A superintendente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, participou nesta quinta-feira (13), no Palácio dos Bandeirantes, do lançamento do Programa de Regionalização da Saúde. A iniciativa do governo estadual, encabeçada pela Secretaria da Saúde, firmou uma parceria com os 645 municípios paulistas e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para regionalizar os atendimentos e tratamentos oferecidos em São Paulo.
O foco do Programa de Regionalização da Saúde é a diminuição das desigualdades para aumentar a eficiência do gasto público, ampliar a oferta de serviços e reduzir as filas e a distância que as pessoas precisam percorrer para conseguir atendimento.
“Este é um dos momentos mais importantes que tivemos até aqui e, certamente, um marco para a saúde. A regionalização é transformadora. É o primeiro grande passo em um processo que vai nos permitir ver de perto os problemas e mudar a gestão das filas. Essa será uma gestão regionalizada e transparente”, reforçou o governador Tarcísio de Freitas.
Atualmente, os municípios aplicam até 40% do seu orçamento na saúde. No entanto, devido à desorganização das unidades que não estão integradas em rede, o cidadão muitas vezes não tem suas necessidades atendidas.
“Muitas vezes os serviços ofertados não correspondem às necessidades e, em outras, se repetem entre unidades gerando capacidade ociosa. Isso gera uma situação inaceitável de pessoas sem atendimento e ambulatórios e hospitais com baixa ocupação”, explicou o secretário da Saúde, Eleuses Paiva.
Sendo assim, o programa de regionalização da saúde pretende inovar ao criar espaço para o diálogo, entendimento e negociação entre as três esferas administrativas (municipal, estadual e federal) dentro do espaço regional. A proposta é somar recursos e esforços em prol da saúde da população. Para isso, o governo de São Paulo determinou que os ambulatórios médicos de especialidades e os hospitais estaduais se adaptem às necessidades regionais, tornando realidade o princípio da descentralização do sistema de saúde.
Além disso, a regionalização cria a possibilidade de revisão do papel dos hospitais de pequeno porte (com 50 leitos ou menos) para que passem a atuar de forma efetiva, de modo que a rede regional possa assegurar à população o acesso a serviços de saúde em momento oportuno e com qualidade. Nesse processo, os Departamentos Regionais de Saúde (DRSs) passam a exercer um papel estratégico de articulação regional com os municípios em busca da construção de uma rede de serviços.
Atualmente, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo conta com 17 DRSs distribuídas em todo o território paulista, responsáveis por centralizar, organizar e viabilizar o acesso à saúde pública. A medida prevê a unificação dos serviços de saúde por meio da Central Regional de Regulação, que deverá ser gerenciada de modo compartilhado pelo Estado e pelos municípios integrantes das respectivas Redes Regionais de Atenção à Saúde (RRASs).
O Programa de Regionalização da Saúde do Estado de São Paulo conta com a parceria do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (Cosems/SP) e o apoio da Opas, com a qual foi assinada a Carta de Cooperação Mútua para a qualificação e o fortalecimento da gestão estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. A parceria propõe buscar formas de entrosamento, visando criar, estabelecer e dinamizar redes ou canais permanentes entre seus quadros funcionais de forma a assegurar a cooperação.
“Nosso desafio é reunificar o sistema de saúde. Há uma década ou duas era muito mais difícil se falar em regionalização da saúde, e isso pela própria resistência dos municípios. Hoje, tanto prefeitos como secretários municipais estão convencidos de que apenas aumentar o gasto não é suficiente. É preciso que a gente organize as redes para termos mais eficiência e atender melhor a população. Para isso, precisamos trabalhar juntos, nos unindo nesse esforço comum para atender a sociedade”, concluiu Renilson Rehen, coordenador do Programa de Regionalização da Saúde.
Matéria publicada originalmente no site do HC da Unicamp.