A Unicamp acaba de renovar o convênio com o Centro de Aprendizagem e Mobilização pela Cidadania (CAMPC), entidade civil sem fins lucrativos mais conhecida como Patrulheiros Campinas e que tem como missão inserir, no mercado de trabalho, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Com término previsto para dezembro, o acordo foi renovado e se estenderá aos anos de 2023 e 2024, mantendo uma parceria de mais de meio século.
O primeiro contrato foi firmado em 1974. Segundo a coordenadora de Desenvolvimento da Divisão de Gestão de Pessoal da Diretoria Geral de Recursos Humanos (DGRH), Giovanna Beraldo de Azambuja Silva, desde então, diferentes empresas e instituições já tiveram contrato com a Unicamp. Uma das primeiras empresas parceiras foi a Associação de Educação do Homem de Amanhã, conhecida como Guardinha. Mas, nos últimos 20 anos, o contrato tem sido feito com o CAMPC.
Dados recentes indicam que, desde 2004, a Unicamp registrou vínculos com um total de 1.563 adolescentes. Atualmente, são 100 patrulheiros ativos com vínculo de contrato Unicamp e 42 com vínculo de contrato Funcamp.
Os jovens — que trabalham das 8h30 às 15h30, com uma hora de almoço — executam atividades de assistência administrativa, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). A coordenadora explica que todos os jovens aprendizes começam a trabalhar na Universidade com 16 anos e permanecem por 16 meses.
Responsável pelo contrato desde 2014, Giovanna Beraldo diz que esse tipo de programa tem transformado a vida dos jovens e muitas vezes de suas famílias. “A maioria dos jovens vem de famílias em que os pais não tiveram condições de estudar, ou que trabalham no mercado informal. Ter os filhos já com registro em carteira de trabalho aos 16 anos, podendo estudarem e se capacitarem na Unicamp, amplia a visão e a possibilidade de futuro de todos eles”, avalia Giovanna.
“Temos muitos relatos de jovens que saíram da Unicamp enquanto patrulheiros e já ingressaram como estagiários de nível superior. Outros prestaram concurso de nível médio pela Funcamp e já trabalham na Universidade há alguns anos”, exemplifica. “Além disso, ao longo dos últimos anos, tive espaço e autonomia na DGRH para desenvolver um Programa de acompanhamento, treinamento e capacitação para os patrulheiros, e para promover a orientação das chefias, resultando na melhor qualidade de trabalho para os jovens e para as Unidades, assim como chefias mais preparadas”, conclui.
Ao acessar o site da DGRH, o público terá informações e orientações sobre a atividade.
Contribuição na formação de jovens
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles disse ter ficado “muito feliz” com a renovação do convênio com os Patrulheiros. “É uma contribuição adicional de nossa universidade na formação de jovens. Neste caso é a nossa estrutura administrativa gerando oportunidades para Jovens Aprendizes completarem sua formação no interior de nossa estrutura," disse o reitor.
"Queremos ampliar esta colaboração, de forma a fortalecer atividades de formação destes jovens já realizadas pela Unicamp através de colaboração da Educorp e DGRH e de forma a também expandir para atividades culturais e esportivas que possam ser conduzidas conjuntamente," acrescentou. "Aproveito a oportunidade para parabenizar os 150 adolescentes que comemoraram sua formatura neste último sábado (17), e agradecer a homenagem que fizeram a nossa Universidade na figura do reitor”, finalizou.
Lei do Jovem Aprendiz
O novo convênio prevê cerca de 150 vagas para adolescentes com idade a partir de 16 anos. Os patrulheiros são contratados pela “Lei do Jovem Aprendiz” para atuarem na área administrativa. Eles cumprem carga horária prática de seis horas diárias durante quatro dias da semana na Unicamp e carga teórica no quinto dia, com atividades desenvolvidas na sede do CAMPC.
O diretor financeiro dos Patrulheiros, Leandro Garcez, reforça que a parceria com a Unicamp já tem décadas. “A Unicamp está com os Patrulheiros desde praticamente o início. É um dos nossos primeiros parceiros. Temos casos de aprendizes que ingressaram na Unicamp e que acabaram permanecendo na Universidade até a aposentadoria”, contou. Segundo ele, 60% dos adolescentes que ingressam nos programas de formação do CAMPC são arrimo de família.
O professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, Lisandro Pavie Cardoso, tem uma história de trabalho voluntário ligada diretamente aos patrulheiros. Ele atuou por 39 anos no IFGW e foi presidente do Centro no período de 2013 e 2019. Cardoso ressalta a importância da entidade na formação dos jovens: “Os Patrulheiros têm como lema preparar o jovem para o futuro”, diz. “Na verdade, a entidade faz o que, muitas vezes, o Estado não faz, que é preparar o jovem para o primeiro emprego”, acrescenta ele.
O CAMPC realizou, neste sábado (17), a partir das 10 horas, a solenidade de formatura de 150 adolescentes. A cerimônia aconteceu na sede do Patrulheiros, na Av. da Amoreiras 906, no Parque Itália, em Campinas.
Confira algumas fotos da solenidade de formatura:
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