Estudantes vencem torneio brasileiro de físicos e se classificam para competição mundial

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Preparatório para o International Physicist’s Tournament oferecido pelo IFGW consiste em uma atividade didática

Uma equipe do Instituto de Física Gleb Wathagin (IFGW) venceu o 5th Brazilian Physicist’s Tournament (BPT), torneio universitário de física que reúne estudantes de várias instituições do país. A vitória deu à universidade uma vaga no International Physicist’s Tournament (IPT), competição mundial que acontecerá em abril de 2023 na École Polytechnique, na França, sendo a quarta vez que a Unicamp se classifica.

Criado na Ucrânia, em 2009, o IPT é uma competição em que estudantes são instados a apresentar soluções criativas para problemas ainda não resolvidos na literatura científica. Todos os anos, um comitê internacional elabora uma lista com 17 problemas abertos de física para serem explorados teórica e experimentalmente e que devem ser apresentados pelos competidores por meio de desafios chamados de Physics Fight. Os desafios da próxima edição que acontecerá em 2023 chamam os participantes a pensarem, por exemplo, em como calcular a quantidade de palitos dentro de uma caixa de fósforos a partir do barulho que a caixa faz quando é sacudida, ou quais são os parâmetros físicos que permitem construir padrões geométricos utilizando batatas Pringles.

O professor do IFGW Leandro Tessler, que atuou como team leader da equipe da Unicamp junto ao professor Pierre-Louis Assis, explica que, apesar de estes serem problemas sem solução, o fato de a física ser uma ciência da natureza permite que os jurados saibam quais caminhos devem ser seguidos. “O que é avaliado é justamente a estratégia que cada equipe escolheu para solucionar o problema proposto. Algumas soluções escolhem um caminho equivocado de física, então a forma como é feita a abordagem experimental, teórica, computacional, conta na avaliação. E a apresentação também deve ser clara o suficiente para que os colegas a entendam”.

Esta é a quarta vez que a Unicamp vence o BPT, realizado na própria universidade entre os dias 09 e 11 de dezembro, competindo com a USP, a UFMG, a UFRJ e a UFABC. O evento foi organizado pelos estudantes de graduação e pós-graduação do IFGW e do IMECC Otávio Canton, Maria Carolina Volpato, Hannah DeLazari, Giovanni Campos, Higor Vasques e João Minchillo, e contou com patrocínio da empresa Lumentum e do capítulo de estudantes da OPTICA, sociedade que visa a promover a geração, a aplicação e a disseminação do conhecimento em óptica.

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O professor do IFGW Leandro Tessler (no destaque) atuou como team leader da equipe da Unicamp junto ao professor Pierre-Louis Assis

De acordo com Maria Carolina Volpato, que é mestranda em física na Unicamp e preside o Comitê Nacional do BPT, além de ter participado da equipe do torneio em anos anteriores, foi muito divertido ver os alunos discutindo física de alto nível durante a competição. “Às vezes, na universidade, ficamos presos nos problemas de livro-texto e não aprendemos a fazer física de verdade. Para a organização, o evento foi bem cansativo, mas, falando em nome da minha equipe, foi a primeira vez que organizamos um evento desse tamanho e aprendemos bastante também nesse processo”.

Na primeira vez que a universidade se classificou, em 2019, a viagem para a competição mundial, que seria em Varsóvia, precisou ser cancelada por causa da pandemia de covid-19, e a equipe acabou decidindo não participar virtualmente, porque estava sem acesso ao laboratório. No entanto, em 2021 e em 2022, a Unicamp venceu novamente a seletiva nacional e participou do torneio mundial, classificando-se em segundo lugar nas duas competições. A UFABC, universidade responsável por trazer o torneio de físicos para o Brasil, ficou em terceiro lugar no mundial de 2018.   

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O IFGW conta com um complexo de salas para o treinamento da equipe e oferece uma disciplina de graduação aberta

Para preparar os estudantes que queiram participar do torneio de físicos, o IFGW oferece uma disciplina de graduação ministrada em inglês e aberta a todos os alunos da Unicamp. Essa iniciativa deu tão certo, que o Instituto conta com um complexo de salas para o treinamento da equipe, e muitos alunos que estão hoje nas graduações em física e engenharia escolheram a Unicamp por causa desse preparatório. “É um trabalho sério e árduo com os estudantes para que eles entendam e resolvam os problemas e aprendam a apresentar suas soluções”, explica Tessler. “O mais legal é que o IPT não é somente um torneio de física. Ele envolve também o que chamamos de soft skills, que é civilidade, diplomacia, lidar com nervosismo e com a frustração, trabalho em equipe. Há todo um aprendizado que vai muito além da ciência. Eu diria que é uma atividade didática mesmo”.

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O IPT consiste em uma competição em que estudantes são instados a apresentar soluções criativas para problemas ainda não resolvidos na literatura científica

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004