As três universidades estaduais paulistas — Unicamp, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) — foram chamadas pelo governo estadual para participar da elaboração e organização de um sistema de avaliação dos alunos do ensino médio público, a última etapa da educação básica — que antecede o ingresso ao ensino superior.
O modelo, a ser criado conjuntamente pela secretaria e pelas universidades estaduais, deverá prever uma avaliação de desempenho a ser feita ao longo dos três anos do ciclo e poderá servir de base para o ingresso em vagas oferecidas pelas universidades.
O programa de avaliação foi proposto pelo secretário de Educação, Renato Feder, ao reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, em audiência realizada na última sexta-feira (3), em São Paulo. Anteriormente, o secretário já havia debatido o assunto com os reitores Carlos Carlotti (USP) e Pasqual Barreti (Unesp).
Meirelles explicou que a proposta não está detalhada, já que a regulamentação, com as regras do possível novo sistema, vai exigir estudos tanto da parte da secretaria quanto das universidades. Ele observou que esses estudos não foram iniciados.
O reitor avalia, no entanto, que a proposta abre a possibilidade de as três universidades desempenharem um papel importante na avaliação do ensino médio, o que pode resultar na melhoria do ensino público. “Entre outros motivos, porque tal ação propiciará o estreitamento de relações das universidades com os alunos do ensino médio público do estado”, explica ele.
Complemento e reforço
No encontro, o reitor e o secretário também conversaram sobre a criação de um programa de atuação dos alunos de licenciatura das três universidades estaduais junto ao ensino público pré-universitário do estado.
A ideia é que alunos das licenciaturas das universidades atuem em salas de aula da rede pública estadual como complemento e reforço para a equipe de professores efetivos da rede. Como contrapartida, o governo estadual ofereceria bolsas de estudos aos participantes. Meirelles sugeriu ao secretário que estudantes cotistas fossem incluídos no programa.
“A ideia sugerida pela secretaria de Educação é o envolvimento maior dos alunos das licenciaturas com as escolas do ensino público do estado de São Paulo”, conta o reitor. “Essa proposta envolveria a concessão de bolsas, e isso seria feito procurando garantir a qualidade da ação de nossos alunos de licenciatura, ou seja, considerando sua capacidade de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público no estado”, informa. “O objetivo é uma colaboração adicional na formação dos alunos do ensino público pré-universitário”, resume.
Permanência estudantil
Presidente do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), o reitor da Unicamp, por sua vez, solicitou ao secretário a criação de um programa de apoio à permanência estudantil nas três universidades estaduais.
“O que sentimos é que existe uma pré-disposição da Secretaria de ter uma política auxiliar neste caso. Temos uma preocupação grande com a permanência, e é importante que as autoridades estejam sensíveis para a necessidade de um programa consistente neste setor. De nossa parte, há plena disponibilidade de colaborar na formatação deste programa”, garante.
Balanço positivo
O reitor fez um balanço positivo do encontro. “Sem dúvida, foi uma reunião importante no que diz respeito a possíveis desdobramentos das iniciativas. Agora trata-se de formatar essas atividades junto com as outras universidades e junto à própria secretaria estadual para verificar como isso pode ganhar contornos concretos”, avalia.
“Todas essas sugestões exigem uma série de discussões no interior de nossas comunidades e junto à secretaria, para encontrar a melhor forma de viabilizar essas odeias, de transformá-las em realidade. São projetos que podem trazer aspectos positivos para as três universidades estaduais e para o ensino público de nosso estado”, finalizou Meirelles.
