Grassmann e as coleções do Gabinete de Estampas

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A partir desta sexta-feira (23), o espaço de exposição da Biblioteca de Obras Raras Fausto Castilho (Bora) da Unicamp passa a abrigar a exposição “Grassmann e as  coleções do Gabinete de Estampas da Unicamp”.

A mostra apresenta um pouco da trajetória, da formação e da coleção do Gabinete de Estampas, departamento de desenhos e gravuras do Instituto de Artes da Unicamp, cuja coleção é composta por aproximadamente 3 mil obras, entre gravuras e desenhos de artistas nacionais e internacionais.

Instalado na Bora, o Gabinete de Estampas, comemora uma história de quase 25 anos com um acervo composto de obras de relevantes artistas brasileiros que figuram no cenário artístico contemporâneo.    

Marcello Grassmann:
Marcello Grassmann, um dos principais artistas gráficos brasileiros 

Grassmann na Unicamp 

Alguns exemplos que podem ser vistos na mostra são as subcoleções Marcello Grassmann, a partir da qual foram constituídas a ideia e a criação do Gabinete de Estampas, Glatt & amp; Ymagos, Maneira Negra, Intercâmbio, Márcio Périgo e novas aquisições.

A Unicamp possui o maior acervo público de gravuras de Marcello Grassmann (1925-2013), um dos principais artistas gráficos brasileiros. As obras foram adquiridas com financiamento da Fapesp. A coleção é uma entre oito edições das obras, feitas a pedido do colecionador de arte de São Paulo Pedro Hiller, proprietário das matrizes. Também há gravuras em metal do artista na Pinacoteca do Estado de São Paulo, mas em número menor. Marcello Grassmann, paulista de São Simão, é tido por muitos críticos como o maior gravador brasileiro, e suas obras estão em acervos dos melhores museus do mundo.

Coleções especiais

A Bora surgiu em 1998, como uma diretoria da Biblioteca Central “Cesar Lattes”. Atualmente, ela abriga 26 coleções especiais, com seus volumes divididos entre os séculos XV e XXI. Grande parte deles, porém, são livros dos séculos XIX e XX produzidos no Brasil. Há coleções que reúnem ainda mobiliários e objetos do antigo proprietário, além de documentos como cartas, fotografias e manuscritos. Entre essas coleções estão as de Antonio Candido, Fausto Castilho e Sérgio Buarque de Holanda, a mais procurada delas. São mais de 200 mil itens, com obras que pertenceram a grandes nomes da intelectualidade brasileira e internacional. Entre os seus livros raros estão, por exemplo, a edição de 1792 de Marília de Dirceu (Primeira Parte), do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga, publicada em Lisboa; e a segunda edição ampliada da coleção de roteiros e relatos de viagens Delle navigationi et viaggi (primeiro volume), do italiano Giovan Battista Ramusio, publicada em Veneza em 1554. 

Para consultar o acervo é preciso fazer agendamento. As visitas são guiadas por funcionários da biblioteca, sempre de acordo com os interesses do pesquisador. De acordo com Danielle Thiago Ferreira, coordenadora técnica da Bora, entre outubro de 2021, quando a Biblioteca reabriu suas portas para consultas presenciais, e agosto de 2022, aproximadamente 5 mil pessoas estiveram na Bora. Para saber quais volumes estão disponíveis no acervo, basta consultar a Base Acervus, do Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU). Já as coleções digitalizadas podem ser consultadas de casa.

A Bora surgiu em 1998, como uma diretoria da Biblioteca Central "Cesar Lattes" e atualmente está instalada em prédio próprio   
A Bora surgiu em 1998, como uma diretoria da Biblioteca Central "Cesar Lattes" e atualmente está instalada em prédio próprio  

“Nem todo livro antigo é considerado raro” 

As coleções da Bora são doadas pelos familiares dos seus antigos proprietários ou compradas pela Unicamp. Antes de compor o acervo da Biblioteca, os livros passam por um processo que determina se eles são raros. “Um livro raro não é necessariamente antigo e nem todo livro antigo é considerado raro. Por isso, adotamos padrões institucionais baseados em critérios internacionais, nacionais e regionais”, explica a bibliotecária Isabella Pereira, especialista em obras especiais e raras.

Após esse processo, as coleções passam por uma segunda avaliação, focada na relevância do material para a Universidade e na sua qualidade de conservação. Mas, a fim de que a coleção seja disponibilizada para o público, vários protocolos têm que ser cumpridos. “Chegando aqui, os livros são armazenados na sala de triagem para que não tenham contato com o nosso acervo. Assim, evitamos qualquer tipo de infestação. O primeiro passo é a higienização do material. Só depois é que os livros são inventariados e armazenados para serem catalogados”, explica Isabella.

Serviço

Exposição “GRASSMANN e as coleções do Gabinete de Estampas da UNICAMP”

Visitação: 23/09/2022 a 23/01/2023

Horário para visitação: das 9h às 17h, de 2ª a 6ª feira

Local: Espaço de Exposição da Biblioteca de Obras Raras Fausto Castilho (Bora) - Rua Sérgio Buarque de Holanda, 441, Campus da Unicamp.

Informações: gestampas@iar.unicamp.br

Esta reportagem foi elaborada com a colaboração dos alunos do curso de Estudos Literários, do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), sob a supervisão da professora Daniela Birman.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004