Aconteceu nesta segunda-feira (19), a cerimônia de posse do professor Petrilson Alan Pinheiro da Silva, do Departamento de Linguística Aplicada, para o cargo de diretor do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp. Ele assumirá o cargo em janeiro de 2023 e ficará na direção do instituto até 2027. A cerimônia foi antecipada devido ao recesso de final de ano. Silva, que terá como diretora associada a professora do Departamento de Linguística Mônica Graciela Fontana, vai substituir o colega Jefferson Cano no comando da unidade.
O professor Petrilson Silva possui graduação em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestrado no Programa Interdisciplinar em Linguística Aplicada pela UFRJ, doutorado em Linguística Aplicada pela Unicamp e pós-doutorado pela University of Illinois, em Urbana-Champaign, Estados Unidos.
Atua no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Unicamp nas áreas de Linguagem, Educação e Sociedade. É coordenador do Grupo de Pesquisa do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) Multiletramentos na escola por meio da hipermídia, que envolve alunos de graduação, mestrado e doutorado do IEL.
Atualmente, vem desenvolvendo pesquisas em ensino/aprendizagem de língua materna por meio do uso de tecnologias digitais da informação e da comunicação; interface entre letramentos escolares e não escolares em ambientes hipermidiáticos; multiletramentos e formação de professores; produção textual, desinformação e ética na internet.
Efeitos da pandemia
No seu discurso, Petrilson Silva relembrou as dificuldades enfrentadas pela atual gestão, da qual participou como diretor associado. Ressaltou os dramáticos efeitos da pandemia em diversas áreas e a difícil decisão da Universidade de promover uma migração em massa para o ensino remoto.
Antes disso, lembrou ele, foram constantes os ataques contra a educação, em especial a superior, com cortes de bolsas e de recursos e ameaças à liberdade de cátedra.
“Podemos dizer que desde a redemocratização do país, conquistada a duras penas, depois de anos de luta, nunca vivemos tempos de tantas ameaças às condições que deveriam ser indispensáveis à vida intelectual e acadêmica, algo que, em última instância, configura-se em uma ameaça à própria democracia”, avaliou ele.
Petrilson se disse orgulhoso por assumir o cargo. “Administrar o instituto que teve como seu primeiro diretor o professor Antonio Candido é uma grande honra para mim, mas também será uma tarefa desafiadora”, disse ele.
“Trata-se de uma tarefa que precisa ser construída por meio de uma experiência social e coletiva, que envolve funcionários, estudantes e professores”, explicou Silva.
Silva diz acreditar que a nova gestão está preparada para dirigir o IEL de uma forma a fazer diferença. “E isso não significa, como dizia meu pai – a quem faço uma homenagem póstuma –, ser um otimista desconectado da realidade. Nem tampouco um pessimista a ela acorrentado. Mas, sim, um realista transformado pela esperança”, finalizou.
Últimos quatro anos
Membro do Departamento de Teoria Literária do IEL, o professor Jefferson Cano disse estar agradecido pelo apoio recebido dos servidores e colegas e concluiu que foi uma vitória atravessar os últimos quatro anos. “Há quatro anos eu me preocupava, e não era pouco, com aquilo que se avizinhava: as ameaças que a gente sabia que a democracia e a universidade teriam de enfrentar”, disse ele no discurso de despedida.
Jefferson Cano acredita que sua gestão executou um bom trabalho. “Na despedida a gente tenta manter um equilíbrio entre o otimismo moderado diante das realizações e uma teimosa frustração diante do que não foi feito”, afirmou. “Mas eis que eu acabei encontrando no decorrer destes quatro anos algo que, acho, faz pender a balança para o lado positivo e que eu posso alardear, sem nenhuma falsa modéstia, por não ser uma realização minha, mas uma obra da nossa comunidade: em resumo, nestes quatros anos, nós sobrevivemos”, concluiu.
Estímulo à nova diretoria
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, agradeceu Jefferson Cano pelo trabalho desenvolvido e mandou uma mensagem de estímulo à nova diretoria. “Sintam-se acolhidos pela Administração Central”, disse ele.
Meirelles lembrou as dificuldades enfrentadas pela Universidade e pelo ensino público superior brasileiro em geral, mas fez um alerta. “Mais do que nunca temos de fazer a diferença no processo de desenvolvimento do país”, diz o reitor. “Essa é a melhor forma de sair em defesa da nossa instituição”, acrescentou.
O reitor reforçou a intenção da Unicamp de ampliar e aprofundar programas de inclusão e de permanência estudantil e disse que o IEL tem papel fundamental no processo.
A coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, disse que a gestão do IEL tem sido marcada por processos democráticos que privilegiam o diálogo e o consenso e valorizam a ciência. “O nosso mais profundo reconhecimento pelo trabalho que vocês têm feito aqui”, disse ela.