Com o objetivo de diminuir as desigualdades de gênero nas Geociências, o projeto GeoMinas realizou seu primeiro evento no Instituto, acolhendo 29 alunas do 9° ano da Escola Municipal de Educação Fundamental (EMEF) João Alves dos Santos, que fica na Vila Lunardi, em Campinas. O evento aconteceu no dia 4 de maio e englobou atividades ligadas a Geologia Geral, Paleontologia e Geologia Planetária.
No caminho entre a escola e a Unicamp, a professora Júlia Uzun conversou sobre as expectativas das alunas quanto ao evento e teve suas primeiras impressões. “Ver o brilho nos olhos das meninas para a expectativa de uma atividade educativa é muito bom. Assim como é muito bom também ver que elas começam a pensar em possibilidades de planejamento de futuro”, disse. Júlia conta que, inicialmente, a Secretaria Municipal de Educação havia comunicado que a visita seria para cinco alunas. No entanto, após conversas com a direção da escola, ampliou-se para 35 vagas. A escola tem período integral e é separada por ciclos. Tem o ciclo 3 — de 6° e 7° anos — e o ciclo 4, de 8° e 9° anos. “Convidamos todas as meninas do ciclo 4 que quisessem ter essa experiência. Tivemos 36 inscrições, mas acabaram vindo 29 alunas, com idades entre 13 e 15 anos”, explica Uzun.
Havia três grandes expectativas por parte do grupo da EMEF. “As meninas vêm de uma realidade de periferia. A Vila Lunardi é uma região próxima do presídio. Então, em primeiro lugar, a expectativa é que elas percebam que a universidade é para elas também. Que é para todos nós! Em segundo lugar, que elas sejam informadas sobre um curso que é muito pouco conhecido, porque têm pouco acesso à divulgação do que as Geociências fazem. Em terceiro, que elas expandam um pouco mais a cabeça para outros tipos de profissão além daquelas que geralmente desejamos ter, como Medicina, Direito. Que elas abram o leque de possibilidades. Nós, como professoras, temos essas grandes expectativas e desejos para elas”, disse.
O GeoMinas é um projeto de extensão que incentiva o protagonismo feminino nas Geociências de forma que as participantes se sintam representadas e inspiradas a seguirem carreiras científicas. Atualmente, o projeto é formado pelas alunas de graduação Brenda Gaia Carvalho Feitosa, Polliana Oliveira e Vitória Ventura, com apoio das professoras Maria José Mesquita, Carolina Zabini, Carolina Moreto e do professor Álvaro Penteado Crósta. A organização do evento contou com a colaboração de 19 monitoras.
Como conta Vitória Ventura, uma das estudantes responsáveis pela organização do evento, “o projeto de extensão do GeoMinas foi um sucesso na sua primeira edição. Eu me emocionei muito ao ver as meninas dentro do IG se interessando pelas rochas, pelo espaço e pelos fósseis. Esse projeto foi pensado com muito carinho e cuidado para elas”. Ela explica que o projeto vem sendo pensado desde 2021, ainda durante a pandemia. “Particularmente, é para mim uma experiência muito especial contribuir para que essas meninas pensem em seu espaço dentro da ciência e da universidade. Sempre estudei em escola pública, e oportunidades como a do PIBIC – Ensino Médio, que me permitiu conhecer e frequentar a Unicamp ainda no ensino básico, me ajudaram a acreditar no meu potencial em me tornar uma cientista”, conta a futura geóloga.
Foi a iniciativa e a coordenação das estudantes que se empenharam em organizar e trazer os estudantes da EMEF para o IG. Para a docente Maria José Mesquita, a ideia de trazer meninas do 9° ano é muito interessante, e é preciso fazer uma avaliação para tentar juntar a ideia com outras universidades. Para Carolina Moreto, o evento ocorreu no contexto de ações afirmativas para diminuir a discrepância de gênero nas Ciências Exatas e da Terra. “Foi uma ótima oportunidade para entender melhor os fatores que distanciam jovens meninas de escolas públicas da universidade e o que podemos fazer para reverter essa situação. O próximo passo é que nas próximas edições esse evento tenha um alcance muito maior e que inclua a Geografia”, afirmou.
Segundo a docente Carolina Zabini, além de conhecer várias áreas de atuação dentro das geociências, as participantes tiveram a oportunidade de vivenciar espaços de uso comum de estudantes de graduação, como salas de aula, auditório, saguão e o restaurante universitário da Unicamp. “Acredito que tenha sido uma experiência única para elas, assim como foi para nós recebê-las”, disse. Já para o docente Alvaro Crósta, os resultados obtidos pelo evento são extremamente positivos em todos os seus aspectos, seja do ponto de vista das estudantes, da participação das alunas de geologia na organização e da atuação das docentes do IG nas palestras e oficinas. “Tenho certeza de que as professoras que acompanharam o grupo tiveram uma ótima impressão. Para nossa equipe de docentes do IG foi um aprendizado também. O evento foi um sucesso”, finalizou.
Matéria originalmente publicada no site do Instituto de Geociências.