Considerada uma das mais destacadas instituições de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quer ampliar colaborações com a Unicamp. Segundo a presidente da instituição, Nísia Trindade Lima, que participou nesta terça-feira (18) do 46º Encontro Anual da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), sediado na Unicamp, as instituições mantêm várias linhas de pesquisa conjunta, mas existe a intenção de ampliar essas parcerias para novas áreas.
Uma delas, segundo informou Nísia Trindade, seria a área do pós-covid e da preparação de frentes para enfrentamento de novas emergências. “Hoje temos centros de pesquisa dedicados à covid e a emergências sanitárias. Na área de covid, temos uma linha de pesquisa de pós-covid, e a Unicamp, com toda a excelência na área de atenção hospitalar, pode reforçá-la. Além disso, toda a área de ciência de dados”, disse a presidente da Fiocruz.
“A Fiocruz tem expertise na área dos laboratórios de referência que fazem vigilância genômica, antecipação de diagnóstico, identificação de circulação de vírus, e tudo isso, mas podemos pensar de maneira conjunta”, acrescentou ela. “Eu diria que não é pensar só a covid, mas que ainda há muitas perguntas sem respostas, e a colaboração científica neste sentido é fundamental. O fenômeno da covid longa e a preparação frente à possibilidade de novas emergências também são muito importantes”, continuou a presidente.
Em audiência com o reitor da Unicamp, Antonio Meirelles, e o pró-reitor de Pesquisa, João Marcos Travassos Romano, Nísia Trindade reforçou a ideia de ampliação das colaborações. Os três decidiram promover um novo encontro – provavelmente em fevereiro do ano que vem –, em que os pró-reitores, diretores e chefes de pesquisa das duas instituições irão se encontrar para a definição de novas linhas de pesquisa conjunta.
Transversalidade de conhecimentos
Nísia Trindade afirmou que, como a Fiocruz é dedicada à saúde coletiva e pública, essa condição exige a transversalidade de conhecimentos. Por conta disso, a instituição está sempre em busca de novas colaborações. Ela lembrou de duas grandes linhas de pesquisa já em desenvolvimento em parceria com a Unicamp. Uma delas é o trabalho em torno do complexo econômico e industrial da saúde – uma colaboração entre o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz e o Instituto de Economia da Unicamp –, por meio do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho).
Segundo ela, a colaboração nessa área envolve uma discussão sobre desenvolvimento sustentável e a autonomia do país nos insumos de saúde, casos de vacinas, medicamentos, equipamentos. Uma segunda linha se refere, em particular, à área da saúde da mulher, com ênfase na saúde materna. Trata-se de uma colaboração de longa data em torno do programa “Nascer no Brasil” – que vem estudando as condições sociais e de saúde envolvendo o parto no Brasil.
“Em todas as áreas do conhecimento é possível pensar em parcerias que favoreçam a saúde coletiva, desde as ciências sociais e humanas às exatas, de modelagens matemáticas, cada vez mais importantes nos estudos relacionados à saúde, e, naturalmente, no campo biomédico, na área da saúde, em que a Unicamp é muito forte também”, disse a presidente.
O reitor Antonio Meirelles e o pró-reitor João Romano reiteram a intenção da Unicamp de ampliar as parcerias. “Faremos um encontro em que, além da reitoria, possam estar presentes diretores de departamentos e pesquisadores dos dois lados, para que possamos vislumbrar muitos outros trabalhos em conjunto”, disse o reitor.