O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, pediu a gestores da carreira Paepe (Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão), nesta quinta-feira (13), que assumissem um compromisso com a preservação da democracia na Universidade. O apelo do reitor, feito na abertura do 3º Fórum de Gestores Paepe, realizado no prédio da Diretoria Geral de Administração (DGA), ocorreu depois de dois episódios em que manifestantes impediram a realização de atividades acadêmicas no campus de Barão Geraldo, em um período de menos de duas semanas. O primeiro, a IV Feira de Universidades Israelenses, prevista para o dia 3 de abril, não foi realizada por conta de manifestações violentas. A segunda ocorrência foi registrada nesta quarta-feira (12), quando o colóquio “O particular e o universal no pensamento de Sergio Paulo Rouanet”, que estava em andamento no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), foi interrompido por servidores em campanha salarial.
“Se cada um dos nossos espaços públicos se transformar em local onde o interesse particular predomina sobre o coletivo, nós não teremos futuro”, disse o reitor aos gestores. “Nós temos nossos interesses como indivíduos, como grupo, como direções sindicais, como comunidade de funcionários, que às vezes são diferentes dos [interesses dos] que dirigem as associações de funcionários, de professores e de estudantes. Mas a Universidade tem de ser mais do que isso. Valores universais têm de ser preservados e compatibilizados com os interesses particulares”, afirmou. Meirelles disse temer que radicalizações desse tipo levem a episódios que pareciam já superados na Universidade.
Meirelles lembrou que a direção da Unicamp não adotou qualquer medida para impedir a realização das manifestações contrárias à Feira das Universidades. Mas ressaltou que são permitidas manifestações desde que essas sejam realizadas de forma democrática.
“O caminho de impedir alguém de falar é extremamente perigoso. Hoje talvez esteja na nossa mão fazer isso. Amanhã poderá estar na mão de outro”, ponderou. “Então estou pedindo a vocês que nos ajudem nessa batalha, que é uma batalha de ideias, de compromisso com a preservação da democracia em nossa Universidade. Todos, absolutamente todos, têm o direito de se manifestar, mas existe um certo protocolo nessa manifestação. A gente não pode impedir uma atividade acadêmica para discutir campanha salarial, por exemplo”, argumentou o dirigente.
O reitor disse também que sua gestão esteve sempre aberta à negociação com os órgãos representativos dos servidores. E citou a realização de reuniões com integrantes do Fórum das Seis – o órgão que representa servidores das três universidades estaduais paulistas.
Para o reitor, é possível fazer política com lealdade e honestidade. “O que eu quero e o que eu peço a vocês é que nós não podemos permitir que a democracia deixe de predominar na Universidade. Se isso ocorrer, a Administração, as nossas comunidades, mas, acima de tudo, a nossa instituição vai perder”, avalia.