A segunda fase do Vestibular da Unicamp 2023 chegou ao fim nesta segunda-feira (12), com uma abstenção de 8,5%, a menor desde 2009. Um total de 11.634 candidatos realizaram o exame e concorrem a 2.540 vagas em 69 cursos de graduação. O agravamento da fome no Brasil e a relação do país com as identidades latino-americanas foram temas abordados na prova. Candidatos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Artes Visuais e Dança ainda realizarão as provas de Habilidades Específicas em janeiro.
“Atribuímos esse menor índice [de abstenção] ao fato de o vestibular estar sendo realizado em dezembro, quando os estudantes ainda estão em atividades escolares”, avalia o diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto.
As provas da segunda fase são constituídas de questões dissertativas e se dividem em dois dias. No domingo (11), os candidatos responderam a perguntas interdisciplinares de Língua Inglesa e Ciências da Natureza e a questões de Língua Portuguesa e Literatura. Nesse dia, ainda, redigiram uma redação, para a qual puderam escolher entre dois temas: porte de armas e educação antirracista. Na segunda-feira, foram aplicadas questões de Matemática e Ciências Humanas, além de questões de conhecimentos específicos de acordo com o curso pretendido pelo candidato.
As respostas esperadas pelas bancas serão divulgadas pela Comissão Permanente dos Vestibulares da Unicamp (Comvest) na próxima quinta-feira, 15 de dezembro. A primeira chamada será divulgada dia 6 de fevereiro e os convocados deverão efetivar a matrícula online (não presencial) entre os dias 7 e 9 de fevereiro.
De acordo com o diretor da Comvest, as provas mantiveram o padrão de exigência dos anos anteriores. O professor destacou duas questões da prova interdisciplinar de Ciências Humanas por estarem conectadas ao debate da prova do primeiro dia. Uma delas abordou o agravamento da fome no Brasil nos últimos anos, tema esse que, de acordo com José Alves, “explica socialmente que a fome não é uma questão da natureza, mas uma vergonha política e moral de nosso país”.
Já a outra questão abordou o Brasil e sua relação com as identidades latino-americanas, pensada a partir de uma obra clássica do artista plástico uruguaio Joaquín Torres García, denominada “América Invertida”, e sua ressignificação pelos movimentos indígenas recentes. A questão trouxe, também, a letra da música de Belchior “Apenas um rapaz latino-americano”. “Essas questões mostram que o Vestibular Unicamp continua com essa preocupação de trazer temas contemporâneos e que chamam atenção para um olhar que os estudantes pré-universitários precisam ter em relação a conhecimentos sociais, científicos e culturais de nossos tempos”, disse José Alves.
A busca por uma universidade de excelência
Para o estudante João Gabriel Moneta, os temas da prova foram interessantes e coerentes com o edital. O candidato, que almeja uma vaga na Engenharia Mecânica, conta o porquê de estar buscando o ingresso na Unicamp. “Sempre tive vontade de ter oportunidades acadêmicas que não tive, como intercâmbio sanduíche, bons professores. Só estou prestando a Unicamp neste ano, estou 100% focado nela. É uma das top três do Brasil e, além disso, ainda fica na minha cidade.”
Ele conheceu o campus de Barão Geraldo da Unicamp por meio do programa Universidade de Portas Abertas (UPA), assim como a vestibulanda Lara de Miranda, de Paulínia (SP), que busca uma vaga no curso de Artes Cênicas. “Acho que me encaixo muito no perfil da Unicamp pelas pessoas que estão lá dentro. Para mim sempre foi um sonho, pelo nome que tem. Depois que comecei a pesquisar sobre a convivência no campus, eu fiquei apaixonada. Eu fui na UPA deste ano e só de estar lá dentro já foi uma energia muito boa.”
Ao lado da candidata estava a sua mãe, Cintia Miranda, compartilhando expectativas com a filha. “A gente se sente privilegiada de estar em Paulínia e aqui do lado ter uma universidade dessa. Eu já encaro minha filha como uma vencedora por ter passado para a segunda fase. Se não for desta vez, a gente tenta de novo. Ela é esforçada e dedicada e vai colher os frutos dessa dedicação.”
Colegas de escola em Amparo (SP), os estudantes Gian Lima e Maria Cecília Ferreira aguardavam a abertura dos portões para prestar a prova. Aspirando aos cursos de Letras e Pedagogia, respectivamente, eles buscam cursar a graduação na Unicamp, segundo disseram, por causa do grau de excelência da Universidade. “Escolhi a Unicamp porque lá tem uma das melhores faculdades, por suas pesquisas e porque é uma referência em termos de universidade. Pensei em Pedagogia porque gosto de ensinar e gosto de crianças”, contou Ferreira.
Vestibular 2023
A segunda fase do Vestibular Unicamp 2023 foi aplicada em dois dias, em 22 cidades do país: nas capitais Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Salvador e São Paulo e em outras 16 cidades paulistas (Bauru, Campinas, Guarulhos, Jundiaí, Limeira, Mogi Guaçu, Osasco, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba).
A menor abstenção do primeiro dia da segunda fase foi registrada em São Carlos, com um índice de apenas 4,3%, seguida de São Paulo, com 6,2%. Campinas registrou 8,5% de abstenção. Os índices de abstenção por cidade e as provas do primeiro dia estão disponíveis no site da Comvest (www.comvest.unicamp.br).
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