A extensão, entendida como compromisso social da universidade, tem sua história enraizada na América Latina. As inquietações estudantis, que levaram à Reforma de Córdoba, em 1918, pautaram mudanças estruturais nas instituições do continente, exigindo universidades mais democráticas e conectadas com a sociedade. A Associação de Universidades Grupo Montevidéu (AUGM) se constituiu, em 1991, como uma rede de instituições públicas, autônomas e autogovernadas de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, para pensar e enfrentar alguns destes desafios. Sob o tema “Democratização e Extensão Universitária”, a Unicamp sediará, entre 27 e 30 de junho, o VI Congresso de Extensão da AUGM, com co-organização da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec). As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas no site. A submissão de trabalhos e propostas de oficinas deverá ser feita a partir de 13 de abril.
“O Congresso da AUGM junta países da América do Sul que têm tradição em fazer extensão universitária. São pessoas com longa experiência na extensão universitária, e é extremamente positivo vermos como foi feito e como eles fazem”, afirma o pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Coelho. Ele destacou o impacto que essas trocas podem ter no processo de curricularização da extensão na Unicamp. “Nos outros países, não existe curricularização da extensão dessa forma, porque ela já está inserida há muito tempo nas atividades acadêmicas. Os alunos, durante a graduação, têm enorme interação com a comunidade. Historicamente, os grandes movimentos de extensão estão juntos com os grandes movimentos de estudantes. O primeiro registro histórico de atividades extensionistas aconteceu na América Latina”, salienta Coelho.
Para José Luiz da Costa, assessor da Proec e presidente da comissão organizadora local do Congresso, o evento será uma excelente oportunidade para compartilhamento de experiências em diversos formatos. “Queremos ouvir a experiência, os relatos de extensão que os alunos ou professores têm para nos contar. A extensão é isso, ela não tem um formato certo, longe disso. Você consegue ter várias vertentes em que você pode trabalhar”, afirma Costa. Para atender a essa diversidade, além de pôsteres, os trabalhos poderão ser propostos em formato de oficina e de performance.
A programação do Congresso, que acontece pela segunda vez na Unicamp, contará com cinco eixos temáticos: Institucionalização da Extensão Universitária; Produção Artística e Cultural; Desenvolvimento Sustentável, Estado e Sociedade; Formação de Cidadania, Direitos Humanos e Inclusão; Comunicação e Redes.
O Pró-reitor de Extensão da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Flavi Ferreira Lisboa Filho, responsável pela organização do último Congresso da AUGM, celebrou a volta do evento de forma presencial. “A convivência entre as pessoas é algo tão caro quanto a extensão. Podermos voltar a conviver presencialmente potencializa muito as trocas e os compartilhamentos, especialmente no âmbito da AUGM, que reúne países tão diferentes”, comentou. Segundo ele, a 5ª edição do congresso, que teve que ser realizada de modo completamente online, reuniu 1.318 pessoas e 434 trabalhos submetidos.