[São] Gabriel, Bruno e Dom – Repórteres da Unicamp na Amazônia

Edição de imagem

Foram dias intensos para cinco profissionais em campo. Três viagens para o Amazonas, para diferentes regiões, em diferentes períodos, por diferentes motivos. Um intervalo de tempo com uma pandemia no meio e um governo que levou às últimas consequências o desrespeito com os direitos humanos. Nesse recorte, que se estende de dezembro de 2018 a janeiro de 2023, houve alegria e tristeza. A população indígena conquistou o direito de ingressar em uma das principais universidades brasileiras. Mas também sofreu, como o restante do Brasil, perguntando-se sobre o paradeiro de Bruno e Dom. É a experiência relacionada a esses dois momentos que a série de vídeos “[São] Gabriel, Bruno e Dom – Repórteres da Unicamp na Amazônia” pretende contar. 

A série foi gravada no estúdio de TV da Secretaria Executiva de Comunicação (SEC), a TV Unicamp, e está dividida em três episódios. No primeiro, o fotógrafo Felipe Bezerra comenta o trabalho que realizou junto da jornalista Juliana Sangion, em São Gabriel da Cachoeira, na cobertura do Vestibular Indígena 2023. O segundo episódio traz os depoimentos da repórter Liana Coll e do fotógrafo Antonio Scarpinetti sobre o trabalho “Oeste sem Lei – Unicamp no Vale do Javari”, realizado em junho de 2022. No terceiro e último episódio, Scarpinetti e Juliana Sangion relembram a aplicação das provas do primeiro Vestibular Indígena, em 2018. O cinegrafista João Ricardo - Boi também integrou a equipe e gravou as imagens do documentário Purãga Pesika, um encontro de boas-vindas, veiculado pela TV Unicamp.

No Jornal da Unicamp as reportagens sobre o processo seletivo foram denominadas “Vestibular Indígena – Diário de São Gabriel” e “De Volta a São Gabriel – Diário do Vestibular Indígena”. Já a série “Oeste sem Lei" foi publicada no Portal Unicamp.

[São] Gabriel – Episódio 1

No primeiro episódio da série de TV, o fotógrafo Felipe Bezerra conta mais detalhes da viagem a São Gabriel da Cachoeira.

“Em 16 de janeiro de 2023, fui enviado pela Unicamp para São Gabriel da Cachoeira. O meu objetivo profissional era registrar a aplicação das provas do Vestibular Indígena. As palavras e fotos que aqui compartilho são, e são somente, alucinações controladas que tive e tenho, como são todas as palavras e imagens de cada dia, de cada um de nós.”

Acostumado a manter um diário, no qual escreve a mão, o fotógrafo Felipe Bezerra, 36 anos, nunca havia publicado um texto de sua autoria. O primeiro foi “Cartografia sentimental de um Brasil que nasceu antes”, ensaio no qual descreve seu encontro afetivo com os povos indígenas e com a população de São Gabriel da Cachoeira, município do Estado do Amazonas. A publicação encerra a série de reportagens “De volta a São Gabriel da Cachoeira – Diário do Vestibular Indígena”, do Jornal da Unicamp.

Felipe foi até a cidade, considerada a mais indígena da Amazônia, para cobrir a aplicação das provas em janeiro deste ano, acompanhado da jornalista Juliana Sangion, da Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest).

Economista de primeira formação, Felipe migrou para a fotografia e concluiu o bacharelado na área em 2017. Hoje, além de fotógrafo da SEC, ele faz mestrado no Instituto de Artes, estudando a macrofotografia. 

Para realizar o trabalho em São Gabriel da Cachoeira, Felipe usou referências do gênero fotografia de rua, o que significou sair a campo em busca de cenas e personagens, além de retratar a paisagem urbana. Também bebeu da fonte da fotografia abstrata, outra de suas paixões. Sua cartografia exibe uma série de imagens em preto e branco, pequenos vídeos e um texto no qual a palavra se revela como um corpo que emerge das águas do rio. 

Leia a reportagem

Cartografia sentimental de um Brasil que nasceu antes 

Bruno e Dom – Episódio 2

Em junho de 2022, a repórter Liana Coll e o fotógrafo Antonio Scarpinetti enfrentaram dias de angústia na cidade de Atalaia do Norte (AM), na região da terra indígena do Vale do Javari. A equipe de reportagem da Unicamp acompanhou a busca pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista Dom Phillips, desaparecidos depois de denunciarem ataques às comunidades tradicionais da região.

No segundo episódio da série “[São] Gabriel, Bruno e Dom – Repórteres da Unicamp na Amazônia”, Liana e Scarpinetti dialogam sobre a experiência que tiveram.

A Terra Indígena Vale do Javari é o território com a maior concentração de indígenas isolados do mundo, uma região que convive com o narcotráfico e com grupos ilegais de madeireiros, garimpeiros, caçadores, entre outros. 

A série “Oeste sem lei” apresentou um panorama sobre o cenário de ameaças constantes aos direitos sociais e coletivos, algo tornado evidente pelas circunstâncias envolvendo o desaparecimento de Dom e Bruno.

“Violação de direitos humanos, exploração ilegal das terras indígenas e constantes ameaças à vida. Esse é o contexto do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas. Bruno e Dom foram à região denunciar os ataques ao bioma, aos povos indígenas e às comunidades tradicionais.”

A gaúcha Liana Coll é jornalista da Unicamp desde 2019. Atua em muitas pautas relacionadas à área de humanas e é doutoranda em Ciência Política no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Autora do livro Elite Econômica e Política: a filantropia empresarial como forma de constituir um governo dentro do governo, Liana produziu doze reportagens para a série “Oeste sem Lei”.

De cada um de nós depende

que não tenha sido em vão.

Com sua morte, já fazem

parte da vida que um dia

vai florescer neste chão.

Sobrevivos. Mas não completamente.

Um pouco também morremos com eles.

“Esse é um trecho de um poema de Thiago de Mello, com o qual me despedi dos parceiros daqueles dez dias na região do Vale do Javari, na Amazônia. São palavras de luto, mas que também trazem uma pulsão de vida e resistência. No início da noite de 15 de junho de 2022, que parou a cidade de Atalaia do Norte, era confirmado o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Enquanto colegas e indígenas vivenciavam a dor de sua perda, uma festa de policiais entrava madrugada adentro no pequeno município. É difícil compreender o que comemoravam, assim como é inaceitável a violência deliberada contra os povos originários do país.”

As imagens da reportagem, produzidas pelo veterano Scarpinetti, 65 anos, captam o clima de tensão na cidade de Atalaia do Norte. Em cores, indígenas, policiais, jornalistas e moradores da cidade trazem no rosto a preocupação a respeito dos dias vividos. Em outros momentos, surge tanto um cotidiano abalado pela movimentação extraordinária de gente como uma reserva de paz em comunidades mais distantes.

Para Scarpa, nosso colega de trabalho há duas décadas, um admirador do Brasil e seu folclore, a viagem ao Vale do Javari, nas circunstâncias em que ocorreu, o colocou frente a frente com a história. Um momento em que a história acontecia em tempo real.

[São] Gabriel – Episódio 3

No terceiro episódio da série, Antonio Scarpinetti e a jornalista Juliana Sangion rememoram a aplicação do primeiro Vestibular Indígena em São Gabriel da Cachoeira, em 2018. Na época, o formato de podcast foi o escolhido para contar as impressões da equipe. Foram produzidos oito episódios e um ensaio fotográfico.

Sangion é também uma veterana na Unicamp, onde trabalha desde 2003, na Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest). A experiência mudou para sempre o olhar da jornalista sobre a questão indígena. Hoje Juliana integra, inclusive, o Grupo de Trabalho Permanência Indígena, que estuda políticas culturais, esportivas e de divulgação para esse público na Unicamp.

Série [São] Gabriel, Bruno e Dom – Repórteres da Unicamp na Amazônia

Produção: Hebe Rios

Direção de TV: João Ricardo - Boi

Direção de fotografia: Marcos Botelho Jr., Kleber Casablanca, João Ricardo - Boi, Jorge Calhau

Apoio: Felipe Menani, Álvaro Godoi

Edição: Kleber Casablanca

Capas: Alex Calixto

Coordenação: Patrícia Lauretti

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004