos muito caminho trilhado. Muitos homens e mulheres nos precederam nessa luta por equidade”, lembrou.

“A Comissão Assessora e a Diretoria Executiva de Direitos Humanos são parte do compromisso da Universidade com a equidade de gênero e com os Direitos Humanos de forma ampla”, afirmou. “As várias organizações que têm sido criadas pela comunidade são o testemunho do seu amplo engajamento nas diferentes questões relacionadas à equidade e à igualdade, de gênero, de raça e de outros tipos”, reforçou Ana Maria Almeida, da Faculdade de Educação e da DeDH.

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O guia contou com o apoio da Comissão Assessora de Gênero e Sexualidade da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) e trata da igualdade de direitos, responsabilidades e oportunidades entre os gêneros

Conceitos

O texto da cartilha traz conceitos conhecidos a respeito de machismo e empoderamento, mas também esclarece nuances da discriminação. Explica, por exemplo, o significado de “micromachismo”, ou  “microagressões” – um conjunto de atitudes e comentários preconceituosos em relação à mulher, geralmente dissimulados ou sutis.

O guia explica conceitos em inglês usados para descrever situações de discriminação. Por exemplo, o mansplaining, que designa os casos em que homens presumem que as mulheres não têm conhecimento sobre algo e que eles precisam explicar isso a elas. Outro termo, manspreading, se refere ao abuso de espaço, comum no transporte público e em outros assentos compartilhados, quando homens se sentam com as pernas muito abertas, desrespeitando o espaço das pessoas ao lado. 

gaslighting descreve um tipo de manipulação psicológica na qual o agressor leva a vítima a questionar sua própria inteligência, memória ou sanidade. A vítima do gaslighting tende a desconfiar da sua própria percepção da realidade. “Você está louca”, “você está exagerando” ou “você está mentindo” são exemplos de falas comuns em situações de gaslighting. A violência psicológica é sutil e difícil de ser identificada, lembra a cartilha.

Dez ações que podem ser adotadas

O guia descreve 10 ações que podem ser adotadas cotidianamente e, assim, contribuir para a equidade. Uma delas é um alerta direto à mulher: “Não desista de falar quando for interrompida ou se sentir silenciada”, orienta a cartilha. “Destaque a necessidade de terminar a sua linha de raciocínio e dê continuidade a sua exposição''.

“Discuta e repudie situações que coloquem as mulheres em posição de desvantagem e que as forcem a aceitar tarefas indesejadas”, diz outro alerta. “Interrompa a conversa quando houver assuntos inapropriados. Insista em trocar a pauta para assuntos profissionais e demonstre sua insatisfação com o conteúdo da conversa”, ensina outro aviso.

Contribuição dos homens para equidade

O guia também informa como os homens podem contribuir para a equidade. “Procure informações sobre o assunto. O desconhecimento não deve ser usado como justificativa diante de alegações de má conduta", adverte o manual. “Aja pelo fim da violência contra a mulher. Promova políticas institucionais de tolerância zero em relação ao assédio sexual, assédio moral e discriminação de gênero”, continua.

“Apoie as mulheres para ascensão na carreira e para que assumam posições de poder. Respeite e apoie mulheres em posição de poder”. O manual lembra que os homens devem reconhecer seus privilégios e abrir mão deles. “Estes são aspectos essenciais para homens que querem se engajar e servir de exemplo numa política de equidade de gênero”.

Como identificar um caso de assédio

O guia ainda traz informações sobre como identificar um caso de assédio e denunciá-lo. Explica suas várias formas, como o assédio moral institucional (quando a própria organização incentiva ou tolera atos de assédio), assédio moral vertical, horizontal, misto, ascendente ou descendente.

Sobre assédio sexual, o guia traz os princípios básicos da Política de Combate à Violência Sexual da Unicamp e divulga informações essenciais sobre os canais de denúncia existente na Universidade, envolvendo docentes, funcionários ou alunos.

 

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O guia contou com o apoio da Comissão Assessora de Gênero e Sexualidade da Diretoria Executiva de Direitos Humanos 

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004