O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp recebeu como doação a quantia de 485 mil euros (cerca de R$ 3 milhões de reais) para a implantação do Centro Nacional de Ensino e Treinamento em Radiofarmácia em Medicina Nuclear (NNM-RTC, sigla em inglês).
Para a formalização do projeto, que terá duração de quatro anos, o diretor técnico da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Enrique Estrada Lobato visitou o HC e a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) no dia 13 de setembro. A AIEA é um dos braços da Organização das Nações Unidas (ONU), localizada em Viena, Áustria.
O NNM-RTC será instalado na Medicina Nuclear do HC para a produção de radiofármacos ainda não disponíveis no Brasil para aplicações médicas. Atualmente, na Unicamp, há apenas o radionuclídeo flúor-18 que marca a flúor-desoxi-glicose (FDG), similar à glicose, para a detecção de tumores em órgãos e tecido em todo o corpo nos exames de PET/CT.
Líder no treinamento de radiofarmacêuticos
De acordo com a médica nuclear e docente Elba Cristina Sá de Camargo Etchebehere, o apoio financeiro da AIEA/ONU, por meio do projeto de Desenvolvimento Nacional, tornará a Unicamp líder no treinamento de radiofarmacêuticos no país e, possivelmente, na América Latina.
“O projeto permitirá a aquisição de equipamentos e insumos promovendo uma infraestrutura para o uso seguro de tecnologias em medicina nuclear. Além do treinamento de radiofarmacêuticos, o projeto formará médicos que serão referência em inovação na medicina nuclear e nas diversas outras especialidades médicas, além de físicos e tecnólogos. Consequentemente, novas linhas de pesquisa poderão ser desenvolvidas”, explica Elba, principal responsável pelo projeto.
Ela explica que o projeto abordará a síntese de cerca de 11 novos radiotraçadores para diagnóstico e tratamento em oncologia, neurologia, cardiopneumologia e infectologia. A síntese de radiofármacos que une aplicações diagnósticas e terapêuticas num único fármaco, modelo chamado de teranóstico, será um dos objetivos para o tratamento do câncer de próstata e de tumores neuroendócrinos.
Durante o período de vigência do Centro, a AIEA/ONU fará visitas científicas, workshops, reuniões, missões de especialistas, entre outros, para fornecer o conhecimento e a experiência técnica necessários para conduzir as várias etapas do projeto.
“Tais ações formarão profissionais que atuarão como referência no Brasil e na transferência de know-how adquirido na Unicamp. Isso promoverá a formação permanente de uma equipe multiprofissional e a ampliação do conhecimento da medicina nuclear em todo o Brasil”, comenta Bárbara Juarez Amorim, coordenadora do Serviço de Medicina Nuclear do hospital e assessora da Coordenadoria de Assistências (COAS) do HC da Unicamp.
Pesquisadores e investimento
Além do investimento da AIEA/ONU, há outras instituições parceiras e fontes de financiamento nacionais e internacionais envolvidas no projeto: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), CMR BRASIL, Cyclobrás LTDA, Centro de Desenvolvimento e Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN), Brain Institute da PUC-RS, Villas Boas Radiofármacos, R2IBF, Grupo RPH, Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Universidade de Pretória, África do Sul, e Hospital Anderson Cancer Center, dos Estados Unidos.
Compõem a equipe da Divisão de Medicina Nuclear do HC da Unicamp que fará parte do projeto na Unicamp os seguintes profissionais e pesquisadores: Elba Etchebehere, Allan Santos, Barbara Juarez Amorim, Sérgio San Juan Dertkigil, Celso Dario Ramos, Ludmila Almeida, Mariana Lima, Vania Castro, Daniel Onusic e Sergio Brunetto.
Visita ao HC e à FCM
Na parte da manhã, Enrique visitou também a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, onde foi recebido pelo diretor Claudio Saddy Rodrigues Coy, pelo coordenador do Escritório de Internacionalização da FCM Otávio Rizzi Coelho Filho e pelo diretor associado Erich Vinicius de Paula.
Enrique foi recebido na superintendência do HC pela enfermeira e assessora de projetos e pesquisa clínica do HC Eliete Zeferino, que fez uma apresentação sobre o hospital. Após a apresentação, ele conheceu o espaço da Medicina Nuclear do HC, onde será instalado o NNM-RTC. Toda a visita ao HC e à FCM foi acompanhada por Bárbara Juarez Amorim e Elba Etchebehere.
Matéria originalmente publicada no site do Hospital de Clínicas da Unicamp.