Um único doador pode salvar a vida de várias pessoas, pois é possível doar mais de um órgão e também tecidos. Entretanto, as filas de espera para receber um órgão, que sempre foram longas, aumentaram ainda mais por conta da pandemia. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2021, foram realizados mais de 12 mil transplantes no Brasil por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje existem no país 51.674 pacientes adultos ativos (junho de 2022) e mais 1.009 pacientes pediátricos na lista nacional de espera para transplantes.
O país conta com uma central nacional de doações no Ministério da Saúde e 27 centrais estaduais de transplantes. O sistema nacional de transplantes inclui 648 hospitais, 1.253 serviços e 1.664 equipes de transplantes habilitados. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e Tecidos (ABTO), no primeiro semestre deste ano, as taxas de notificação de potenciais doadores, de doadores efetivos e de realização das doações foram superiores às taxas do primeiro semestre de 2021.
De acordo com o neurologista, médico intensivista e coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) da Unicamp, Luiz Antônio da Costa Sardinha, para aumentar o número de doações, é necessário conscientizar a população sobre a importância de ser um doador de órgãos. No Brasil as principais causas de óbitos notificados de potenciais doadores são o acidente vascular cerebral – AVC – (53%) e os acidentes com traumas crânioencefálicos (31%).
“Para ser um doador, é fundamental comunicar essa decisão à família, que é quem vai consentir ou não sobre a autorização para a equipe médica realizar o procedimento. Quem doa não sabe quem vai receber, e quem recebe agradece a quem doou. A doação de um órgão é um ato de bondade”, explica Sardinha. A ABTO destaca que a taxa de recusa familiar ainda está alta (44%) e que nenhum dos estados atingiu a taxa de 40% de efetivação da doação.
Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação extracorpórea: de quatro a seis horas. Fígado e pâncreas vêm em seguida, com tempo máximo para transplante de 8 a 16 horas. Já os rins podem levar até 48 horas para serem transplantados. As córneas, por sua vez, podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos, até cinco anos.
Desde 1984 o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp é credenciado pelo Ministério da Saúde para a realização de transplantes. Até 2021, o HC da Unicamp realizou 8.666 transplantes de rim, córnea, coração, fígado e medula óssea. Veja aqui a tabela de transplantes gerais realizadas no HC da Unicamp.