Docente da Unicamp integra delegação que articula a adesão do Brasil ao CERN

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A ministra Luciana Santos conheceu as instalações e os experimentos que contam com a colaboração da Unicamp, como o ProtoDUNE, protótipo do detector de neutrinos DUNE em construção, nos Estados Unidos

Nos dias 8 e 9 de junho, o professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp, Ettore Segreto, participou da visita feita por uma delegação brasileira de pesquisadores à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, no acrônimo em francês), com sede na Suíça. O encontro contou com a presença da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e parlamentares. A reunião teve por objetivo articular a adesão do Brasil, na qualidade de país associado, ao CERN, processo que deve render importantes ganhos científicos. A ministra conheceu as instalações e os experimentos que contam com a colaboração da Unicamp, como o ProtoDUNE, protótipo do detector de neutrinos DUNE em construção, nos Estados Unidos, pelo Fermilab, centro de pesquisa ligado ao Departamento de Energia norte-americano.

“Isso é muito importante para o Brasil”, disse Segreto sobre a adesão do Brasil ao CERN. “Muitos pesquisadores brasileiros participam de experimentos realizados por lá. Além disso, abrem-se possibilidades para que empresas se associem no desenvolvimento de tecnologias. É algo bom para toda a comunidade científica”, comentou Segreto. Para aderir ao CERN, o Brasil deverá investir US$ 12 milhões por ano, algo que exige aprovação prévia pelo Congresso Nacional.

Em nota emitida pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, a ministra ressaltou que as inovações produzidas pelo CERN possibilitam avanços nas áreas da saúde, da indústria e do meio ambiente. “Essa parceria será de grande importância para a comunidade científica brasileira, mas, principalmente, para a indústria nacional de base inovadora. É prioridade do governo do presidente [Luiz Inácio] Lula [da Silva] a reindustrialização em novas bases, com o objetivo de promover e apoiar o desenvolvimento tecnológico e a inovação nas empresas nacionais”, disse Santos.

Também participaram da visita representantes do Fermilab, entre eles Lia Merminga, diretora da instituição. Ela esteve na Unicamp em março deste ano em um workshop que celebrou a parceria entre a Universidade e o laboratório norte-americano, tendo conhecido então alguns dos experimentos desenvolvidos pela Unicamp, como a tecnologia de resfriamento e purificação de argônio líquido e a de detecção de neutrinos. Ambas serão utilizadas no DUNE, em construção no Estado de Dakota do Sul.

Encontro na Suiça contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação
Encontro no CERN, na Suiça, contou com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação 

Participação no DUNE

O projeto LBNF/Dune (Long-Baseline Neutrino Facility e Deep Underground Neutrino Facility, em inglês) é um programa para a pesquisa de neutrinos e partículas elementares que possibilitarão investigar novos fenômenos subatômicos e ampliar o conhecimento sobre os neutrinos e seu papel na formação do universo. Ele consiste na instalação de um grande detector de neutrinos em Leads (Dakota do Sul), a 1.400 metros de profundidade, para a identificação de neutrinos emitidos por um feixe gerado na sede do Fermilab, na cidade de Batava (Estado de Illinois), localizada a uma distância de 1.300 quilômetros do detector.

O detector de neutrinos em Dakota do Sul cobrirá uma área subterrânea formada por três cavernas e equivalente a oito campos de futebol. Em duas delas serão instalados os equipamentos para a detecção das partículas. Uma terceira caverna, central, contará com os equipamentos responsáveis pela purificação, circulação e condensação do argônio, gás nobre utilizado na forma líquida para os experimentos. Quando estiver em pleno funcionamento, as instalações do DUNE utilizarão cerca de 70 mil toneladas de argônio líquido.

A participação da Unicamp no projeto concentra-se no desenvolvimento e produção em escala dos equipamentos utilizados para a purificação do argônio. A tecnologia usada nesse processo é desenvolvida nos laboratórios do IFGW, incluindo aí o aperfeiçoamento dos insumos utilizados para a filtragem do argônio líquido. A tecnologia utilizada até então pelo Fermilab conseguia capturar o oxigênio, que atrapalha a interação entre o argônio e os neutrinos, fundamental para a detecção das partículas. Com a tecnologia desenvolvida pela Unicamp, será possível capturar também o nitrogênio, aumentando o grau de pureza do gás liquefeito e ampliando a utilização de técnicas de identificação, como a cintilação.

Outra contribuição da Unicamp para o projeto é a presença no detector da X-Arapuca, dispositivo criado na Universidade e responsável pela identificação do neutrino por meio da captura da luz emitida a partir da interação do neutrino com o argônio dos tanques. A expectativa é que 1.500 desses dispositivos sejam instalados no DUNE. A tecnologia X-Arapuca foi desenvolvida a partir das pesquisas realizadas pelos professores Ettore Segreto e Ana Amélia Machado, do IFGW.

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004