O professor Anderson de Souza Sant’Ana assumiu, na tarde de sexta-feira (7), o cargo de diretor da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp para o período de 2022 a 2026. Ele substitui Mirna Lucia Gigante, diretora da FEA desde 2018. Também desde sexta, Ana Silvia Prata passou a ser a diretora associada da unidade, em substituição a Julián Martinez.
Na posse, estavam presentes o reitor da Unicamp, Antonio Meirelles, a coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, e quatro pró-reitores – João Marcos Travassos Romano (Pesquisa), Ivan Toro (Graduação), Fernando Coelho (Proec) e Fernando Sarti (Desenvolvimento Universitário).
Sant’Ana ingressou no quadro docente da FEA em 2013 e, desde 2019, é professor associado no Departamento de Ciência de Alimentos (DCA). Coordenador de Extensão e Pesquisa desde novembro de 2020, Sant’Ana foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos por dois mandatos consecutivos, entre 2015 e 2019. Em 2020, recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico “Zeferino Vaz”.
Em seu discurso de posse, Sant’Ana se emocionou ao fazer um balanço da trajetória desde quando era estudante do ensino técnico no Rio de Janeiro, até sua chegada à FEA. E chamou a atenção para o retorno do Brasil ao mapa da fome, que atinge, hoje, cerca de 33 milhões de pessoas.
O professor citou um artigo de Frei Beto de 2003. “A fome como questão política entrou na agenda brasileira desde 1946, quando Josué de Castro publicou o clássico ‘Geografia da Fome’, sublinhando que a subnutrição de milhões de pessoas nada tem a ver com fatalidade, seja climática ou religiosa”, alertou o professor. Para Frei Beto, relata o novo diretor, a fome tem a ver com a segurança nacional. “A soberania de uma nação corre o risco de se tornar frágil na medida que ela (nação) não assegura à sua população alimento em quantidade e qualidade suficientes”, declarou.
Carreira acadêmica
Graduado em Química Industrial pela Universidade de Vassouras do Rio de Janeiro, Sant’Ana concluiu o curso de mestrado em Ciência de Alimentos pela Unicamp em 2007. Quatro anos depois, concluiu o doutorado em Ciências dos Alimentos pela USP, com período "sanduíche" na The State University of New Jersey (Rutgers), nos Estados Unidos, entre 2010 e 2011. Entre os anos de 2012 e 2013, fez pós-doutorado na USP.
Atualmente, é coordenador de Extensão e Pesquisa da Faculdade e figura na lista dos pesquisadores mais citados (Highly Cited Researchers - Clarivate Web of Science, 2020 e 2021). Recebeu, no ano de 2020, o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico Zeferino Vaz.
Suas linhas de pesquisa têm como principal enfoque os aspectos quantitativos avançados da microbiologia e segurança dos alimentos e bebidas (microbiologia preditiva e avaliação quantitativa de riscos), visando a compreender o efeito de diferentes etapas e práticas de processamento e consumo dos alimentos sobre a sua qualidade e segurança microbiológica.
Mapa da fome
A professora Mirna Lúcia Gigante agradeceu o empenho e o companheirismo do diretor associado Julián Martinez. “Não me lembro de termos tido desavenças”, disse ela, dirigindo-se ao colega. A professora também criticou o fato de o Brasil ter voltado ao mapa da fome e saiu em defesa das universidades públicas.
“É hora de nos unirmos. É hora de, juntos, mostrarmos aos governantes deste país que somos um corpo só, em defesa de um país socialmente mais justo e inclusivo. Em defesa da universidade pública, gratuita, inclusiva e de excelência”, finalizou a professora.
“De volta à casa”
Engenheiro de Alimentos por formação inicial, o reitor da Unicamp Antonio Meirelles disse estar emocionado por estar “de volta à casa”. Agradeceu aos colegas e servidores e exortou a FEA a continuar perseguindo metas preconizadas nos 17 Objetivos da Sustentabilidade da ONU – a Agenda 2030.
Segundo ele, a FEA e a Unicamp têm como metas ajudar o país a iniciar um processo de reindustrialização. “Não podemos aceitar um país como o Brasil que no início da pandemia, não tinha álcool em gel na demanda que precisava. Ou que tivesse sido obrigado a importar máscaras e respiradores”, afirmou.
Meirelles voltou a alertar a comunidade acadêmica para a necessidade de manutenção da autonomia financeira das universidades paulistas. Segundo ele, o futuro das universidades públicas paulistas depende da garantia da autonomia.