Doutorando do NICS, Micael Antunes estreia composição no Festival Gaudeamus, na Holanda

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Quem somos e como a música que produzimos nos representa? Esta é a pergunta que motivou a composição Gestos: Um Tributo a Jaques Morelembaum, do músico e doutorando do NICS Micael Antunes, que terá sua estreia no Festival Gaudeamus, na Holanda, no dia 10 de setembro.

A obra é uma homenagem ao músico Jaques Morelembaum, conhecido como a alma do violoncelo brasileiro. Amplamente premiado e renomado no meio musical, Morelembaum já trabalhou com artistas como Tom Jobim, Caetano Veloso, Gal Costa, Ivan Lins, Julieta Venegas, David Byrne, Sting, entre outros.

Realizado na cidade de Utrecht, o Festival Gaudeamus apresenta um viés contemporâneo, mesmo após seus 75 anos de existência. Ao inserir-se no meio urbano, o Festival buscou adaptar-se para não perder a proximidade da relação entre público e som, trazendo predominantemente músicos jovens como uma forma de dar maior visibilidade aos novos talentos.

A Performance De Gestos

Gestos é uma obra para violoncelo solo e eletrônica, com um viés contemporâneo na relação entre instrumento, processamento digital e sons eletrônicos. A composição foi inspirada por uma performance, a que Micael assistiu em 2015, do Cello Samba Trio, grupo com uma visão panorâmica do samba liderado por Morelembaum.

"Acho que nossas expressões artísticas emergem de interações, conflitos e belezas da vida cotidiana. No contexto do violoncelo, o Jaques Morelenbaum representa esses conflitos e a pluralidade: às vezes, apresenta-nos uma ambientação super melódica, como uma obra romântica europeia, às vezes imita o canto sutil de João Gilberto. Pode imitar um contrabaixo, brincar com efeitos e ruídos das cordas, ou mesmo ser um instrumento de percussão. Retratar todas essas faces do violoncelo do Morelenbaum é a ideia de Gestos", diz Micael.

Ambiguidade e Movimento 

Quanto à pergunta inicial que motivou a composição de Gestos, Micael não chegou a uma resposta, mas explica que a questão remete a dois aspectos importantes: ambiguidade e movimento. A ambiguidade é observada nos conflitos que o sincretismo da música brasileira carrega em relação ao histórico colonialista. "Acho que o sincretismo não é pacífico, mas reflete vários conflitos na vida social e política até hoje", diz.

Já o movimento diz respeito à pluralidade da música brasileira, um sintoma desses conflitos complexos que levam à emergência de uma diversidade de soluções artísticas. "Entendo que a performance do violoncelo em nossa música, com a musicalidade de Morelembaum, é representativa desse sincretismo que atravessa a nossa cultura", explica o autor.

A Influência do Projeto Cellomondo

O avanço da composição de Gestos se deve, em grande parte, à participação de Micael no Projeto Cellomondo em 2021. Organizado por Katharina Gross, violoncelista e performer austríaca, o projeto convida jovens artistas de diversos países para a criação de obras que desenvolvam e aprimorem a expressividade do violoncelo, por intermédio inclusive de instrumentos eletrônicos.

No contexto da colaboração, Micael contou com o auxílio do compositor Aurélio Edler-Copes, para a performance eletrônica em tempo real, e da própria idealizadora do projeto, Katharina Gross, como instrumentista.

Participação no NICS

Micael Antunes é estudante do Instituto de Artes da Unicamp e desenvolve sua pesquisa de doutorado através do NICS. O Núcleo auxilia-o em seu trabalho por meio do suporte de softwares para análise musical e com o laboratório de comunicação sonora, que pode ser utilizado como um estúdio, por ter um ambiente de áudio imersivo com oito alto falantes.

"O NICS centraliza uma série de pesquisas e cursos que ajudam também na minha formação como músico. Ele é fundamental para que eu possa aprender sobre as práticas da música contemporânea e para que eu tenha suporte para o que estou fazendo agora", ressalta o músico.

Matéria originalmente publicada no site da Cocen.

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Micael Antunes, que terá estreia no Festival Gaudeamus, na Holanda, no dia 10 de setembro.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004