Fapesp lança livro para celebrar os 60 anos

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Capa do livro  FAPESP 60 anos: A ciência no desenvolvimento nacional

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) completou 60 anos em 2022. Como parte das comemorações, foi lançado o livro FAPESP 60 Anos: A ciência no desenvolvimento nacional. A publicação, realizada em parceria com a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), reúne pesquisadores sêniores do Brasil e do exterior, além de jovens pesquisadores, e oferece um panorama crítico do estado da arte da ciência em São Paulo e no Brasil. Seis professores da Unicamp colaboraram para a elaboração da obra, que tem oito capítulos divididos entre as grandes áreas da ciência e destaca a contribuição da Fapesp no desenvolvimento delas.

Acesse o livro.

Participaram da elaboração do livro: Carlos Joly, professor titular aposentado do Instituto de Biologia (IB); Claudia Medeiros, professora do Instituto de Computação (IC); João Romano, pró-reitor de Pesquisa e professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC); David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri); Marcos Nobre, professor de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH); e Marilda Bottesi, professora do Colégio Técnico de Campinas (Cotuca).

A obra foi lançada no dia 14 de dezembro, em uma cerimônia que marcou o encerramento da comemoração dos 60 anos da Fapesp. No evento, o professor Hernan Chaimovich, da Universidade de São Paulo, apresentou um estudo sobre o impacto das atividades promovidas pela Fapesp, e o vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks, Carlos Henrique Cruz, ministrou a conferência Desafios para a pesquisa no Brasil.

Brito Cruz, que foi diretor científico da Fapesp e foi reitor da Unicamp, destacou na palestra a importância da pesquisa colaborativa entre universidades e empresas, sendo que estas, segundo ele, precisam desenvolver também atividades de pesquisa e não podem ser apenas receptoras do conhecimento. 

“A pesquisa feita em empresas pode ser avançada e de alto impacto científico. Para o Brasil ter 2% do PIB aplicado em P&D, 1,4% terão que ser dinheiro de empresas aplicado na própria empresa, pagando salário de seus pesquisadores em seus centros de pesquisa. Sem aumento da atividade de pesquisa nas empresas será muito difícil haver mais interação entre universidades/institutos e empresas em pesquisa colaborativa”, avalia.

Quanto ao papel da Fapesp no fomento à ciência, ele destaca que o seu sucesso “resulta do foco da fundação em apoiar a pesquisa, seguindo sua missão estatutária”. 

O ex-diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz durante visita ao reitor Antonio Meirelles, ao lado de Marilda Bottesi, também autora do livro.
O ex-diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz (segundo da dir. para esq.) durante visita ao reitor Antonio Meirelles (centro), com Marilda Bottesi e João Romano, também autores do livro, e a coordenadora geral Maria Luiza Moretti (à esquerda).  

Fapesp: contribuição fundamental na área de biodiversidade

O professor Carlos Joly, do Instituto de Biologia da Unicamp, foi coordenador do capítulo Biodiversidade Terrestre e Marinha: conservação, uso e desenvolvimento sustentável. Membro da Aciesp, ele diz que o órgão decidiu que o livro seria “uma forma de homenagear a Fapesp e sintetizar a sua contribuição para diversas áreas.” No capítulo, o tema da biodiversidade foi abordado por meio da sua relação com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O pesquisador foi o idealizador do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (Biota-Fapesp), projeto responsável pelo mapeamento da biodiversidade do Estado. Criado em 1999, o Biota também influenciou políticas públicas.

Antes disso, porém, aponta Joly, já havia um trabalho de reunir taxonomistas para o mapeamento da flora. “A Unicamp desempenhou um papel importante nisso, quando, em 1995, o professor Hermógenes Filho conseguiu reunir todos os taxonomistas do estado num projeto único para escrever a flora de São Paulo.”

Esse projeto foi o modelo para a criação do Biota, o primeiro programa da Fapesp. “De 1995 a 1999, a comunidade se organizou para fazer um levantamento do que já se conhecia, onde estavam as lacunas, e submeteram projetos à Fapesp”, conta.

A Fapesp, analisa, foi fundamental para o desenvolvimento da área da biodiversidade, investindo neste campo de pesquisas desde sua fundação. “A Fundação deu contribuições muito grandes para formar as coleções biológicas do estado. Ela é primordial para o estado, o país e a América Latina como um todo”, sintetiza o professor, que também lembra o fato de a Fapesp ter sido o modelo para a criação das 27 fundações de amparo à pesquisa existentes nos estados brasileiros.

Os docentes David Lapola, Carlos Joly, Marcos Nobre e Cláudia Bauzer participaram da elaboração do livro
Os docentes David Lapola, Carlos Joly, Marcos Nobre e Cláudia Bauzer (no sentido horário) participaram da elaboração do livro

Livro é acessível ao público em geral

A professora Claudia Bauzer Medeiros, uma das autoras do capítulo Computação: ciência, engenharia e arte, aponta  seus principais objetivos. “[O primeiro] destaca a importância da interação entre dados, algoritmos e hardware como bases de pesquisa e desenvolvimento em Computação; e, além disso, o fato de que quanto mais desfrutamos e interagimos com tais resultados de pesquisas, influenciamos resultados futuros”, diz, lembrando que humanos não apenas são beneficiários da tecnologia, mas também influenciam seus rumos. 

O segundo objetivo é desmistificar a Inteligência Artificial. “IA não é uma panaceia e nem mágica. Na verdade, nada mais é que uma combinação de dados e algoritmos a serem executados em sistemas de hardware mais ou menos sofisticados. Ou seja, o importante não é a IA, mas sim a base computacional subjacente”, avalia.

Por fim, o capítulo também discute questões éticas e legais da área. Segundo Medeiros, a linguagem é acessível para um público amplo, o que é característica de toda a obra. “O livro dá uma visão abrangente do estado da arte e desafios de pesquisa em vários ramos do conhecimento, conectando com iniciativas da FAPESP ao longo dos 60 anos. Com isto, serve como referência para pesquisadores e leigos”, indica, apontando também que “o esclarecimento do público em geral é a forma mais bem sucedida para que valorizar a pesquisa, evitar expectativas falsas e diminuir a proliferação de fake news”.

Acesse o site Fapesp 60 anos.

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A publicação foi realizada em parceria com a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp)

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004