Os professores e pesquisadores Marcelo de Carvalho Pereira e José Maria da Silveira integram a equipe do projeto Economics of Energy Innovation and System Transition (EEIST, economia da inovação energética e transição do sistema), que lança, nesta quinta-feira (22), o estudo "Dez princípios para a elaboração de políticas na transição energética: lições da Experiência". O projeto é liderado por um consórcio de acadêmicos especialistas em economia da complexidade e pensamento sistêmico do Reino Unido, União Europeia (EU), Brasil, China e Índia. O projeto visa aplicar novas abordagens econômicas para apoiar a tomada de decisões sobre políticas de descarbonização nos países parceiros.
Segundo o relatório, os governos devem usar deliberadamente o investimento público e a regulamentação para aumentar rapidamente as tecnologias de energia limpa, visando reduzir custos, atingir metas climáticas globais e impulsionar economias em todo o mundo.
O documento, baseado em uma análise abrangente das últimas três décadas da política energética global, mostra que, para replicar os sucessos notáveis da transição energética, como a energia eólica e a energia solar, os governos devem ir para além de apenas fornecer um ambiente onde as tecnologias são deixadas para competir entre si. Na verdade, eles devem usar proativamente as três alavancas da política (investimento, impostos e regulamentação) para acelerar a inovação e a redução de custos em tecnologias limpas. O estudo recomenda que os governos também tenham como alvo os “pontos de inflexão”, nos quais as tecnologias limpas ganham vantagem sobre os combustíveis fósseis, levando a uma rápida realocação de investimentos.
A proposta contrasta com o conselho econômico tradicional. Ao contrário de alguns dos conselhos dados a governos nos últimos 30 anos, a política, o investimento e a regulamentação podem reduzir os custos de energia em vez de aumentá-los, atrair investimentos privados em vez de eliminá-los e acelerar a inovação e o crescimento. Em oposição à ideia de que a política deve ser “neutra em termos de tecnologia”, o sucesso da energia eólica, da energia solar fotovoltaica e dos veículos elétricos foi impulsionado por governos que identificaram e apoiaram diretamente tais tecnologias.
O relatório “Dez princípios para a elaboração de políticas na transição energética: lições da Experiência” fornece dados claros sobre como e onde a política estimulou a inovação e o crescimento rápidos em tecnologias de energia limpa desde a década de 1990. Com base nesse conjunto de informações, o relatório pede que os governos reformulem, urgentemente, sua abordagem da questão de modo a acelerar a inovação, a criação de empregos e a redução de custos na transição dos combustíveis fósseis para a energia limpa.
As descobertas são convergentes com um relatório da Agência Internacional de Energia, da Agência Internacional de Energia Renovável e dos Campeões do Clima da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Esse relatório afirma que o mundo poderia progredir muito mais rapidamente em direção às metas climáticas globais coordenando ações práticas em cada um dos setores emissores da economia, com foco no cruzamento de pontos de inflexão nos quais as tecnologias limpas se tornam as opções mais acessíveis e atraentes.
Sobre o Projeto Economia da Inovação Energética e Transição do Sistema (EEIST)
O projeto Economics of Energy Innovation and System Transition (EEIST) é liderado por um consórcio de acadêmicos especialistas em economia da complexidade e pensamento sistêmico no Reino Unido, União Europeia, Brasil, China e Índia. O projeto visa aplicar novas abordagens econômicas para apoiar a tomada de decisões sobre políticas de descarbonização nos países parceiros.
O consórcio EEIST lançou seu primeiro relatório, “New economics of innovation and transition: evaluating opportunities and risks” (nova economia da inovação e transição: avaliando oportunidades e riscos), na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em novembro de 2021. É um projeto de três anos, financiado pelo Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Único (BEIS) por meio do UK International Climate Finance (financiamento internacional para questões do clima) e pela Fundação do Fundo de Investimento para Crianças. O consórcio é liderado pela Exeter University, com sede no Reino Unido.
A equipe de pesquisa envolve as seguintes universidades e organizações:
- Reino Unido: University of Cambridge, Anglia Ruskin University, University of Oxford, Exeter University, University College London, Cambridge Econometrics, Climate Strategies
- Índia: The Energy and Resources Institute, World Resources Institute
- China: Tsinghua University, Energy Research Institute, Beijing Normal University for China
- Brasil: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília (UnB), Universidade de Campinas (Unicamp)
- UE: Scuola Superiore di Studi Universitari e di Perfezionamento Sant'Anna
Observação: A pesquisa EEIST é independente e não representa os pontos de vista do governo do Reino Unido ou dos governos dos países parceiros e da UE.
Outras informações sobre EEIST
Matéria originalmente publicada no site do Instituto de Economia.