O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp inaugurou, nesta terça-feira (23), uma escultura criada pelo diretor artístico Anselmo Oliveira Jr., pintada pelo artista Bieto e doada ao hospital pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), com sede em São Paulo. A obra, denominada “Na batida do Coração”, retrata um coração de 1,70 metro de altura por 2,25 metros de comprimento e integrou a exposição itinerante Siga Seu Coração, realizada em vários Estados e na qual foram expostos dez corações pintados por artistas renomados.
O descerramento oficial contou a com uma homenagem ao professor mais antigo da cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Otávio Rizzi Coelho, recém-aposentado após 50 anos dedicados à cardiologia no HC e ao ensino e à pesquisa na FCM. (leia texto abaixo)
“É com imensa satisfação que entregamos esta escultura a um hospital de referência em alta complexidade para toda a região de Campinas, inclusive em cardiologia, o tema da nossa campanha Siga Seu Coração”, celebra Denise Blasques, diretora institucional do LAL. O HC da Unicamp é o único hospital no interior do Estado que recebeu uma das esculturas. As outras obras de arte foram doadas para hospitais da capital estadual, de Santo André, de São Caetano, de Porto Velho (Rondônia) e de JiParaná (Rondônia).
A campanha Siga Seu Coração surgiu em setembro de 2014 (setembro é o mês do Dia Mundial do Coração) e desde então promove a mudança de hábitos para prevenir doenças cardiovasculares. Inspirada nessa missão, a exposição Siga Seu Coração nasceu em 2019 com a proposta de trazer, por meio da arte, a seguinte reflexão: como estamos cuidando do nosso coração? O projeto tem o incentivo da Lei Rouanet.
“Diante de números alarmantes em todo o mundo referentes à quantidade de vítimas de doenças cardiovasculares, o objetivo da exposição foi alertar a população sobre as doenças do coração, as formas de prevenção, a importância da detecção precoce e da adesão ao tratamento. Alertar sobre os riscos de infarto, AVC [acidente vascular cerebral] e insuficiência cardíaca”, esclarece Blasques.
O artista Bieto
Influenciado pelo movimento hip hop, Bieto, por meio de suas pesquisas, passou dos desenhos figurativos representando seu cotidiano às obras atuais, em que se destacam os chamados organismos, formas volumosas e coloridas, abstrações que revelam a plasticidade pulsante da vida.
Bieto construiu sua carreira de artista plástico como um subterfúgio para encontros reveladores e descobertas filosóficas. A curiosidade sobre o pensar o levaram a questões profundas, essenciais e, em última instância, de volta à vida. Suas obras, nesse sentido, são elementos dessa construção. Elas o mantêm atento à força da vida, aos movimentos da natureza em sua eterna diferenciação.
O abstrato de seus trabalhos apresenta o resultado da observação das causas e consequências dos elementos físicos e químicos em luzes, tintas, telas, paredes, espelhos e ímãs. A plasticidade, resultado da força integrativa dos corpos, emerge em cada linha, curva, como deformações do espaço-tempo, em uma obra em construção, trazida pelo artista à realidade. Sobre a obra “Na batida do Coração”, ele resume: “Busquei explorar uma das funções vitais do corpo, o transporte do oxigênio, o alimento celular, para pensar nas infinitas possibilidades de condução da vida”.
Homenagem a Otávio Rizzi
Durante a cerimônia da entrega da escultura “Na batida do Coração”, foi realizada uma homenagem ao médico cardiologista Otávio Rizzi Coelho. Formado na quinta turma do curso de Medicina da Unicamp, Otávio Rizzi era o professor mais antigo da cardiologia. Ele foi homenageado por conta de sua recente aposentadoria.
“Eu participei de todas as mudanças do hospital. Se dependesse de mim, eu não me aposentaria. Tenho o imenso prazer de participar da área da saúde da Unicamp. A disciplina de cardiologia é uma das melhores do Brasil. Seguramente, deixou uma cardiologia muito melhor do que a que recebi, mas eu não fiz isso sozinho. Temos que nos manter no topo, onde sempre estivemos”, disse Otávio.
A superintendente do HC da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, entregou a Otávio uma placa em nome de todo o hospital e lembrou de um momento marcante vivido junto ao professor e médico. Rizzi Coelho
“Quando comecei aqui na superintendência, pós-pandemia, a pessoa que mais me ajudou e que mais acreditou em mim foi o Otávio, que chegava sempre às 7h. E ele dizia que em época de crise temos que ser os primeiros a chegar e os últimos a sair”, relembrou Elaine.
A leitura do texto escrito na placa de homenagem coube a Otávio Rizzi Coelho Filho, também cardiologista do HC. Em linhas gerais, a mensagem dizia que a contribuição de Otávio havia sido essencial desde os primórdios do hospital e que se perpetuou até a entidade atingir o patamar de excelência atual.
“Parabéns pela sua trajetória brilhante e pelo seu exemplo para a cardiologia”, disse Otávio Filho.
Otávio também foi homenageado por vários amigos e profissionais do HC que conviveram com ele por mais de 35 anos dentro do hospital e fora dele, como alunos da FCM.e colegas de trabalho prestigiaram a homenagem
“Duas características que me chamam a atenção no Otávio: uma é que ele nunca desanima e a outra é o jeito de tratar as pessoas, principalmente os pacientes. E isso ele passou para os médicos que formou”, disse a médica pediatra Teresinha Tresoldi.
“A nossa formação era inspirada no Otávio. O Tavuca [nome carinhoso pelo qual o médico é conhecido] tem o coração muito maior do que esse que estamos vendo aqui. Ele é o cara que sempre melhora o nosso astral”, disse Ivan Toro, pró-reitor de Graduação da Unicamp.
“Otávio é o paradigma de como deve ser um médico. Tive o privilégio de ter o Otávio na administração da Unicamp, e ele participou de todas as mudanças que ocorreram na área da saúde”, reforçou Fernando Ferreira Costa, ex-reitor da Universidade.
“Todos nós que somos formados por essa faculdade devemos muito do aprendizado em cardiologia e humanidade com os pacientes à sua dedicação e aos seus ensinamentos”, disse Plínio Trabasso, assessor da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).aconteceu no saguão da superintendência do HC onde a obra está exposta
Dentre os outros convidados que dirigiram suas palavras ao homenageado, estavam Manoel Barros Bertolo, Agrício Crespo, Lair Zambon, Lilian Costallat, Cristina Lalli, Luiz Claudio Martins, Andrei Sposito, José Roberto Matos.
Ouça aqui o áudio completo da cerimônia e da homenagem.
