‘A democracia está na gênese da Unicamp’, diz Maria Luiza Moretti

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A coordenadora-geral e reitora em exercício da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti, condenou de forma enérgica os ataques aos prédios dos três poderes no último domingo (8), em Brasília, realizados por grupos inconformados com o resultado das eleições de novembro passado.

Para a coordenadora-geral, o espírito democrático que deve orientar o país está na gênese da Unicamp e as invasões – e as depredações que se seguiram - feriram o coração da democracia, simbolizada pelos prédios do Executivo, Legislativo e Judiciário.

“A Unicamp tem, desde o seu nascimento, um vínculo com a democracia e o debate de ideias”, afirmou. Por conta disso, a Universidade vai continuar a defender os valores que compõem um Estado Democrático de Direito, garante. “O ambiente democrático permite a multiplicidade de pontos de vista – o olhar do docente, do estudante, do trabalhador e de todos os demais setores. A mistura desses olhares produz uma sociedade mais rica em que as pessoas aprendem umas com as outras”, ensina a professora.

A coordenadora-geral Maria Luiza Moretti disse que as invasões e as depredações feriram o coração da democracia, simbolizada pelos prédios do Executivo, Legislativo e Judiciário
A coordenadora-geral Maria Luiza Moretti disse que as invasões e as depredações feriram o coração da democracia, simbolizada pelos prédios do Executivo, Legislativo e Judiciário

Maria Luiza disse ter ficado preocupada quando viu as imagens da invasão pela televisão. “Eu nunca tinha visto uma reação assim, com um ataque às três instituições. Um ataque muito duro ao coração do país”, disse ela. “O primeiro sentimento que tive foi de uma enorme insegurança pelo ataque aos três pilares que representam a nossa democracia”, relatou ela. “Pilares que foram construídos com muita luta e que consumiram muitos anos de trabalho. Não foi fácil construir uma estrutura democrática como a que a gente tem hoje no Brasil”, advertiu.

Para a reitora em exercício, a Unicamp – e as demais universidades – devem, sempre, se posicionar em favor da democracia. “A voz da universidade traduz o pensamento livre, a democracia, a inclusão, o ensino, a cultura, a difusão de conhecimento. Para crescer, o país precisa da difusão de conhecimentos. As pessoas têm o direito de aprender a ciência da forma que ela é”, afirma.

Ela diz que as três universidades paulistas – Unicamp, USP (Universidade de São Paulo) e Unesp (Universidade Estadual Paulista) – têm ampliado as ações de cooperação mútua e, juntas, estão buscando uma interlocução com os agentes políticos. Segundo sua avaliação, a cooperação entre as universidades fortalece o Estado de São Paulo e, por consequência, o Brasil.

Ato ocorrido na Unicamp em agosto de 2022; Maria Luiza Moretti antecipou que a Unicmp vai organizar novo ato em favor da democracia
Ato ocorrido na Unicamp em agosto de 2022; Maria Luiza Moretti antecipou que a Unicamp vai organizar novo ato em favor da democracia

Novo ato em favor da democracia

Maria Luiza antecipou que a Unicamp vai organizar, para as próximas semanas, um ato em favor da democracia. E afirmou também que pretende convidar, para esse ato, representantes de outras universidades – estaduais, federais e quaisquer outras que demonstrarem interesse em participar.

Ela contou que a Unicamp esteve presente no ato em favor da democracia realizado no início da tarde desta segunda-feira (9), na Faculdade de Direito da USP. Antes, no dia 11 de agosto do ano passado, a Universidade já havia integrado o grupo realizador de um ato pela democracia que reuniu milhares de pessoas no Largo São Francisco (São Paulo), onde fica a Faculdade de Direito.

Ato ocorrido nesta segunda-feira (9) na Faculdade de Direito da USP reuniu representantes da sociedade civil, autoridades, juristas, membros do Ministério Público e da OAB São Paulo
Ato ocorrido nesta segunda-feira (9) na Faculdade de Direito da USP reuniu representantes da sociedade civil, autoridades, juristas, membros do Ministério Público e da OAB São Paulo (Foto: Cecília Bastos - USP Imagens)

Ato no Largo São Francisco

Mais de mil pessoas lotaram o salão nobre da Faculdade de Direito da USP, nesse segundo ato a favor da democracia em cerca de seis meses. Representantes da sociedade civil, autoridades, juristas, membros do Ministério Público e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) São Paulo defenderam a responsabilização dos envolvidos nos atos que chamaram de “terroristas” e de uma “tentativa de golpe de Estado”, atos esses ocorridos na Praça dos Três Poderes.

O reitor da USP, professor Carlos Gilberto Carlotti Jr., disse que os responsáveis devem responder pelos atos cometidos. “Estamos aqui para exigir, sem meias palavras, que os responsáveis pelos crimes de barbárie que destroçaram a imagem e as instalações físicas dos Poderes da nossa República sejam, todos eles, seus financiadores e seus agentes, diretos ou indiretos, investigados, julgados e punidos na forma da lei”, afirmou Carlotti.

“Não há, nem haverá anistia. Os terroristas que despedaçaram Brasília não estão e jamais estarão à altura da palavra anistia. Devemos apoiar as iniciativas do Supremo Tribunal Federal para que ações semelhantes não se repitam”, finalizou o reitor.

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Assista o vídeo do Ato em Defesa da Democracia no Largo São Francisco:

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Audiodescrição. Fotos: Antoninho Perri. Montagem com 3 fotos dispostas uma ao lado da outra, unidas por efeito fade, sendo que a foto central traz imagem em plano geral de teatro de arena com mulher em pé, em palco circular, que fala ao microfone em uma tribuna. À frente dela, o público, cerca de 200 pessoas sentadas em arquibancadas circulares de concreto. À esquerda e à direita, fotos monocromáticas em tom roxo com detalhe do público, à esquerda, e detalhe da mulher ao microfone, à direita. Imagem 1 de 1

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004