Na manhã deste 8 de março, a mesa-redonda Gênero, Equidade e Diversidade reuniu, na Unicamp, dirigentes mulheres das universidades públicas localizadas no estado de São Paulo e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) para debaterem experiências e ideias sobre questões relativas a desigualdades nos campi. Conduzido pela professora Maria Luiza Moretti, coordenadora geral e vice-reitora da Unicamp, o encontro marcou ainda o lançamento da Rede Equidade. O encontro foi organizado pela professora Ana Maria Almeida, uma das coordenadoras da Comissão Assessora de Gênero e Sexualidade da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) da Unicamp.
A iniciativa, que reúne USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista), Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), UFABC (Universidade Federal do ABC), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e IFSP (Universidade Federal de São Paulo), surgiu da proposta de unir esforços para elaborar ações estratégicas, realizar pesquisas, melhorar diagnósticos e estruturar políticas afirmativas que possam servir de subsídio também para o poder público e outras esferas da sociedade, não apenas para os campi.
O encontro contou com as participações de Ana Beatriz de Oliveira (reitora da UFSCar), Raiane Assumpção (reitora da Unifesp), Maysa Furlan (vice-reitora da Unesp), Maria Arminda Arruda (vice-reitora da USP), Claudia Vieira (pró-reitora de assuntos comunitários e políticas afirmativas da UFABC), Ana Lanna (pró-reitora de inclusão e pertencimento da USP), Luciana Alves (pró-reitora adjunta de assuntos estudantis da Unifesp), Caroline Jango (diretora-geral do campus de Hortolândia do IFSP) e Diana Junkes (pró-reitora adjunta de pesquisa da UFSCar).
Apesar do avanço da escolarização feminina no Brasil, a equidade ainda não é uma realidade nas instituições: suas representantes são unânimes ao apontar a predominância de homens que se declaram brancos em cargos de direção e nas posições mais altas da docência.
Os exemplos são muitos. Com dois séculos de existência, a Faculdade de Direito da USP teve apenas uma diretora em sua história. Em toda a Universidade de São Paulo, apenas 30% das docentes mulheres chegam à etapa final da carreira. Por outro lado, na Unicamp, atualmente 1495 docentes se consideram brancos, 35 asiáticos, 91 pretos e pardos e um indígena. Quando se relaciona gênero e raça, vale ressaltar que, das 42 unidades do IFSP, somente uma é dirigida por uma mulher negra. Finalmente, na UFABC, segundo o senso de 2021, dos 15.700 alunos, 10 mil eram do sexo masculino.
Durante a mesa-redonda, as dirigentes das universidades e do IFSP puderam compartilhar iniciativas já em curso nas instituições onde atuam. Relataram ações para combater a violência de gênero e a pobreza menstrual dentro campus; a realização de curso de formação sobre sexualidade para servidores e servidoras; a abertura de concursos de pesquisa na área de gênero; e diferentes estratégias para gerar oportunidades voltadas para mulheres, público LGBTQIA+, negros, pardos, indígenas e portadores de deficiência.
Segundo Maria Luiza Moretti, a criatividade das propostas trocadas ao longo do encontro foi notável. “A Rede Equidade foi formada também para que pudéssemos ouvir como as outras universidades paulistas e o IFSP estão trabalhando suas políticas de gênero, equidade e diversidade internamente. Saio desse encontro com muitas ideias. A Unicamp tem muito trabalho pela frente”, conclui.