Os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) concederam financiamento a uma pesquisa da área de Saúde Coletiva e Mental, lançada em parceria entre a Universidade de Yale e a Unicamp. O estudo, intitulado “Adaptação e implementação de suporte de pares para otimizar o engajamento e resultados para pessoas com doenças mentais graves em Campinas, Brasil”, prevê financiamento de cerca de R$ 3,6 milhões em três anos de pesquisa. Será liderado pelos professores de psiquiatria Maria O'Connell e Chyrell Bellamy, do The Yale Program for Recovery and Community Health (PRHC), e Rosana Onocko Campos, docente do grupo de pesquisa “Saúde Coletiva e Saúde Mental - Interfaces”, do Departamento de Saúde Coletiva da FCM. O lançamento ocorreu em conferência no Salão Vermelho da Prefeitura de Campinas na sexta-feira (4).
Também contribuem com o trabalho a equipe interdisciplinar do Programa de Yale formada por Mark Costa, Graziela Reis, Heather McDonald Bellamy e Kimberly Guy; além de Carlos Treichel, professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde, da FCM, entre outros membros da Unicamp.
Segundo a docente da Faculdade de Enfermagem (FEnf) Giovana Saidel, que também colabora na pesquisa, o “suporte de pares” ou “apoio dos pares” é um sistema de ajuda mútua que se baseia em princípios de respeito, responsabilidade compartilhada e compreensão empática da situação do outro. Essa compreensão decorre de uma experiência comum de sofrimento emocional e psicológico, ou seja, na crença de que alguém que enfrentou e superou algum tipo de adversidade possa oferecer apoio, esperança e orientação a outros que enfrentam situações semelhantes.
Assim, o objetivo da pesquisa é trabalhar com a adaptação cultural de uma intervenção de pares. Essa intervenção, baseada em evidências, visa a implementar o suporte de pares nos serviços comunitários de saúde mental, engajando os usuários pós-internação nos cuidados de saúde mental e física; a empregar uma abordagem terapêutica experimental para determinar o nível, o grau e os resultados de melhora em múltiplos níveis, por meio de um ensaio clínico piloto; e a avaliar a viabilidade, a segurança e o potencial de disseminação da intervenção de pares adaptada em múltiplos níveis.
Segundo os pesquisadores, a implementação de um modelo sobre suporte de pares adaptado à cultura brasileira contribuirá para o aprimoramento dos níveis de engajamento, continuidade do cuidado e melhorias na qualidade de vida e bem-estar das pessoas com transtorno mental. Após o estudo, terá sido estabelecida a viabilidade, aceitabilidade e segurança de se adaptar uma intervenção de baixo custo, culturalmente responsiva e baseada em evidências para melhorar o engajamento das pessoas com transtorno mental que acessam o tratamento nos serviços comunitários de saúde mental.
“O PRCH está ansioso para trabalhar com a Unicamp no Brasil para fazer esta iniciativa funcionar para as pessoas que pretende servir”, disse Bellamy. “Embora tenha havido implementação de apoio de pares nos países latinos, há muito trabalho que precisa ser feito, que começa ouvindo e fazendo parceria com as comunidades para se adaptar à cultura e às necessidades de serviço da comunidade para garantir uma implementação e sustentação bem-sucedidas”, completou o pesquisador.
Institutos Nacionais de Saúde (NIH)
O NIH é a principal agência federal de pesquisa médica dos Estados Unidos, agregando 27 institutos e centros, além de integrar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país. O NIH conduz e apoia pesquisas médicas básicas, clínicas e translacionais, que investiga as causas, tratamentos e curas para doenças comuns e raras. Para obter mais informações sobre seus programas, visite o site da agência.
Matéria publicada originalmente no site da Faculdade de Ciências Médicas.