O chefe de Gabinete da Reitoria da Unicamp, Paulo Cesar Montagner, encaminhou ao Banco do Brasil um pedido de esclarecimento sobre o episódio que resultou no atraso no pagamento dos salários dos servidores — ocorrido no período entre 6 e 9 de junho.
No ofício enviado à instituição, a Unicamp quer saber se há risco desse tipo de problema voltar a acontecer e quais providências o Banco do Brasil adotará para ressarcir os servidores prejudicados. O documento pede explicações, ainda, sobre as chamadas “intercorrências”, alegadas pelo banco para justificar o problema ocorrido, e indaga se houve abertura de procedimento interno para apuração de responsabilidades.
O ofício da Reitoria foi encaminhado à gerência geral do Banco do Brasil da Universidade. De acordo com Montagner, o problema será reportado também ao governo do estado de São Paulo.
O pagamento dos salários dos servidores ocorre tradicionalmente, na Unicamp, no quarto dia útil de cada mês, mas, em consequência de problemas internos do Banco do Brasil, isso não ocorreu no mês de junho.
O depósito começou a entrar na conta dos servidores correntistas a partir da meia noite do dia 6 de junho. Para os servidores com contas com portabilidade, no entanto, o problema foi ainda maior. Os créditos só foram normalizados no dia 9 de junho.
“Precisamos deixar claro para a nossa comunidade que a Unicamp efetuou a transferência dos recursos para pagamento da folha ao banco com a devida antecedência, como sempre faz”, explicou Montagner. “Estou aqui há 35 anos e jamais isso ocorreu. Por isso, precisamos saber as circunstâncias do incidente e garantir que ele não volte a acontecer”, acrescentou o chefe de Gabinete.
Segundo ele, a Unicamp precisa do detalhamento desses procedimentos e, por isso, solicita que os questionamentos sejam respondidos “com a maior brevidade possível”.
Montagner lembra que, por conta do episódio, o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) chegou a propor uma ação civil pública contra a Universidade e o banco com pedido de bloqueio de ativos financeiros até o pagamento dos vencimentos em atraso corrigidos e acrescidos de juros.
Fragilidade do sistema
Ainda no dia 7 de junho, Montagner enviou documento ao banco, em busca de explicações. “Consideramos inaceitável que, até este momento, muitos dos nossos professores e funcionários não tenham recebido seus créditos devidos em contas correntes com portabilidade, por conta da fragilidade do sistema do Banco do Brasil”, reclamou.
Segundo o chefe de Gabinete, “os danos produzidos pelo episódio ainda não são de todo conhecidos, mas sabemos de pessoas que já estão pagando juros por compromissos assumidos nas datas de concessão dos créditos salariais”, acrescentou Montagner.
Desculpas pelos transtornos
Por meio de uma nota distribuída a clientes no dia 7, o Banco do Brasil disse lamentar o ocorrido; pediu desculpas por transtornos e descartou ataque hacker. “É importante salientar que não foram identificados problemas no processamento em dias posteriores, tampouco qualquer tipo de evento relacionado à cibersegurança”, informou o banco na nota.
“Nossos sistemas processam milhões de transações diárias, e as intercorrências identificadas no dia 6 atingiram cerca de 4% dos arquivos encaminhados para processamento, sendo parte desses processamentos regularizados desde o início dos trabalhos técnicos, e os últimos lançamentos foram regularizados na manhã do dia 9 de junho, não havendo mais qualquer pendência de processamento”, completou.